Mundo Corporativo

Por que não quero ser Uber

Calma. Não estou falando em “ser Uber” no sentido de inscrever-me como motorista. Estou falando em fundar uma empresa que “se transforme num Uber”.
Sei que esse é o sonho de muita gente. Um sonho fácil de entender, porque muita gente cresceu com o sonho de ganhar na loteria, e provavelmente interpretem as duas coisas de forma muito parecidas: passar a ter uma montanha de dinheiro à disposição de uma hora para a outra.
Nem vou entrar no mérito de quanto as pessoas se iludem em relação às probabilidades disso acontecer (são bem parecidas entre a loteria e “virar um Uber”) e muito menos discutir o quanto isso não acontece de uma hora para a outra (no segundo caso).
O que quero pontuar aqui é que não me interessa chegar nesse destino. Muitos dirão: “Luciano, você é louco? Você não gostaria de ser bilionário???”. A resposta é “Não”.
Não faz sentido, pra mim, ser bilionário. Eu não teria como usufruir de tanto dinheiro durante o que me resta de vida (e não é por conta da minha meia-idade: isso vale também para quem ainda está entrando na adolescência). Não há como usufruir de bilhões sem ser por motivos tão gananciosos que cheguem a ser fúteis. Para mim, isso não interessa.
Nem mesmo a máscara de “bonzinho” que alguns bilionários tentam vestir me deslumbra. Porque acumular quantias exorbitantes de dinheiro para depois decidir, monocraticamente, como “reverter isso para a sociedade”, é coisa de quem convive com problemas internos tão gigantes quanto o próprio ego. E mais uma vez, para não fugir do tema, não vou entrar no mérito do quão hipócrita são essas “caridades”…
O custo de “virar um Uber”, face aos meus valores pessoais, é muito alto. Uma empresa assim inevitavelmente terá acionistas: investidores especuladores interessados nos dividendos que a empresa distribui e na exploração das variações das ações (tanto faz se para mais ou para menos). Afinal, o compromisso dos acionistas não é com a empresa, mas com o lucro especulativo das suas transações, que são vantajosas não só quando a ação sobe (realização de lucro), mas também quando ela desce (recompra conveniente).
E quando o lucro começa a pautar a empresa, ela se torna desumana. Ela perde o sentido que lhe deu vida. Espero não ter leitores maniqueístas que interpretem isso (erroneamente) como “O Luciano é contra o lucro”. É óbvio que, como alguém que está construindo uma empresa, eu busco lucro. O que não se pode confundir é “buscar o lucro” com “o lucro ser a razão de existir”. Por mais que a grande maioria dos empresários, investidores e especuladores negue, o lucro é o que pauta as ações dessa maioria. Procure no Google por “Ford Pinto case” e você verá do que estou falando…
É triste ver empresas que crescem a ponto de perderem sua essência. Empresas que até podem ter começado pensando em seus clientes, mas que quando atingem a prosperidade, passam a buscar crescimento de forma irracional. Correm atrás de números pelos números, como pessoas viciadas em jogos ou drogas, que querem ganhar ou consumir sempre mais, mais, mais, mais…
É nesse ponto que as ações começam a divergir das palavras da empresa. Empresas que declaram a famigerada tríade “missão, visão, valores” (sic) no papel, nos treinamentos e nos vídeos corporativos, que colocam em seus lemas coisas como “foco no cliente” (“Feito para você”, anyone?), mas entre lucro e cliente, não titubeiam em ficar com o primeiro.
Mais triste ainda é ver que o topo da pirâmide a contamina completamente, a ponto das pessoas da base repetirem o discurso e operacionalizarem as técnicas da empresa de forma tão mecânica quanto robôs. A razão desse comportamento tem origem similar: por mais que os funcionários de grandes corporações declarem nas redes sociais que adoram seus trabalhos, eles só estão lá pelo salário e pelo bônus. A prova disso é o culto à sexta-feira e o desespero para que chegue um feriado.
Eu espero que minha empresa cresça. Eu espero que dê lucro. Bastante. Eu só desejo, de coração, que esse lucro proporcione uma vida confortável e saudável a mim e àqueles que estiverem comigo no barco, mas que ele não seja, jamais, a razão de existirmos.
Quero ser grande. Não quero ser Uber.

Não se iluda com a Inovação

Antes de começar meu raciocínio, gostaria de contextualizar o autor desse post.
Sou engenheiro convicto. Daquele que já sabia que seria engenheiro desde os 10 anos, ou até antes. Sempre quis entender como as coisas funcionavam, dos objetos da casa às invenções impossíveis dos desenhos animados (e sim, eu me desesperava em pensar quem iria arrumar a bagunca que o Jerry Lewis fazia em seus filmes…)
A Física, a Matemática e a Engenharia me entusiasmavam porque conseguiam modelar o mundo real através de suas fórmulas (eu odiava o “despreze os atritos” dos enunciados – aquilo não era real!).
Conviver com todas essas fórmulas me fez entender que os fenômenos da natureza são analógicos e seguem curvas contínuas. Nenhuma mudança é instantânea. Se parecer, é porque a amostragem foi lenta demais.
Para mim, uma das coisas mais excitantes e “mind blowing” foi descobrir as séries e entender a decomposição de sinais em suas harmônicas. É revolucionário descobrir que um pulso não existe como o imaginamos. Nada vai de 0 a 5 Volts imediatamente. A tensão passa por todos os valores (ainda que passe muito rapidamente pelos valores entre 0,01V e 4,99V) e mais: a tensão não consegue parar imediatamente em 5 Volts. Ou colocamos um capacitor para “suavizar” essa chegada aos 5 Volts, ou teremos um pico maior do que 5 Volts, depois voltaremos para um pouco menos do que 5, depois um pouquinho mais, até estabilizar em 5V…

figure01
Um pulso em sua intimidade…

Toda essa teoria pode soar chata para muitos, mas é muito mais reveladora do que parece. Isso vale para a natureza, não só para circuitos eletrônicos!

