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Nesta quarta (9/2), tive a honra de participar do Social Media Week (#smwsp), num painel com a presença de Luciana Annunziata (Dobra Learning) e Tiago Dória (iG).
O tema foi “Isolamento Digital x Inclusão Social“.
É um tema bastante abrangente, e numa reunião prévia com a @luziata logo percebemos que em 1 hora não conseguiríamos cobrir todos os aspectos.
Ela sugeriu focar numa esfera “micro“, analisando o lado mais individual, ao invés de aplicar uma visão “macro“, abrangendo questões como inclusão digital, Programa Nacional de Banda Larga, etc.
Pensamos também num modelo de “ponto e contraponto“, inspirados pelo título do painel. Surgiu a ideia de criar Manchetes sobre o tema e discuti-las no palco.
Cada um de nós traria uma manchete para discussão.
Levamos tudo isso pro Tiago, que logo aceitou o desafio. As Manchetes foram:
- Venda de gatinho aproxima Alto de Pinheiros do Itaim Paulista (@luziata)
- Pesquisadora do MIT diz em livro que estamos “juntos, porém solitários” (@lucianopalma)
- Estamos matando os telefonemas? (@tdoria)
A história do gatinho está descrita aqui. A Luciana procurou mostrar o potencial da Internet e das Novas Mídias para estabelecer novas conexões (o que não significa, necessariamente, relacionamento). Conexões que simplesmente não aconteceriam antes das tecnologias discutidas. Pela diferença de classes sociais, pela distância geográfica, ou até pelo preconceito por aparências, talvez as duas pessoas envolvidas na história nunca tivessem se encontrado.
Já começamos com dualidades nesse ponto. O que permitiu o encontro entre duas pessoas de mundos distintos foi justamente a característica de “despersonificação” das ferramentas utilizadas. Por não ter informação sobre elementos que possam distanciar pessoas (às vezes por conta de preconceitos), mas com um interesse comum, a conexão se estabeleceu e o objetivo de ambos foi cumprido. Em outras palavras, “cobrir os rostos” para aproximar as pessoas. No mínimo curioso…
Uma vez introduzido o elemento de Inclusão Social, foi minha vez de trazer o outro lado, o Isolamento Digital à tona. Tomei por base o lançamento do livro Alone Together, (Sherry Turkle), no qual a autora menciona a “robotização” dos relacionamentos e a substituição de relacionamentos e experiências reais por alternativas virtuais.
Levei alguns números de uma pesquisa da Retrevo, que deu origem a um infográfico que circulou nos últimos dias. O pessoal ficou impressionado com o fato de 48% dos americanos acessarem o Facebook ao acordar, com 28% dos donos de iPhone fazendo isso antes mesmo de sair da cama. O burburinho aumentou quando mencionei os números mais picantes da pesquisa: 6% das pessoas com mais de 25 anos e 11% dos mais jovens interromperiam o sexo para checar uma mensagem no celular.
E aí veio um verdadeiro choque. Falei da Simone Back. Simone suicidou-se. Só que antes, ela anunciou, no Facebook, que o faria. Ela tinha mais de 1.000 “amigos” no Facebook. Alguns moravam perto dela. E nenhum agiu para impedir a tragédia.
Sim, é a velha discussão de laços fortes e fracos nas Redes Sociais. Só que dessa vez com uma vida em jogo. E quando uma participante citou o caso da Marisa Toma, com quem ela trabalhou, foi intrigante para mim. Marisa suicidou-se em agosto de 2009, mas eu tinha falado dela no dia anterior, com o @cadre4, na porta do auditório.
Mencionei outra experiência citada no Alone together, envolvendo um Gerbil (tipo de esquilo), uma Barbie e um Furby (um brinquedo eletrônico comum nos anos 90 nos EUA, programado para fazer alguns movimentos e reproduzir algumas frases). Consistia em pedir para as pessoas mantê-los de cabeça para baixo.
O pequeno esquilo logo começava a se debater. Sensibilidadas, as pessoas o desviravam imediatamente.
Já com a Barbie – totalmente inanimada – as pessoas tinham outra reação e eram capazes de mantê-la indefinidamente de cabeça para baixo.
O mesmo deveria acontecer com o Furby (tecnicamente, tão inanimado quanto a Barbie). Só que ao ser virado, o bichinho emitia uma voz infantil: “Estou com medo!“. E as pessoas o desviravam!
O objetivo da autora: mostrar a capacidade de se apegar a seres inanimados e alertar para o uso deste fenômeno para distrair seres humanos (crianças, idosos) com aparelhos eletrônicos. No fundo, nada muito diferente dos pais que deixam o filho por horas em frente à TV para se dedicar a outras coisas…
Onde eu queria chegar? Neste vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=PDa1Ek3LVlc.
Uma mensagem que chega a ser forte, mas que reflete uma realidade já tuitada: a tecnologia está aproximando os distantes e distanciando os próximos.
