Não sei dizer ao certo se eu é que mudei a fonte das informações que recebo ou se está acontecendo um “realinhamento cósmico”, mas venho percebendo uma convergência consistente de mensagens numa direção bem diferente do que estava acostumado.
Mudanças à frente?
O Plano de Vida da Geração X parece estar se tornando, rapidamente, obsoleto. Lendo “A whole new mind” vejo isso; ouvindo profissionais de mercado com mentes mais abertas vejo isso, e observando aqueles mais “quadrados”, percebo a ausência disso.
Ok, qual seria este Plano que parece demonstrar sinais de fadiga?
Aquele que nossos pais nos passaram: “Filho, faça uma faculdade (os últimos adicionaram o MBA ao escopo), busque emprego numa Grande Empresa, de preferência multinacional, obedeça às políticas, obedeça ao seu gerente, não questione, não crie polêmica. Faça carreira, atinja cargos e salários cada vez melhores, ponha seus filhos nas “melhores escolas”, no judô, na natação, no inglês, no mandarim, no curso de informática, no cursinho…”
Olhe para alguém com um salário próximo ou acima dos cinco dígitos e você vai ver exatamente isso. Quando muito, os pais aceitam a “cabeça aberta” de colocar um filho no yoga ou levá-lo a um psicólogo. Claro que sem deixar de fazer as outras atividades…
Felizmente, alguma coisa fez essas crianças entenderem o quanto isso os tornaria robozinhos (iguais aos pais?).
Essa “alguma coisa” pode ser algo óbvio, e uma história que meu sogro conta exemplifica muito bem: quando criança, ele comia muita “maria mole”. Calma, se em seu estado não tem isso, é um DOCE bem macio e feito com MUITO acúcar, portanto não muito bom para um garoto “fortinho”. Um belo dia, seu pai apareceu com 6 caixas e disse: “Você gosta disso não? Eu digo prá não comer tanto mas você não ouve, né? Então agora vamos fazer o contrário. Você vai comer as 6 caixas”.
Todo feliz, meu sogro comeu tudo. E nunca mais comeu maria mole (não preciso dar mais detalhes, né?). Método questionável, mas inegavelmente eficiente!
Pois bem, a fenômeno é o mesmo: overdose de uso do lado esquerdo do cérebro, e as crianças se voltaram a usar o lado direito. Ladies and Gentlemen, Welcome Generation Y.
Pois alguns pais perceberam isso, e os mais “abertos” estão se questionando se isso não se aplica a eles também.
Pare e se pergunte: o emprego que você tem é o que sua família precisa? Adianta comprar um anel de diamantes para aquela esposa que você quase não vê porque está sempre viajando? Será que você realmente precisa do carro zero anunciado como uma razão para viver? Adianta dar um iPhone para aquele filho que lhe diz, aos 5 anos: “Pai, esse chefe do seu chefe é legal?” “Por que filho?” “Porque se for, pede para ele mandar seu chefe parar de mandar você viajar”.
A lei do obedecimento, da submissão e da anulação do próprio indivíduo em favor da suposta “carreira” começa a balançar.
Profissionais mais auto-afirmados começarão a pensar como seus filhos, querer usar o lado direito do cérebro, dar-se o direito de ser criativos ao invés de seguir processos sem saber porque ou às vezes sem concordar, sentirem-se autônomos e auto-realizados.
Ao menos nos próximos 5 a 10 anos, eles não encontrarão isso em “Grandes Empresas”. Elas são como Titanics, que ao avistarem um iceberg, percebem que são tão grandes, tão pesadas, e estão andando num ritmo tão acelerado que a colisão fica inevitável. Ainda no exemplo do Titanic, prevalece sempre o retorno de curto prazo, sem olhar para a frente. Ao contrário do Titanic, quem está em “Grandes Empresas” hoje pode, a qualquer momento, sair do barco e definir seus destinos em embarcações menores. Muitas vezes atracando para servir aos próprios Titanics, estes na tentativa (tão desenfreada quanto a de vendas) de desviar do iceberg. Quem conseguir isso pode ter grandes retornos.