E o que isso tem a ver com Inovação?

Na realidade, o comportamento da tensão em um pulso tem grande analogia com a curva de adoção de inovações tecnológicas!
Dê uma olhada no gráfico abaixo, que representa o “Gartner Hype Cycle“. Você não vê uma semelhança?
Essa curva é genérica (assim como a curva acima) e suas intensidades e valores absolutos podem variar de acordo com a tecnologia ou produto sendo introduzidos no mercado, com fatores econômicos externos ou com inúmeras outras variáveis.
É muito comum, porém que o padrão da curva seja observado.

Gartner-Hype-Cycle-v2
Gartner Hype Cycle

OK, e eu com isso?

Quem está buscando introduzir alguma inovação no mercado deve entender essa curva, porque ao planejar algo inovador, é necessário fazer previsões sobre a adoção de seu produto ou serviço. Quanto melhores suas previsões, maior será seu sucesso (se as coisas saírem melhores do que você previu, não será mérito seu: terá sido sorte!).
O problema é que muita gente se excita com a evolução da primeira parte da curva. Há quem acredite que esse crescimento será para sempre, ou que a curva se estabilizará num valor próximo ao seu pico. E é aí que muitos quebram a cara! Lembro, nos meados dos anos 90, de projeções para o crescimento da Internet. O pessoal simplesmente projetava uma parábola com base no começo da curva. De acordo com alguns “especialistas”, há uns 10 anos já deveríamos ter um número praticamente infinito de pessoas conectadas à Internet…
O bom empreendedor tem que ter um faro aguçado para antecipar ao máximo o que vai acontecer. Ele tem que ser capaz de “enxergar além do que os outros enxergam”. Claro que ele também terá que reagir às mudanças que ocorrerão, mas isso é simplesmente uma questão de fazer de novo algo que ele já aprendeu a fazer bem: analisar as variáveis e projetar bem as curvas – ainda que tenha que fazer isso recorrentemente!

E como uso essas curvas?

As curvas mostradas nesse post são conceituais, portanto não trazem valores absolutos. Só você será capaz de projetar a curva de adoção para seu negócio (ou talvez um concorrente direto seu, mas nesse caso, é bom que você seja melhor do que ele nisso…).
É importante ter consciência que existe um pico do “hype”. As vendas de iPhone estouram a cada lançamento, mas 3 ou 4 semanas depois, elas não mantém o mesmo ritmo. Já imaginou se os analistas da Apple não conhecessem este “fenômeno” e projetassem suas vendas com uma curva de crescimento simples? Imaginem quanto eles errariam nas projeções de investimento em produção, marketing, logística, etc, na hora que se deparassem com uma realidade assim?

iphone-sales-q1-2015_large
Vendas de iPhones por trimestre

Inovar é bom, mas como tudo na vida, o preparo é o melhor tempero para o sucesso. Estudar disciplinas como Física e Matemática é fundamental para ter sucesso no mundo da tecnologia. Porque para ter ideias inovadoras é necessário ter criatividade e motivação, mas para fazer as mudanças acontecerem, é preciso muito estudo, muito preparo, muita análise e, acima de tudo, muito trabalho. Como trabalhar cansa, utilize tudo aquilo que você aprendeu em seus estudos para que esse trabalho não seja em vão. Não se deixe iludir pelo brilho da curva inicial de adoção de seu produto. Lembre-se que você tem que colocar na conta os porcentuais de expectativas infladas, o porcentual de desilusão, o porcentual de persistência para buscar o esclarecimento (“enlightenment”) e o tempo para atingir o platô de produtividade. Prepare-se para cada um desses momentos. Reaja sempre da melhor forma, divulgando na hora de divulgar, ajustando as expectativas (inclusive as suas) quando necessário, comunicando muito bem para não perder clientes desiludidos, ajustando seu produto para não causar frustração.
E tenha sempre em mente que não é nada pessoal. Grandes empresas passam por esses ciclos. Os pessoal que hoje está no pedestal (Uber, Airbnb, Netflix, Nubank, Alibaba, etc) logo entrará na fase de ajustar expectativas infladas. Só para dar um exemplo: tem muita gente com a expectativa que o Uber vai continuar oferecendo serviços melhores, motoristas poliglotas, educados e cheirosos, brindes, mimos e um preço mais baixo para sempre. Quem calcula ROI com a amostra grátis inevitavelmente se frustrará ali adiante.
É claro que isso não significa que o Uber está fadado a “morrer”, como jornalistas adoram escrever. Só significa o que qualquer profissional preparado para o mercado tem que saber: que o platô de produtividade do Uber não é no pico de expectativa inflada, mas no fim da ladeira do esclarecimento. E a história se repetirá para você.
Minha conclusão? Estude muito bem suas curvas e boa viagem! 😉

"Hey, entrepreneurs, leave them kids alone"

