"Hey, entrepreneurs, leave them kids alone"

É sempre bom conversar com a Wanessa Rengel. O assunto de hoje foram os “empreendedores-prodígio”.
Prodígios existem. Um deles é o Pedro Carrijo, com sua história tão impressionante quanto emocionante. Admiro a família do Pedro. Isaura e Edilson Carrijo (os pais) apoiam os filhos com um amor contagiante (Pedro programa e Natália canta).
Conheci Pedro no The Developer’s Conference e ele palestrou num evento do GBG na Intel com 14 anos.
Conversando com o Edison, tive uma “lição de ser pai”. Pedro é muito assediado, e todos o orientam a “empreender”. O pai, com tanta sabedoria quanto simplicidade, me explicou que orienta o filho de uma forma diferente. “Ele primeiro precisa aprender o que é trabalhar. Como ele vai ter funcionários e respeitá-los se nunca tiver trabalhado como funcionário?” (Pedro trabalha para uma empresa de Americana, como jovem aprendiz, mas os estudos têm prioridade máxima).
Essa enorme inteligência e lucidez é capaz de controlar a ansiedade e a ganância, proporcionando ao Pedro as oportunidades para trilhar o caminho certo: o do crescimento passo a passo, sem “queimar etapas”.
Por outro lado, é comum ver filhos de empresários endinheirados autorrotulando-se como “empresários-prodígio”. Citamos um caso bem popular, que precisou inclusive ser explicado depois, uma vez que a história “marqueteada” não era muito condizente com a verdade.
Com dinheiro, qualquer criança vira “empresário-prodígio”. É só o pai bancar uma estrutura por trás e o fato de ser uma criança vende a notícia. Porém… qual o custo disso?
Uma coisa que a Wanessa trouxe foi: se essa criança atingir o auge muito rápido, o que virá depois? Como ela continuará crescendo? O que a motivará? As portas para a ganância, mas pior ainda, para as drogas e até para o suicídio podem estar sendo escancaradas para esse adulto que vai levar consigo o buraco que lhe fizeram na infância ou na adolescência, muito provavelmente movido simplesmente pelo ego e pela vaidade dos pais.
O ser humano precisa viver suas etapas. O adolescente tem o corpo cheio de hormônios, que estão definindo muita coisa em sua vida. Afogar esses hormônios com o cortisol que um “empreendedor-prodígio” produz pelo stress de “ter que ter sucesso num mundo competitivo” pode deixar sequelas graves e permanentes.
Por que essa neura de “bater recordes” e de querer adiantar tanto as coisas? Tire um feto da barriga da mãe aos 3 meses e ele morre. Não façamos isso com nossas crianças!
Deixem nossas crianças em paz. Deixem nossos adolescentes em paz. Não sou contra educá-los para se tornarem empreendedores (muito pelo contrário), mas não coloquem essa carga neles antes da primeira menstruação (no caso de meninas, óbvio). Deixem-os serem humanos, não os tranformem em robôs. Ou pior… em marionetes!

4 comentários em “"Hey, entrepreneurs, leave them kids alone"”

  1. Interessante o post! Concordo com ele em seu aspecto mais profundo.
    Só não concordo com a Wanessa na análise da consequência de se atingir o topo muito rapidamente: pessoas diferentes são motivadas por desafios (e motivos) diferentes.
    Atingir o topo rapidamente não é de modo algum uma porta para drogas (ou para ganância). Adoraria conhecer algum tipo de estudo ou estatística que comprove isso.
    Claro que a mensagem é mais abrangente do que esse pequeno aspecto, por isso que em linhas gerais eu realmente concordo com o texto. É mais saudável viver cada uma das etapas da vida 🙂
    Como uma alternativa positiva, muitos empreendedores e executivos, após alcançarem um alto nível de sucesso em suas carreiras procuram a Filantropia como uma forma de se sentir desafiado e motivado. Ou, quem sabe, até mesmo por que alguns deles sentem que esta é a coisa certa se fazer.

    1. A primeira observação importante: a parte da “porta aberta para drogas e suicídio” não é da Wanessa. Foi uma reflexão minha (mea culpa).
      É claro que a relação causa-efeito não será “1 para 1” e que as pessoas podem reagir de formas distintas, porém “até uso de drogas e suicídio” podem acontecer quando não há mais “para onde subir”.
      Desconfio muito da filantropia de bilionários, porém existe uma chance que ela seja genuína. Não temos, no entanto, como determinar como cada indivíduo irá reagir à falta de desafios. Com certeza existe uma correlação, pois em países mais desenvolvidos, isso é tido como uma causa do maior índice de suicídios.

      1. Eu também desconfio da Filantropia de bilionários.
        Apenas para tangenciar o assunto, acho interessante como muitas pessoas (inclusive eu) pensam: “Bom, se eu tivesse tantos bilhões, com certeza eu faria caridade”. Quando o caboclo vira bilionário e decide fazer isso, pensamos: “Ah, duvido!”.
        Interessante, né? 🙂

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