luciano

"Hey, entrepreneurs, leave them kids alone"

É sempre bom conversar com a Wanessa Rengel. O assunto de hoje foram os “empreendedores-prodígio”.
Prodígios existem. Um deles é o Pedro Carrijo, com sua história tão impressionante quanto emocionante. Admiro a família do Pedro. Isaura e Edilson Carrijo (os pais) apoiam os filhos com um amor contagiante (Pedro programa e Natália canta).
Conheci Pedro no The Developer’s Conference e ele palestrou num evento do GBG na Intel com 14 anos.
Conversando com o Edison, tive uma “lição de ser pai”. Pedro é muito assediado, e todos o orientam a “empreender”. O pai, com tanta sabedoria quanto simplicidade, me explicou que orienta o filho de uma forma diferente. “Ele primeiro precisa aprender o que é trabalhar. Como ele vai ter funcionários e respeitá-los se nunca tiver trabalhado como funcionário?” (Pedro trabalha para uma empresa de Americana, como jovem aprendiz, mas os estudos têm prioridade máxima).
Essa enorme inteligência e lucidez é capaz de controlar a ansiedade e a ganância, proporcionando ao Pedro as oportunidades para trilhar o caminho certo: o do crescimento passo a passo, sem “queimar etapas”.
Por outro lado, é comum ver filhos de empresários endinheirados autorrotulando-se como “empresários-prodígio”. Citamos um caso bem popular, que precisou inclusive ser explicado depois, uma vez que a história “marqueteada” não era muito condizente com a verdade.
Com dinheiro, qualquer criança vira “empresário-prodígio”. É só o pai bancar uma estrutura por trás e o fato de ser uma criança vende a notícia. Porém… qual o custo disso?
Uma coisa que a Wanessa trouxe foi: se essa criança atingir o auge muito rápido, o que virá depois? Como ela continuará crescendo? O que a motivará? As portas para a ganância, mas pior ainda, para as drogas e até para o suicídio podem estar sendo escancaradas para esse adulto que vai levar consigo o buraco que lhe fizeram na infância ou na adolescência, muito provavelmente movido simplesmente pelo ego e pela vaidade dos pais.
O ser humano precisa viver suas etapas. O adolescente tem o corpo cheio de hormônios, que estão definindo muita coisa em sua vida. Afogar esses hormônios com o cortisol que um “empreendedor-prodígio” produz pelo stress de “ter que ter sucesso num mundo competitivo” pode deixar sequelas graves e permanentes.
Por que essa neura de “bater recordes” e de querer adiantar tanto as coisas? Tire um feto da barriga da mãe aos 3 meses e ele morre. Não façamos isso com nossas crianças!
Deixem nossas crianças em paz. Deixem nossos adolescentes em paz. Não sou contra educá-los para se tornarem empreendedores (muito pelo contrário), mas não coloquem essa carga neles antes da primeira menstruação (no caso de meninas, óbvio). Deixem-os serem humanos, não os tranformem em robôs. Ou pior… em marionetes!

Parem com o "GO, GO, GO"!

O ritmo de nossas vidas nunca foi tão insano. Queremos resultados imediatos, e quando os conseguimos, queremos mais resultados e ainda mais rápidos. Cada lemming que consegue chegar mais rápido ao abismo faz com que o próximo da fila acelere ainda mais seu passo…

Junte-se a isso o fato de vivermos em estruturas hierarquizadas, com uma linha de comando e controle digna dos séculos passados. Quem está em cima manda, quem está embaixo “que crie juízo”.

Ao contrário do que propôs Newton, porém, nessas estruturas os benefícios “caem para cima”. E os beneficiados querem sempre mais e mais, e sempre mais rápido. Surge então a teoria da motivação: é necessário um mecanismo que mantena a fila de lemmings andando cada vez mais rápido.

Chicotes fizeram seu papel por algum tempo, com uma eficiência razoável, porém a humanidade começou a achar um pouco demais. Os chicotes foram trocados por espelhos e depois por cenouras, elegantemente batizadas com um termo importado: “bônus”.

Os treinamentos e eventos rotulados como “motivacionais”, se olhados a 10.000 pés de altura, beiram o ridículo. Nenhum funcionário quer participar, mas “pega mal” faltar. O diretor vai abrir o evento (e voltar para sua luxuosa rotina depois de falar 10 minutos, porque ele é importante demais para passar o dia todo com pessoas “normais”). O chefe vai fazer chamada — não de forma idêntica à que era feita na escola, mas uma “chamada psicológica”. É melhor não comprometer o plano de carreira. É melhor ir.

