Inovadores

Não se iluda com a Inovação

Antes de começar meu raciocínio, gostaria de contextualizar o autor desse post.
Sou engenheiro convicto. Daquele que já sabia que seria engenheiro desde os 10 anos, ou até antes. Sempre quis entender como as coisas funcionavam, dos objetos da casa às invenções impossíveis dos desenhos animados (e sim, eu me desesperava em pensar quem iria arrumar a bagunca que o Jerry Lewis fazia em seus filmes…)
A Física, a Matemática e a Engenharia me entusiasmavam porque conseguiam modelar o mundo real através de suas fórmulas (eu odiava o “despreze os atritos” dos enunciados – aquilo não era real!).
Conviver com todas essas fórmulas me fez entender que os fenômenos da natureza são analógicos e seguem curvas contínuas. Nenhuma mudança é instantânea. Se parecer, é porque a amostragem foi lenta demais.
Para mim, uma das coisas mais excitantes e “mind blowing” foi descobrir as séries e entender a decomposição de sinais em suas harmônicas. É revolucionário descobrir que um pulso não existe como o imaginamos. Nada vai de 0 a 5 Volts imediatamente. A tensão passa por todos os valores (ainda que passe muito rapidamente pelos valores entre 0,01V e 4,99V) e mais: a tensão não consegue parar imediatamente em 5 Volts. Ou colocamos um capacitor para “suavizar” essa chegada aos 5 Volts, ou teremos um pico maior do que 5 Volts, depois voltaremos para um pouco menos do que 5, depois um pouquinho mais, até estabilizar em 5V…

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Um pulso em sua intimidade…

Toda essa teoria pode soar chata para muitos, mas é muito mais reveladora do que parece. Isso vale para a natureza, não só para circuitos eletrônicos!

E o que isso tem a ver com Inovação?

Na realidade, o comportamento da tensão em um pulso tem grande analogia com a curva de adoção de inovações tecnológicas!
Dê uma olhada no gráfico abaixo, que representa o “Gartner Hype Cycle“. Você não vê uma semelhança?
Essa curva é genérica (assim como a curva acima) e suas intensidades e valores absolutos podem variar de acordo com a tecnologia ou produto sendo introduzidos no mercado, com fatores econômicos externos ou com inúmeras outras variáveis.
É muito comum, porém que o padrão da curva seja observado.

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Gartner Hype Cycle

OK, e eu com isso?

Quem está buscando introduzir alguma inovação no mercado deve entender essa curva, porque ao planejar algo inovador, é necessário fazer previsões sobre a adoção de seu produto ou serviço. Quanto melhores suas previsões, maior será seu sucesso (se as coisas saírem melhores do que você previu, não será mérito seu: terá sido sorte!).
O problema é que muita gente se excita com a evolução da primeira parte da curva. Há quem acredite que esse crescimento será para sempre, ou que a curva se estabilizará num valor próximo ao seu pico. E é aí que muitos quebram a cara! Lembro, nos meados dos anos 90, de projeções para o crescimento da Internet. O pessoal simplesmente projetava uma parábola com base no começo da curva. De acordo com alguns “especialistas”, há uns 10 anos já deveríamos ter um número praticamente infinito de pessoas conectadas à Internet…
O bom empreendedor tem que ter um faro aguçado para antecipar ao máximo o que vai acontecer. Ele tem que ser capaz de “enxergar além do que os outros enxergam”. Claro que ele também terá que reagir às mudanças que ocorrerão, mas isso é simplesmente uma questão de fazer de novo algo que ele já aprendeu a fazer bem: analisar as variáveis e projetar bem as curvas – ainda que tenha que fazer isso recorrentemente!

E como uso essas curvas?

As curvas mostradas nesse post são conceituais, portanto não trazem valores absolutos. Só você será capaz de projetar a curva de adoção para seu negócio (ou talvez um concorrente direto seu, mas nesse caso, é bom que você seja melhor do que ele nisso…).
É importante ter consciência que existe um pico do “hype”. As vendas de iPhone estouram a cada lançamento, mas 3 ou 4 semanas depois, elas não mantém o mesmo ritmo. Já imaginou se os analistas da Apple não conhecessem este “fenômeno” e projetassem suas vendas com uma curva de crescimento simples? Imaginem quanto eles errariam nas projeções de investimento em produção, marketing, logística, etc, na hora que se deparassem com uma realidade assim?