É sempre bom conversar com a Wanessa Rengel. O assunto de hoje foram os “empreendedores-prodígio”.
Prodígios existem. Um deles é o Pedro Carrijo, com sua história tão impressionante quanto emocionante. Admiro a família do Pedro. Isaura e Edilson Carrijo (os pais) apoiam os filhos com um amor contagiante (Pedro programa e Natália canta).
Conheci Pedro no The Developer’s Conference e ele palestrou num evento do GBG na Intel com 14 anos.
Conversando com o Edison, tive uma “lição de ser pai”. Pedro é muito assediado, e todos o orientam a “empreender”. O pai, com tanta sabedoria quanto simplicidade, me explicou que orienta o filho de uma forma diferente. “Ele primeiro precisa aprender o que é trabalhar. Como ele vai ter funcionários e respeitá-los se nunca tiver trabalhado como funcionário?” (Pedro trabalha para uma empresa de Americana, como jovem aprendiz, mas os estudos têm prioridade máxima).
Essa enorme inteligência e lucidez é capaz de controlar a ansiedade e a ganância, proporcionando ao Pedro as oportunidades para trilhar o caminho certo: o do crescimento passo a passo, sem “queimar etapas”.
Por outro lado, é comum ver filhos de empresários endinheirados autorrotulando-se como “empresários-prodígio”. Citamos um caso bem popular, que precisou inclusive ser explicado depois, uma vez que a história “marqueteada” não era muito condizente com a verdade.
Com dinheiro, qualquer criança vira “empresário-prodígio”. É só o pai bancar uma estrutura por trás e o fato de ser uma criança vende a notícia. Porém… qual o custo disso?
Uma coisa que a Wanessa trouxe foi: se essa criança atingir o auge muito rápido, o que virá depois? Como ela continuará crescendo? O que a motivará? As portas para a ganância, mas pior ainda, para as drogas e até para o suicídio podem estar sendo escancaradas para esse adulto que vai levar consigo o buraco que lhe fizeram na infância ou na adolescência, muito provavelmente movido simplesmente pelo ego e pela vaidade dos pais.
O ser humano precisa viver suas etapas. O adolescente tem o corpo cheio de hormônios, que estão definindo muita coisa em sua vida. Afogar esses hormônios com o cortisol que um “empreendedor-prodígio” produz pelo stress de “ter que ter sucesso num mundo competitivo” pode deixar sequelas graves e permanentes.
Por que essa neura de “bater recordes” e de querer adiantar tanto as coisas? Tire um feto da barriga da mãe aos 3 meses e ele morre. Não façamos isso com nossas crianças!
Deixem nossas crianças em paz. Deixem nossos adolescentes em paz. Não sou contra educá-los para se tornarem empreendedores (muito pelo contrário), mas não coloquem essa carga neles antes da primeira menstruação (no caso de meninas, óbvio). Deixem-os serem humanos, não os tranformem em robôs. Ou pior… em marionetes!

Parem com o "GO, GO, GO"!

O ritmo de nossas vidas nunca foi tão insano. Queremos resultados imediatos, e quando os conseguimos, queremos mais resultados e ainda mais rápidos. Cada lemming que consegue chegar mais rápido ao abismo faz com que o próximo da fila acelere ainda mais seu passo…

Junte-se a isso o fato de vivermos em estruturas hierarquizadas, com uma linha de comando e controle digna dos séculos passados. Quem está em cima manda, quem está embaixo “que crie juízo”.

Ao contrário do que propôs Newton, porém, nessas estruturas os benefícios “caem para cima”. E os beneficiados querem sempre mais e mais, e sempre mais rápido. Surge então a teoria da motivação: é necessário um mecanismo que mantena a fila de lemmings andando cada vez mais rápido.

Chicotes fizeram seu papel por algum tempo, com uma eficiência razoável, porém a humanidade começou a achar um pouco demais. Os chicotes foram trocados por espelhos e depois por cenouras, elegantemente batizadas com um termo importado: “bônus”.

Os treinamentos e eventos rotulados como “motivacionais”, se olhados a 10.000 pés de altura, beiram o ridículo. Nenhum funcionário quer participar, mas “pega mal” faltar. O diretor vai abrir o evento (e voltar para sua luxuosa rotina depois de falar 10 minutos, porque ele é importante demais para passar o dia todo com pessoas “normais”). O chefe vai fazer chamada — não de forma idêntica à que era feita na escola, mas uma “chamada psicológica”. É melhor não comprometer o plano de carreira. É melhor ir.

O consultor que coordena o adestramento não tem ideia do que é o dia a dia de quem está lá, porque o “briefing” foi feito no ar-condicionado do gerente, que mostrou o lado reluzente da equipe (aquele que normalmente não existe fora dos relatórios) e passou a lição de casa para o consultor, ou seja: o plano infalível para atingir os números que dão direito à sua grande cenoura, sejam esses números reais, relevantes, factíveis ou não. Eles precisam constar do relatório final. Bingo!

Aí entram os “gritos de guerra” motivacionais. Um dos mais conhecidos é o “Go, go, go”. Ele é tão tribal e tão intimidador que alguns funcionários acabam repetindo-o, provavelmente movidos pelas regiões primatas do cérebro.