O consultor que coordena o adestramento não tem ideia do que é o dia a dia de quem está lá, porque o “briefing” foi feito no ar-condicionado do gerente, que mostrou o lado reluzente da equipe (aquele que normalmente não existe fora dos relatórios) e passou a lição de casa para o consultor, ou seja: o plano infalível para atingir os números que dão direito à sua grande cenoura, sejam esses números reais, relevantes, factíveis ou não. Eles precisam constar do relatório final. Bingo!

Aí entram os “gritos de guerra” motivacionais. Um dos mais conhecidos é o “Go, go, go”. Ele é tão tribal e tão intimidador que alguns funcionários acabam repetindo-o, provavelmente movidos pelas regiões primatas do cérebro.

O problema do “Go, go, go” é que ele está no imperativo. Não se motiva no imperativo. Se alguém está motivado para fazer alguma coisa, ele não precisa receber uma ordem para fazê-lo. Muito pelo contrário, um funcionário muito motivado tem que ter o apoio do chefe para PARAR de fazer o que está motivadamente fazendo: “Fulano, você está trabalhando demais. Seu trabalho é excelente e é inspirador ver você tão motivado, mas você também precisa cuidar se sua saúde física e mental. Pare por hoje e divirta-se um pouco. E parabéns pelo que você já fez! Estou impressionado com seu desempenho!”. Se você nunca ouviu nada parecido de um chefe, me desculpe, mas você nunca teve um bom chefe.

Outro problema do “Go, go, go” é que ele é um tanto covarde. Quem ordena “Go, go, go” manda O OUTRO para o front. Ele mesmo, não vai. “Go, but YOU go!”. Além da motivação de verdade não precisar de ordens, o líder de verdade sempre “vai” junto com o time. E o time QUER ir, ninguém precisa mandar. O mais aceitável seria um “Let’s go!” (o que indica que o líder também vai), ou melhor ainda, um “Let’s keep going!”. O líder já está envolvido, e quer continuar envolvido. Todo mundo quer ir, não é o chefe que manda que OS OUTROS vão.

Da próxima vez que lhe vier à mente dizer “Go, go, go”, pare e pense. Você pode estar sendo um lemming que está se auto-empurrando para o abismo, ou você pode estar sendo um chefe explorador e injusto, que manda seus funcionários para o abismo, mas que não quer saber de se expor e nem de suar a camisa. Aquela camisa, aliás, que você mesmo disse no começo do treinamento que todo mundo tem que vestir…

E se o Google produzisse café?!

Google é uma empresa incrível. Aos poucos, ela se aproxima da Apple em termos de Market Capital e acredito que em breve, a fantástica fábrica de anúncios assuma o posto de maior empresa de tecnologia do mundo.
O que faz o Google ser tão diferente? Talvez uma única palavra: informação.
Google é uma empresa totalmente data-driven, uma das poucas do mundo que pode ser definida ao ler sua missão: “organizar as informações do mundo e torná-las acessíveis”*.
Isso significa que as decisões no Google são tomadas com base em dados. E a empresa é obsessiva em coletar e analisar dados. E por mais que existam as infindáveis discussões em torno do tema privacidade, isso pode ser melhor para você do que você imagina (continue lendo e entenderá).

De onde vem essa obsessão?

Com certeza, de seus fundadores. O Google é um tremendo exemplo de como deve nascer uma startup. Larry Page e Sergey Brin começaram seu negócio acreditando serem capazes de criar algo formidável, e o primeiro passo para isso foi… ESTUDAR!
Sergey tem 2 faculdades, um MBA, fez mestrado em Stanford e conheceu Larry no doutorado, também em Stanford. Ao contrário do que rezam alguns “startupeiros de ocasião” – com muito comodismo e auto-indulgência – estudar é algo fundamental para ter sucesso. Não acredite na falácia que Jobs e Gates abandonaram a faculdade (até porque antes disso, eles estudaram muito mais do que muita gente com diploma e MBA). Quem acredita que só talento, motivação e vontade são suficientes para o sucesso pode voltar para seus livros de auto-ajuda, porque sucesso de verdade demanda muito estudo, muita dedicação e muito SUOR. Esse, aliás, é outro ponto importante. Larry e Sergey arregaçaram as mangas e começaram a trabalhar, ELES MESMOS! Nada de “eu tenho uma ideia”, nada de “vamos procurar um investidor”, nada de “a gente contrata um dev”. Fundador que é fundador vai lá e faz!