Sherry cita em seu livro que as crianças hoje competem pela atenção de seus pais… com os smartphones!
Um tempo atrás discuti isso com a @rizzomiranda: as pessoas andam olhando para baixo, para uma tela de 3″, ao invés de olhar para o olho das pessoas à sua volta.
No afã de estar conectado com o “amigo” no Canadá, perde-se a chance de abraçar o amigo que está a dois passos.
E falando em telefones, mencionei mais uma constatação do livro: as crianças estão evitando o telefone (da forma que o conhecemos, analógica) e passando a usar tecnologias com menos “contato direto”: mensagens de texto, tweets, emails. O contato está ficando mais digital do que real.
Foi quando o Tiago introduziu sua manchete. Estamos matando os telefonemas?
Seja por razões econômicas (no Brasil, pode ser mais barato enviar um SMS do que falar ao celular) ou comportamentais (responder quando for mais conveniente, ou preparar-se melhor antes de reagir), os jovens estão optando mais pelo SMS do que pela voz.
Tiago comentou que a propaganda precisa se ajustar aos meios de comunicação utilizados. Enquanto consideramos normal uma interrupção num filme para apresentar os comerciais, seria muito estranho ter sua conversa interrompida para ouvir uma mensagem publicitária.
A discussão levantou a questão do “intervalo de atenção”, recurso finito e cada vez mais escasso. A dificuldade em sincronizar estes intervalos na vida moderna pode ser um fator para as interações estarem acontecendo de forma mais assíncrona. A comunicação deixa de ser “Real Time” e respostas passam a ser “quando der“. Cômodo e prático, mas decerto menos natural.
Tiago levantou também a questão do cyberativismo e de sua eventual não conversão em ativismo real. Ele comentou que é muito simples (e fácil) dar um Like em uma página ou engajar virtualmente em uma causa, mas a transformação disso numa ação equivalente no mundo real nem sempre acontece.
Foi um grande orgulho participar de um evento como este.
Agradeço ao Lucas, ao Patrick e ao Bob (SixPix) pelo convite! E que venha a #SMWSP2012!!! 😉
Ah, os slides da minha “manchete” estão aqui: http://prezi.com/3evy5jcfdr4c/social-media-week-2011/
Caro, Luciano
A questão do isolamento e o distanciamento das pessoas proximas que vivem numa grande metropolis é evidente o que realmente está ocorrendo é a transferencia desta realidade para o meio virtual dada a facilidade de acesso que as tecnologias da informação e comunicação propiciam e da qual encontram um meio que pudesse favorecer sua disseminação e uso com o barateamento dos celulares estão se tornando verdadeiro computadores móveis tais argumento são reflexões que contribui para confirmar aquilo que se passa despercebido pela maioria das pessoas que nasceram e cresceram usando essas tencologias contudo devemos levar em conta que está característica é peculiar aos grandes centros urbanos a maioria das cidades do interior ainda não tem infra estrutura e acesso a internet a banda larga consequentemente nem todos estarão conectados a todo momento é neste momento que a criação (isso mesmo e não a educação) a orientação dos pais tem no seio familiar sua fundamental importancia a escola está perdendo seu papel de centro do conhecimento e formadora de mão de obra qualificada embora que insistemente continue transmitindo o conhecimento tem em seu bojo enraizado uma cultura pedagógica tradicionalista e conflitante com a renovação social necessária para nossa sociedade que entre outras propostas diante da politica educacional imposta pelo PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional) encontra uma classe de profissionais de educação alienada e insatisfeita com os baixos indices de salários que paralelamente são associados a má formação destes profissionais que se sentem despreparados diante dos desafios da educação para o século XXI.
A criação que considero ser a maneira que nos criamos nossa prole, orientamos é ainda antes de tudo vai depender do nosso relativo interesse em foca nossa atenção cuidando para que possamos semear e cultivar o hábito de valorar os momentos mais simples da vida despertar as qualidades e aptidões naturais que as escolas podam e matam a criatividade.
Assista o video de Ken Robsom em
http://www.ted.com/talks/ken_robinson_says_schools_kill_creativity.htmlhttp://www.ted.com/talks/ken_robinson_says_schools_kill_creativity.html
Olá Cleber,
Este vídeo do Ken Robinson é fantástico (assim como o trabalho dele).
Recentemente, uma discussão sobre o assunto aconteceu via facebook. Uma das origens foi este post:
http://cafezinhocomleite.ning.com/profiles/blogs/ser-sujeito-ou-se-sujeitar-eis?xg_source=facebookshare
Obrigado e um abraço,
Luciano
Olá Cleber, achei o seu artigo muito bom!
Gostaria de saber onde mais eu encontro o tal vídeo do qual vc falou, pois este não está mais disponível no youtube.
Obrigada!
Olá Rebeka,
Você pode ver o vídeo aqui: http://www.youtube.com/watch?v=hkPvSCq5ZXk – com o “bônus” da fantástica animação da RSA.
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