Coisa de maluco?
Quem seriam os “doidos” para abandonar uma posição confortável e segura para arriscar tanto? Talvez não seja a maioria. Os pré-requisitos são, a meu ver:
- “Cabeça aberta” e auto-estima
- Confiança em si próprio e em sua capacidade
- Disposição e capacidade para (re)aprender
- Coragem e senso empreendedor
- Ambições mais subjetivas (como autonomia e liberdade de criação e expressão) ao invés das materiais (apartamento maior com Home Theater 7.2 e carro melhor que o do vizinho)
E ainda há um ponto favorável para quem se arriscar: com a saída destas pessoas, o que restará nas “Grandes Empresas”? Pessoas burocratas, que não questionam, sem criatividade e altamente substituíveis por recursos mais baratos. Como a Geração Y possui os conceitos mais modernos mas ainda não está madura o suficiente para dirigir as mudanças, o SEU momento de mudança é agora (próximos 5 anos).
Cabe uma reflexão? Deixe um comentário com sua opinião!
Palma, ao ler esta notícia é como ler um pouco a história da minha vida e é bem interessante a abertura que você dá no final do texto… realmente as pessoas precisam voltar a ser mais “crianças” e perderem o medo do novo.
Um grande abraço,
Raphael Barini
Isso me lembra o fato do Roberto Justos ter sido demitido pelo aprendiz dele… rs..
Eu acredito que a geração Y procura o equilibrio de uma maneira melhor que a geração X. As pessoas podem estar em grande, médias ou pequenas empresas, contanto que o equilibrio valha a pena. Não são somente as grandes empresas exigem muitas viagens e horas extras não remuneradas, pelo menos na minha experiencia de vida.
Aprendi a definir meu limite e quando chego nele, ou pulo fora ou a empresa se adequa, e nem sempre as pessoas estão preparadas para essa postura que as vezes requer uma tomada de decisão forte.
Palma,
Grande texto! Acho que para a maioria das pessoas ainda é um pouco difícil tomar esse tipo de decisão, porque em geral nós, seres humanos damos muita importância para o que a sociedade (família, amigos, etc) pensa ser o certo. Decidir por este caminho pode significar sustentar uma posição desconfortável perante esses grupos. Vai de cada um…
Muito bom mesmo! Continue escrevendo, por favor.
Abraço.
Palma, primeiro gostaria de parabenizá-lo pelo excelente post e abordagem de um tema tão importante. Como também faço parte da geração x, tenho me perguntado a respeito e realmente concordo com os pré-requisitos que elencou, de fato acredito que nossa aversão a mudanças, faz com que continuemos no “barco” evitando nos questionar do quão estamos completos e satisfeitos profissionalmente com o que fazemos, ou como fazemos. Acho que devemos ao menos nos esforçar para aprender com a mova geração esses diferentes valores e não esperarmos que o acaso ou a decisão de outros nos coloquem em posição de repensar sobre o assunto…
Olá Palma realmente é preciso muita coragem para se fazer algo nessa questão, talvez para os mais conservadores, se fizessem um planejamento (principalmente financeiro)daria uma coragem a mais para a pessoa lagar sua “posição confortavel” e partir para novos horizontes. continue escrevendo. está muito interessante aguardo com ansiedade. Um abraço
Leitura recomendada: Pai Rico, Pai Pobre!
Fala sobre a “corrida dos ratos”. Temos que estudar, para conseguir um bom emprego e um bom salário. Depois, estudamos mais, para nos qualificar mais e ganharmos aumento e assim vivemos em um ciclo, ou seja, a corrida dos ratos.
Não é fácil sair dela, aliás, não é nem um pouco fácil, por isso muitos preferem continuar a se arriscar.
Leiam.
Abraços
twitter: @claytonrocha