E o que isso tem a ver com café?

Absolutamente nada. Foi um devaneio meu enquanto moía café. Sim, eu compro café em grãos e moo. É divertido controlar o tempo de moagem e ver o resultado. Se moer pouco, o pó fica grosso e o café sai muito rápido. Fica bem mais fraco e não forma aquela espuminha charmosa do espresso. Se moer demais, o pó fica fino e dá dó de ver a máquina “fazer força” para gotejar o café, que também perde a espuma e fica com um gosto meio “queimado”. O tempo ideal costuma ser entre 30 e 40 segundos (no meu moedorzinho velho) e varia com a marca do café. Para cada marca, tenho que fazer uns “testes” para ver se aumento ou diminuo um pouco o tempo. Como disse, é divertido.
Voltando ao link com o Google, enquanto fazia isso (esperei 37 segundos), fiquei pensando como as empresas tomam esse tipo de decisão. Quanto tempo elas moem seus cafés?
Foi quando me perguntei: como seria se o Google produzisse café?

Produzindo café

Imagino que uma empresa normal controle algumas variáveis do processo de produção de café: tempo de secagem, torra, moagem, etc. Provavelmente, estas empresas fazem uma dezena de testes com parâmetros diferentes para cada processo e optam pelo melhor resultado.

E o Google?

Talvez Sergey e Larry não se satisfaçam com somente 10 variações em meia dúzia de parâmetros. No processo de pesquisa do “Google Coffee”, tudo seria monitorado – da germinação da semente ao escorrer do café para a xícara. Seriam instalados sensores na plantação, nas máquinas de colheita, nas máquinas de secagem e moagem…
O Google também utilizaria técnicas empíricas para começar a pesquisa e desenvolvimento do “Google Coffee”, mas somente para gerar os dados iniciais para alimentar os algoritmos que analisariam as variações de cada uma das milhares variáveis analisadas. Esses algoritmos gerariam os melhores parâmetros, que seriam re-introduzidos no ambiente físico de pesquisa, dando origem a diversas iterações de evolução do produto.

Então o Google Coffee seria facilmente copiável?

Uma vez definidos esses parâmetros, bastaria o acesso a eles por um concorrente e o produto perderia seu diferencial, certo?
Erradíssimo!!!
Outro valor fortíssimo no Google é a diversidade. A empresa respeita DEMAIS as diferenças entre os indivíduos, tanto que pessoas que não tenham essa característica dificilmente se mantém por muito tempo na empresa. Juntando essas obsessões (dados + diferenças), a próxima etapa seria a de CUSTOMIZAÇÃO do Google Coffee a você.
Sim, com todo co controle da produção, e conhecendo o seu gosto com a mesma precisão aplicada às técnicas de produção, o Google seria capaz de produzir um café exclusivo para você. Um café que você (e somente você) consideraria O MELHOR DO MUNDO. E bastaria você dizer: “OK, Google! Está acabando o café!” e este café “com a sua cara” seria entregue em sua casa. Pode ser até que você nem precise avisar o Google…
E você nunca imaginou que um “cookie” poderia te proporcionar o melhor café do mundo, imaginou? 🙂 🙂

* Durante uma palestra há algum tempo, com o intuito de mostrar que as declarações de missão das empresas são meros clichês corporativos, apresentei a “missão” de uma grande corporação como sendo a missão de um prostíbulo. Todos os participantes concordaram que o texto estava adequado ao negócio.

Hackathon ou Hackatition?

Hackathons nasceram no final do século passado, como uma proposta de esforços colaborativos para criar software (ou hardware). O foco principal era o aprendizado em equipe, e dos primeiros hackathons surgiram até mesmo alguns softwares de sucesso, como o PhoneGap.
Essas atividades vêm se difundindo no Brasil, mas o espírito colaborativo – infelizmente – vem sendo deixado de lado.
Com prêmios reluzentes e muitos holofotes para promover hackathons, equipes se inscrevem com um o objetivo de vencer. Vale mais a vitória no hackathon em si do que a colaboração para a efetiva produção de algo em grupo.
Não há nada de errado nisso, mas talvez seja interessante termos uma nomenclatura mais adequada, para diferenciar os hackathons com o espírito original, colaborativo, dos “hackathons” mais competitivos, movidos a prêmios e promoção em grande escala.
Acho justo deixar o nome original com o pessoal “raiz”: a galera que se encontra para “hackear” algo de forma genuína.
Já para os “hackathons” competitivos, porque não chamá-los de “HACKATITIONS*”?
Muito preciosismo? Gostaria de saber sua opinião! 🙂