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Vendas de iPhones por trimestre

Inovar é bom, mas como tudo na vida, o preparo é o melhor tempero para o sucesso. Estudar disciplinas como Física e Matemática é fundamental para ter sucesso no mundo da tecnologia. Porque para ter ideias inovadoras é necessário ter criatividade e motivação, mas para fazer as mudanças acontecerem, é preciso muito estudo, muito preparo, muita análise e, acima de tudo, muito trabalho. Como trabalhar cansa, utilize tudo aquilo que você aprendeu em seus estudos para que esse trabalho não seja em vão. Não se deixe iludir pelo brilho da curva inicial de adoção de seu produto. Lembre-se que você tem que colocar na conta os porcentuais de expectativas infladas, o porcentual de desilusão, o porcentual de persistência para buscar o esclarecimento (“enlightenment”) e o tempo para atingir o platô de produtividade. Prepare-se para cada um desses momentos. Reaja sempre da melhor forma, divulgando na hora de divulgar, ajustando as expectativas (inclusive as suas) quando necessário, comunicando muito bem para não perder clientes desiludidos, ajustando seu produto para não causar frustração.
E tenha sempre em mente que não é nada pessoal. Grandes empresas passam por esses ciclos. Os pessoal que hoje está no pedestal (Uber, Airbnb, Netflix, Nubank, Alibaba, etc) logo entrará na fase de ajustar expectativas infladas. Só para dar um exemplo: tem muita gente com a expectativa que o Uber vai continuar oferecendo serviços melhores, motoristas poliglotas, educados e cheirosos, brindes, mimos e um preço mais baixo para sempre. Quem calcula ROI com a amostra grátis inevitavelmente se frustrará ali adiante.
É claro que isso não significa que o Uber está fadado a “morrer”, como jornalistas adoram escrever. Só significa o que qualquer profissional preparado para o mercado tem que saber: que o platô de produtividade do Uber não é no pico de expectativa inflada, mas no fim da ladeira do esclarecimento. E a história se repetirá para você.
Minha conclusão? Estude muito bem suas curvas e boa viagem! 😉

Inovação e Fantasias

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Em 2010, a palavra da moda para as empresas é “Inovação”.
Isto está gerando uma enorme ironia, com muitas empresas conservadoras tentando “carimbar” seus produtos como inovadores, alegando algumas pequenas melhorias tecnológicas (e não verdadeiras inovações que – diga-se de passagem – nem sempre estão diretamente associadas à tecnologia…)
É como se as empresas assistissem os desfiles de moda à la ** Fashion Week (no caso de empresa, relatórios de instituições como o Gartner) e com base nisso elaborassem suas fantasias para o Carnaval.

– “De que você vai fantasiado este ano”?
– “Deixe-me consultar o Gartner… ano passado eu fui de “virtualização” porque ele assim disse; esse ano… …achei! Tenho que ir de “inovação”!”

Mantendo o tema da metáfora, é como alguém querer inovar em sua fantasia de Carnaval colando na roupa tradicional algo que magicamente a transformaria em “inovação”.
Na falta de maior capacidade de criação (criatividade), a pessoa pega uma fantasia de Pierrot (200 anos, talvez?) e coloca modernos leds azuis na fantasia toda.
Não economiza no orçamento, que é para garantir o sucesso, e… Pronto! Checklist cumprido! Inovação implementada! “Gartner, qual a próxima tarefa?
Enquanto isso, um garoto criativo, com orçamento de estudante, se fantasia de “Orkut” (vide foto).
Fantasia de Orkut
http://www.portalpower.com.br/wp-content/uploads/fantasia_orkut.jpg
Adivinhe qual dos dois causa mais impacto…
As empresas não querem mudanças estruturais (isso afetaria o Status Quo); querem continuar trabalhando no mesmo modelo, usando as mesmas regras (“obedeça o chefe”), mas querem ser vistas como inovadoras e dinâmicas.
Irônico, não?
Daqui a 2 anos, ninguém deve se lembrar dos leds azuis do Pierrot, mas a fantasia de Orkut já tem 2 anos e ainda me lembro dela. Talvez você também se lembre da idéia daqui a 2 anos.
O garoto Orkut foi inovador; o Pierrot só seguiu mais um “hype”…

Qual das personagens você pretende ser?

A “má notícia” é que não dá para todo mundo ser inovador. De acordo com Everett M. Rogers, em seu livro “Diffusions of Innovations” (1962), somente 2,5% da população é composta por inovadores.
Difusão da Inovação
http://en.wikipedia.org/wiki/File:Diffusionofideas.PNG
Veja abaixo as características de cada perfil e confira em qual deles você encaixaria cada empresa.
Fiquem à vontade para enviar suas avaliações (pode ser através de comentários). Se ao menos 15 pessoas enviarem nomes, prometo publicar um “ranking” com a percepção de vocês.

Innovators

São geradores e também caçadores de novas idéias.
Desafiam os demais a pensar e olhar para o mundo de uma forma diferente.

Early Adopters

Também são impulsionados por novas idéias e tecnologias, e logo reconhecem o valor das inovações. Assumem o risco de eventuais imperfeições porque acreditam no potencial das idéias.

Early Majority

Têm mentalidade mais prática, focada em resultados, porém demonstram uma certa abertura a novas idéias.

Late Majority

Não têm tanta abertura para novas idéias, porém seguem a maioria quando uma inovação já demonstrou seu potencial (e que a esse ponto, já não é mais uma inovação…).

Laggards

Só adotam um produto novo quando o que utilizam tradicionalmente sai de fabricação.
Atualização: Preencha a pesquisa ‘Empresas Inovadoras‘ clicando aqui.
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(com inspirações do livro “Start with Why”, de Simon Sinek)
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