O problema do “Go, go, go” é que ele está no imperativo. Não se motiva no imperativo. Se alguém está motivado para fazer alguma coisa, ele não precisa receber uma ordem para fazê-lo. Muito pelo contrário, um funcionário muito motivado tem que ter o apoio do chefe para PARAR de fazer o que está motivadamente fazendo: “Fulano, você está trabalhando demais. Seu trabalho é excelente e é inspirador ver você tão motivado, mas você também precisa cuidar se sua saúde física e mental. Pare por hoje e divirta-se um pouco. E parabéns pelo que você já fez! Estou impressionado com seu desempenho!”. Se você nunca ouviu nada parecido de um chefe, me desculpe, mas você nunca teve um bom chefe.

Outro problema do “Go, go, go” é que ele é um tanto covarde. Quem ordena “Go, go, go” manda O OUTRO para o front. Ele mesmo, não vai. “Go, but YOU go!”. Além da motivação de verdade não precisar de ordens, o líder de verdade sempre “vai” junto com o time. E o time QUER ir, ninguém precisa mandar. O mais aceitável seria um “Let’s go!” (o que indica que o líder também vai), ou melhor ainda, um “Let’s keep going!”. O líder já está envolvido, e quer continuar envolvido. Todo mundo quer ir, não é o chefe que manda que OS OUTROS vão.

Da próxima vez que lhe vier à mente dizer “Go, go, go”, pare e pense. Você pode estar sendo um lemming que está se auto-empurrando para o abismo, ou você pode estar sendo um chefe explorador e injusto, que manda seus funcionários para o abismo, mas que não quer saber de se expor e nem de suar a camisa. Aquela camisa, aliás, que você mesmo disse no começo do treinamento que todo mundo tem que vestir…

E se o Google produzisse café?!

Google é uma empresa incrível. Aos poucos, ela se aproxima da Apple em termos de Market Capital e acredito que em breve, a fantástica fábrica de anúncios assuma o posto de maior empresa de tecnologia do mundo.
O que faz o Google ser tão diferente? Talvez uma única palavra: informação.
Google é uma empresa totalmente data-driven, uma das poucas do mundo que pode ser definida ao ler sua missão: “organizar as informações do mundo e torná-las acessíveis”*.
Isso significa que as decisões no Google são tomadas com base em dados. E a empresa é obsessiva em coletar e analisar dados. E por mais que existam as infindáveis discussões em torno do tema privacidade, isso pode ser melhor para você do que você imagina (continue lendo e entenderá).

De onde vem essa obsessão?

Com certeza, de seus fundadores. O Google é um tremendo exemplo de como deve nascer uma startup. Larry Page e Sergey Brin começaram seu negócio acreditando serem capazes de criar algo formidável, e o primeiro passo para isso foi… ESTUDAR!
Sergey tem 2 faculdades, um MBA, fez mestrado em Stanford e conheceu Larry no doutorado, também em Stanford. Ao contrário do que rezam alguns “startupeiros de ocasião” – com muito comodismo e auto-indulgência – estudar é algo fundamental para ter sucesso. Não acredite na falácia que Jobs e Gates abandonaram a faculdade (até porque antes disso, eles estudaram muito mais do que muita gente com diploma e MBA). Quem acredita que só talento, motivação e vontade são suficientes para o sucesso pode voltar para seus livros de auto-ajuda, porque sucesso de verdade demanda muito estudo, muita dedicação e muito SUOR. Esse, aliás, é outro ponto importante. Larry e Sergey arregaçaram as mangas e começaram a trabalhar, ELES MESMOS! Nada de “eu tenho uma ideia”, nada de “vamos procurar um investidor”, nada de “a gente contrata um dev”. Fundador que é fundador vai lá e faz!

E o que isso tem a ver com café?

Absolutamente nada. Foi um devaneio meu enquanto moía café. Sim, eu compro café em grãos e moo. É divertido controlar o tempo de moagem e ver o resultado. Se moer pouco, o pó fica grosso e o café sai muito rápido. Fica bem mais fraco e não forma aquela espuminha charmosa do espresso. Se moer demais, o pó fica fino e dá dó de ver a máquina “fazer força” para gotejar o café, que também perde a espuma e fica com um gosto meio “queimado”. O tempo ideal costuma ser entre 30 e 40 segundos (no meu moedorzinho velho) e varia com a marca do café. Para cada marca, tenho que fazer uns “testes” para ver se aumento ou diminuo um pouco o tempo. Como disse, é divertido.
Voltando ao link com o Google, enquanto fazia isso (esperei 37 segundos), fiquei pensando como as empresas tomam esse tipo de decisão. Quanto tempo elas moem seus cafés?
Foi quando me perguntei: como seria se o Google produzisse café?

Produzindo café

Imagino que uma empresa normal controle algumas variáveis do processo de produção de café: tempo de secagem, torra, moagem, etc. Provavelmente, estas empresas fazem uma dezena de testes com parâmetros diferentes para cada processo e optam pelo melhor resultado.

E o Google?

Talvez Sergey e Larry não se satisfaçam com somente 10 variações em meia dúzia de parâmetros. No processo de pesquisa do “Google Coffee”, tudo seria monitorado – da germinação da semente ao escorrer do café para a xícara. Seriam instalados sensores na plantação, nas máquinas de colheita, nas máquinas de secagem e moagem…
O Google também utilizaria técnicas empíricas para começar a pesquisa e desenvolvimento do “Google Coffee”, mas somente para gerar os dados iniciais para alimentar os algoritmos que analisariam as variações de cada uma das milhares variáveis analisadas. Esses algoritmos gerariam os melhores parâmetros, que seriam re-introduzidos no ambiente físico de pesquisa, dando origem a diversas iterações de evolução do produto.

Então o Google Coffee seria facilmente copiável?

Uma vez definidos esses parâmetros, bastaria o acesso a eles por um concorrente e o produto perderia seu diferencial, certo?
Erradíssimo!!!
Outro valor fortíssimo no Google é a diversidade. A empresa respeita DEMAIS as diferenças entre os indivíduos, tanto que pessoas que não tenham essa característica dificilmente se mantém por muito tempo na empresa. Juntando essas obsessões (dados + diferenças), a próxima etapa seria a de CUSTOMIZAÇÃO do Google Coffee a você.
Sim, com todo co controle da produção, e conhecendo o seu gosto com a mesma precisão aplicada às técnicas de produção, o Google seria capaz de produzir um café exclusivo para você. Um café que você (e somente você) consideraria O MELHOR DO MUNDO. E bastaria você dizer: “OK, Google! Está acabando o café!” e este café “com a sua cara” seria entregue em sua casa. Pode ser até que você nem precise avisar o Google…
E você nunca imaginou que um “cookie” poderia te proporcionar o melhor café do mundo, imaginou? 🙂 🙂

* Durante uma palestra há algum tempo, com o intuito de mostrar que as declarações de missão das empresas são meros clichês corporativos, apresentei a “missão” de uma grande corporação como sendo a missão de um prostíbulo. Todos os participantes concordaram que o texto estava adequado ao negócio.

Porque é inteligente contratar mais mulheres

Nos últimos meses, tenho acompanhado algumas ações de inclusão de mulheres no mundo da tecnologia.
Nesse contexto, conheci pessoas fantásticas, com muita disposição para tornar nossa sociedade um lugar melhor para se viver.

GBGWomenSP
Encontro do GBG Women em São Paulo.

 
Analisando o tema, cheguei à conclusão que a decisão mais inteligente para uma empresa de tecnologia é contratar mais mulheres.
Antes de começar o raciocínio, porém, quero colocar algumas premissas que considerei:

  1. No mercado de tecnologia, a habilidade para criar e produzir não tem relação com gênero. Homens e mulheres são igualmente capazes para atuar neste setor.
  2. O número de mulheres na área de ciências, tecnologia, engenharia e matemática (STEM) é 3 vezes menor do que o número de homens.
    (fonte:  http://www.esa.doc.gov/sites/default/files/womeninstemagaptoinnovation8311.pdf)
  3. A qualificação está distribuída de forma homogênea entre os profissionais do mercado.
  4. As empresas sempre contratam os profissionais mais qualificados.

Tenho consciência que as premissas 3 e 4 não são necessariamente verdadeiras, mas utilizei-as somente para facilitar o desenvolvimento do raciocínio. Ainda assim, espero que você também conclua que a análise continua válida.
 

Distribuição da qualificação dos profissionais

Em qualquer mercado, existem profissionais melhores e piores. Nessa análise, atribuí um número (de 1 a 10) para representar a qualificação de cada profissional. De acordo com nossas premissas 1 e 3, podemos representar um universo de 20 profissionais da seguinte forma:

Se uma empresa precisar contratar 10 profissionais desse universo, e considerando a premissa 4, a melhor seleção seria a seguinte:

 

  • A relação entre homens e mulheres está balanceada
    (50% de homens e 50% de mulheres).
  • A qualificação média da empresa é 8,0.
  • Os profissionais menos qualificados possuem um nivel “6”.







 

[Má] Distribuição de profissionais por gênero

Na realidade, poucas empresas de tecnologia possuem quadros tão balanceados quanto o anterior.
Veja o que acontece quando uma empresa contrata 70% de homens e 30% de mulheres neste mesmo universo:

 

  • A qualificação média da empresa caiu para 7,6.
  • O profissional menos qualificado possui um nivel “4”.









E se levarmos a relação para 90% de homens e 10% de mulheres, teremos:

 

  • A qualificação média da empresa caiu para 6,4.
  • O profissional menos qualificado possui um nivel “2”.









Infelizmente, a maior parte das empresas se encontra em uma situação entre as últimas duas tabelas.
Pelo simples fato de termos uma distribuição menos balanceada entre gêneros, nossas empresas são menos produtivas do que empresas balanceadas.

Conclusão: Contrate mais mulheres!

Se sua empresa é composta de mais homens do que mulheres, contrate mais mulheres! Balanceie sua empresa. As vantagens trazidas por essa decisão vão bem além dos pontos abordados neste post (ambientes equilibrados são mais agradáveis, possuem maior diversidade e, consequentemente, tornam-se mais inovadores).
É a decisão mais inteligente para a sua empresa. É a decisão mais consciente para sua sociedade! 🙂
 

Meu primeiro dia na Google

Dia 2/6/2014 foi meu primeiro dia na Google. A empresa tem fama de ter um ambiente extremamente descontraído e muitas regalias, mas na verdade… bem, na verdade é tudo verdade!!!
ImageMesmo já tendo trabalhado em grandes empresas de tecnologia, nunca tinha visto uma estrutura e um clima tão… tão… tão Google!!
Não estou falando só do café da manhã no estilo “hotel 5 estrelas” servido diariamente, nem do almoço do mesmo nível – e grátis – para quem trabalha aqui. A Google provê todos os recursos que o funcionário precisa, e logo no primeiro dia fica claro que ter você trabalhando de forma eficiente é a coisa mais importante. Tudo reflete um clima de produtividade à base de criatividade e motivação – da decoração do escritório até o estilo das pessoas. Já cruzei até com funcionário andando descalço pelo escritório. A frase que li durante o processo seletivo: “não importa o que você veste, importa o que você é”, não é só para fazer média: é o dia-a-dia na Google.
Ok, a empresa é linda, bate palminha, fala “mamãe”, mas quero também compartilhar com vocês o que vim fazer aqui.
O cargo é “Google Business Groups Lead“, mas imagino que isso não explique muita coisa…

O que é um Google Business Group (GBG)?

A definição mais cuImagerta é: “GBGs são Comunidades de profissionais de negócios que se reúnem para compartilhar conhecimento sobre o uso de tecnologias Google para  o sucesso do negócio“.
Em outras palavras, meu desafio é identificar profissionais interessados nestas discussões, e oferecer apoio para que eles realizem encontros, eventos, desconferências, discussões e outras iniciativas – online e offline – sobre o uso de tecnologia Google em suas empresas.
Minha empolgação não poderia ser maior: há tempos eu acredito num modelo de 3 pilares para as interações sociais nas empresas: Comunicação Externa, Redes de Colaboração Interna e Comunidades. Não é segredo que este último pilar é meu “xodó”, e espero conseguir mostrar que tudo isso não é só teoria. Para isso, precisarei contar com a ajuda das fantásticas pessoas que compõem as Comunidades, sempre dispostos a compartilhar conhecimento através da interação humana. Se você tem este espírito e se encaixa no perfil de um membro ou líder de GBG, entre em contato comigo!
Em breve devo voltar com informações mais precisas sobre o trabalho aqui, e espero que as novidades sejam tão excitantes quanto estes primeiros dias na empresa!

A Hipocrisia por trás da “Sustentabilidade”

[tweetmeme source=”lucianopalma” only_single=false]
As pessoas aparentemente acordaram para a necessidade de agir com responsabilidade em relação ao meio ambiente. E os departamentos de marketing já perceberam, há algum tempo, que o tema pode ser explorado comercialmente.
Infelizmente, o que tenho visto é muita exploração comercial do tema e pouca genuinidade nas ações. Muitas empresas estão criando máscaras de sustentabilidade para faturar de todos os lados: seja lucro para a imagem, seja lucro no bolso mesmo, às custas  advinhe de quem? Sim, em cima de você, consumidor!
Os casos clássicos são os das sacolinhas e o das faturas e extratos em papel.
Coincidência ou não, nos dois casos o principal beneficiado não é o planeta, como diz a propaganda enganosa – são as empresas que promovem suas campanhas de redução de custos pintando a própria cara de verde. E o bolso também, só que no bolso é outro verde que entra…
A atitude que desmascara os bancos é o fato que eles querem economizar o papel e o custo de postagem quando o conteúdo é uma necessidade sua, mas não economizam quando o interesse é deles: algum banco deixou de enviar propaganda impressa para você? E num papel que é muito mais poluente, impresso em 4 cores (quando não inclui o dourado). Ah, isso não polui, mas o seu extrato destrói as florestas. Sei, sei…
E o lobby para “proibir” as sacolinhas em supermercados? É um escândalo, e seria ridículo se não fosse uma agressão ao consumidor.
Sacolinhas “sufocam o planeta”? Ok, mas bem que os supermercados tentaram vendê-las, né? Aí elas não sufocavam mais!!! Fizeram furinhos nas sacolinhas, foi?! Poupe-me!!!
O pior é como fazem o consumidor de idiota. Posando de bonzinhos e coitadinhos, os supermercados farão o “FAVOR” de dar sacolinhas até abril. E depois disso? PROBLEMA SEU!
Se os supermercados estivessem REALMENTE preocupados com sustentabilidade, começariam não revendendo produtos com embalagens enganosas. Exemplo? Caixas de sabão em pó do tamanho da de 1 Kg, mas que só contém 900g.
Hoje notei um outro “golpe” interessante: a Colgate faz uma promoção e coloca 2 pastas de dente numa caixa que é do tamanho de 3 pastas. É “legal”, porque a embalagem cita que tem 2 pastas no espaço de 3 (sem dar destaque, é claro), mas é ilegítimo, porque fica clara a intenção de ludibriar o consumidor.
O que o supermercado tem com isso? Oras, supermercadistas entendem de varejo e portanto, de logística. Um caminhão que transporta essas embalagens enganosas anda com somente ⅔ da sua carga, porque ⅓ é espaço vazio para enganar o consumidor.
Isso significa um consumo de 50% a mais de combustível em prol da malandragem. Isso sim, “sufoca o planeta” muito mais do que as sacolinhas.
Se os supermercados estivessem MESMO preocupados com o planeta, recusariam este produto.

E você? Quer mesmo ser sustentável?

Então instale um bom filtro de água em sua casa.
São 2 vantagens imediatas:
1. Economia: 2 copos de água filtrada (cerca de 500 ml) custam R$ 0,0007 (pegue sua conta de água e faça as contas), enquanto uma garrafa de 500 ml água não costuma sair por menos de R$ 2,00. Em outras palavras, a água engarrafada é 2.500 vezes mais cara do que a água filtrada!
2. Sustentabilidade: 1 garrafa de 500 ml possui cerca de 13 gramas de plástico.
Uma sacolinha não pesa nem 2 gramas e costuma ser reutilizada ao menos uma vez.
Tomar uma garrafinha de água, portanto, “sufoca” o planeta 13 vezes mais do que usar uma sacolinha.
Essa hipocrisia no uso do tema causa o problema de sempre: os bons pagando pelos maus. Como as pessoas estão percebendo que muitas empresas só usam o assunto para ter benefício próprio, aquelas que têm preocupação real com o meio ambiente acabarão sendo “colocadas no mesmo saco”, e a questão da sustentabilidade pode cair no ostracismo por culpa dos malandros de sempre… o Planeta lamenta.

Da escravidão a Star Wars: não mudou nada

[tweetmeme source=”lucianopalma” only_single=false]
Ultimamente, os versos de Caetano têm ecoado cada vez mais fortes: “porque Narciso acha feio o que não é espelho”…
Se já podíamos considerar Narciso medíocre por sua atitude, os atuais Neo-Narcisos conseguiram estabelecer novas dimensões de mediocridade autista.
Porque ao contrário do espelho de Narciso, que refletia seu rosto, o espelho dos Neo-Narcisos já vem de fábrica com uma imagem pré-definida.
Os Neo-Narcisos nunca olham para sua verdadeira imagem. Seus espelhos são suas máscaras. Convencem-se de ser a imagem que vêem no espelho, sem questionar se é aquela que gostariam de ser e de ver, mas pior ainda, sem nunca se questionar se aquela é realmente a imagem de si mesmo.
Neo-Narcisos não têm mais nomes, pois seus cargos dizem quem eles são. Não são procurados pelas pessoas pelo que são, mas pelos cargos que exercem.
No espelho, a imagem está feliz, então os Neo-Narcisos precisam também estampar um sorriso no rosto. E no Facebook, e no Twitter… porque precisam manter a coerência com a imagem do espelho.
Para não se deparar com suas imagens reais, utilizam o artifício de esgotar seu tempo. Ou então a “fuga alternativa”: usar o espelho reserva, com magníficas imagens do circo do Stromboli, que dos tempos do Pinóquio para cá andou mudando de nome…

Escravos
Escravos, obedecendo...

Stormtroopers
Stormtroopers, obedecendo...

Neo-Narcisos são zumbificados, como os Stormtroopers de Star Wars, programados para obedecer a uma hierarquia.
A programação é tão intrínseca que os poucos troopers que conseguem se destacar, ao invés de usufruir a opção de serem livres e de quebrarem seus espelhos… criam hierarquias mirins, à imagem e semelhança daquela  que lhes deu origem.
Não é raro que, assim como os escravos que recebiam sua alforria e passavam a comprar escravos, troopers que se libertam das garras do Império montem suas “startups” e imediatamente imprimam cartões com títulos que até então consideravam “opressores”.
O objetivo? “Crescer” e ter muitos troopers a lhes servir.
Os escravos eram negros; os troopers são brancos, mas o modelo é sempre o mesmo…

Socialmedia não é Broadcast!

[tweetmeme source=”lucianopalma” only_single=false]

A discussão envolvendo Socialcast e Broadcast não é uma coisa exatamente nova.
Há quase 2 anos, o grande amigo Celso Pagotti apresentou este assunto em uma palestra no Web Expo Fórum.

Só para resumir as principais diferenças entre os dois modelos:

Broadcast:

Características:

  • Emissor único (anunciante);
  • Grande número de receptores;
  • Mensagem controlada pelo anunciante;
  • Mesma mensagem para todos os receptores;
  • Abrangência associada à mídia utilizada.

Fatores de sucesso:

  • Alcance da mensagem (volume);
  • Memorização.

Métricas mais comuns:

Associadas aos Eyeballs, ou seja, quantidade de pessoas que foram expostas à mensagem.
Para precificar este tipo de mídia, costuma-se utilizar o CPM (Custo Por Mil), que como o nome diz, indica quanto custa para atingir 1.000 pessoas (telespectadores/ouvintes/leitores).

Efeito:

Rápido, de curta duração.

Socialcast:

Características:

  • O emissor NÃO É único, e pode não ser o próprio anunciante;
  • A mensagem pode ser introduzida pelo anunciante, mas também pode ser modificada pelos difusores (ou seja, a mensagem se “molda” conforme flui nas redes [sociais]);
  • Não há controle central;
  • Abrangência associada à relevância e à aceitação da mensagem [ou ao repúdio].

Fatores de sucesso:

  • Engajamento de difusores;
  • Alcance da mensagem (volume);
  • Recomendações.

Métricas mais comuns:

Associadas à difusão espontânea da mensagem: Likes e Shares no Facebook, RT’s no Twitter, +1’s no Google+, avaliações positivas (ratings), re-postagens em blogs e plataformas de mídias sociais.
Além disso, métricas relacionadas a volume também são importantes (acessos a landing pages, vídeos no Youtube, CTR (Click-Through Rate), CPA (Cost Per Action), CR (Conversion Rate).

Efeito:

Lento, de longa duração.

Então não é tudo a mesma coisa…

A atuação das empresas deve se adequar a cada modelo.
Infelizmente, o mercado vem utilizando as plataformas de mídias sociais – que são totalmente compatíveis com o Socialcast – da mesma forma que estavam acostumadas a fazer com o Broadcast.
Uma oportunidade desperdiçada, sem dúvida.
Não é à toa que vemos tanta dificuldade em comprovar o ROI (Retorno do Investimento) de “ações em mídias sociais”.
Se a cabeça é de Broadcast, esperando retorno da mesma forma que se fazia com mídias tradicionais, não é raro ver gente “maquiando relatórios” para justificar o investimento, porque a ferramenta não é a mais adequada para obter o resultado esperado.
O erro mais comum é a expectativa de resultado rápido. A menos dos famigerados virais, Socialmedia não dá resultados de imediato. É um trabalho de médio e longo prazo, porque não estamos falando simplesmente de Eyeballs. Estamos falando de relacionamento, e bons relacionamentos não se constróem de uma hora para outra.

Virais

Ok, virais encaixam-se na categoria Socialcast e podem ter um poder de difusão alucinante, apresentando assim uma resposta extremamente rápida.
O controle sobre virais, no entanto, é praticamente nulo. Por mais que seja possível produzir um conteúdo com um bom “poder de viralização” – seja por ser polêmico, engraçado ou ousado – é muito difícil prever a reação das pessoas na rede.
Por que as pessoas saíram repetindo uma bobagem como a da Luiza no Canadá? Porque essa bobagem e não outra?
Além disso, virais são como fósforos: uma vez utilizados, não funcionam de novo. Perdem seu brilho. Vide a tentativa frustrada de quem soltou a Luiza [sem querer] e tentou, em vão, usar a mesma receita para “viralizar” de novo…
Não caia na ladainha dos “piratas das mídias sociais” que prometem “soltar um viralzinho”.
Por fim, virais podem ter efeitos extremamente negativos. Mais do que fósforo, pode virar nitroglicerina!

Relacionamentos

Se estamos falando de mídias SOCIAIS, é claro o assunto é relacionamento. E relacionamentos exigem tempo para serem construídos… ou não!
Alguns relacionamentos acontecem puramente por interesse. Estes podem ser estabelecidos de forma praticamente imediata.
Na verdade, são relacionamentos transacionais muito mais do que sociais. As partes concordam na troca que existirá e a troca é realizada.
O exemplo mais clássico é a troca de RT’s ou Likes por “pirulitos” (o preferido – e menos criativo – costuma ser o iPad).
Alguns profissionais vendem a participação em sorteios (ou quando não dá tempo, “concursos culturais”) como engajamento, e os Likes “comprados” dessa forma como índice de relacionamento. Vou deixar que você tire suas próprias conclusões…

Socialmedia sendo usada como ferramenta de Broadcast

Sorteios são ações muito comuns no mundo Broadcast. É uma forma eficiente de atrair Eyeballs.
Afinal, quem não quer levar alguma coisa de graça? Esse apelo permite que um número muito grande de pessoas seja exposta a uma mensagem, o que contribui para que se apresente um bom CPM.
No mundo Broadcast, o profissional que atinge mais gente com sua mensagem, com os menores custos, é o melhor.
O problema é quando plataformas de Socialmedia são usadas com essa mentalidade, ou seja, mais como “mídia” do que como “social”.
A receita, numericamente (e para efeitos de relatório), pode até acabar funcionando, uma vez que mistura dois ingredientes eficientes: algo sendo distribuído gratuitamente e uma plataforma onde as pessoas podem avisar os amigos sobre a barbada.
O efeito de difusão através dos laços sociais da rede até possui um componente associado a relacionamento. O ponto é que o relacionamento só existe na fase de difusão.
Não existe relacionamento entre empresa e potenciais consumidores, porque o acordo é meramente transacional: “você me dá um Like e eu te dou um pirulito”.
O “relacionamento” termina junto com a transação, no exato momento em que o vencedor do sorteio é anunciado: o vencedor fica feliz por ter ganhado seu pirulito (mas não se tornará, necessariamente, cliente da empresa) e a multidão dá as costas com aquela sensação de “Aaaahhhh”. E fim.
Como os Likes continuam na fanpage da empresa, o relatório indica um tremendo sucesso. A questão é: “E depois do Like?”.

Como combinar Broadcast e Socialcast?

Se você leu até aqui, deve estar achando que eu sou defensor do Socialcast e crítico do Broadcast. Acertou a primeira, mas errou a segunda parte.
Apesar de fascinado por Socialmedia, acredito que o Broadcast continuará tendo seu papel. O sucesso estará exatamente na dosagem primorosa dos dois modelos.
O fato de cada um ter características diferentes não quer dizer que um seja MELHOR do que o outro. O ideal é utilizá-los de forma complementar.
Já vimos que o Broadcast é eficiente para resultados imediatos, mas que podem não ser duradouros. É normal ver vendas voltarem aos padrões “normais” após o encerramento de campanhas Broadcast.
O Socialcast, por sua vez, possui uma ação mais duradoura, pois relacionamentos efetivos podem ser construídos (se as ferramentas forem usadas corretamente). Só que isso leva tempo…
Por que não chegar ao melhor dos dois mundos?
Se um modelo complementar o outro, a empresa pode colher os melhores frutos:

  1. Agilizar a difusão do Socialcast com auxílio do Broadcast
  2. Manter os efeitos do Broadcast com auxílio do Socialcast

Como engenheiro, não poderia deixar de publicar um gráfico para ilustrar a vantagem do uso conjunto BroadcastSocialcast:

Chame no WhatsApp
1
Dúvidas? Chame no WhatsApp!
Olá! Você tem interessem em criar uma loja online? Podemos ajudar!