* Hackatition = Hack + competition

Não é uma meritocracia, mas mantenha a calma! Ainda assim, você pode vencer! (ou "a metáfora do jogo de golfe")

Startups no Brasil

Tenho participado de algumas discussões sobre Startups no Brasil, e nota-se alguns “padrões” nesse ecossistema.
Existe o pessoal que realmente quer mudar o mundo e que tem capacidade e vontade para isso. Existe a turma que acha que startup é um caminho mais fácil para ficar rico, sem precisar “perder tempo” fazendo uma faculdade e adquirindo experiência. Existem os iludidos, que vão atrás de tudo o que reluz. Existem os cheios da grana que, turbinados por ela, criam uma imagem de sucesso para massagear o ego. Existem profissionais experientes e visionários, que vêem no modelo uma forma de criar coisas novas. E existem também os sem-noção. Tem de tudo um pouco.
Dentre todos esses padrões, é possível dividir aqueles que terão sucesso em dois grupos: os altamente capazes e que não têm muitos recursos financeiros disponíveis e aqueles que têm MUITA grana (e que nem sempre precisam ser altamente capazes).

Recursos financeiros

Com muito dinheiro, dá para fazer a coisa dar certo “na força bruta”. Tenta, quebra, tenta, quebra, tenta, quebra, tenta, quebra de novo… Uma hora funciona, e então aciona-se uma máquina de marketing e relações públicas para divulgar (somente) essa iniciativa que deu certo. Pronto: uma imagem de sucesso está formada! Até criança é capaz de fazer sucesso assim (e existem casos).
Fazer sucesso sem ter (muito) dinheiro da família à disposição, porém, é bem diferente…

meritocracia

Capacidade

Recentemente, estive com um grupo de 12 desenvolvedores em formação. Dava para ver a qualidade dos jovens pelas perguntas feitas na palestra anterior e pela vontade de aprender estampada nos olhos daqueles jovens. Claramente, eles não tinham caminhões de dinheiro da família na garagem.
Um deles levantou dúvidas sobre a questão de “tentar e quebrar”, e senti a obrigação de ser honesto com eles em relação à questão privilégio x meritocracia (bem ilustrada no metáfora de acertar a bolinha de papel no lixo).

Tentar != Quebrar

Em discursos sobre startups, é frequente ouvir que “quebrar faz parte”. Em casos extremos há quase uma “apologia à quebra”. Eu acredito que “tentar faz parte”, mas “tentar” e “quebrar” não são sinônimos.
Como em tudo na vida, é necessário equilíbrio. Alguém que sai tentando coisas de forma irresponsável e sem se preparar não deve ser visto como exemplo. Por outro lado, uma pessoa que acreditou em sua ideia, validou, se preparou, planejou e tentou, eventualmente pode quebrar. Tentar faz parte, e o risco de quebrar existe. Nem por isso se deve sair tentando irresponsavelmente em nome da “agilidade”. Ao menos não todos…

Não é uma meritocracia

As consequências de quebrar podem ser muito diferentes dependendo do patrimônio que a pessoa (ou a família da pessoa) tem à disposição. Para quem possui um patrimônio de dezenas ou centenas de milhões, perder 500 mil não é um absurdo. Para quem só tem um apartamento de 2 quartos em bairro menos privilegiado e 2 filhos para criar, isso pode ser bem mais trágico. Quem tem grana pode usar a técnica da tentativa e erro. Quem não tem esse respaldo precisa ter uma mira mais acurada.

A metáfora do jogo de golfe

Durante essa conversa me ocorreu a metáfora de um jogo de golfe entre duas pessoas, uma muito rica e outra sem esse privilégio. Perguntei ao grupo quem ganharia a partida se um deles jogasse contra, digamos, o Thor Batista. Os olhares foram estranhos… 🙂 🙂
A grande diferença entre um deles (vamos chamar de João) e o Batista é que enquanto João tem direito a uma só bolinha, o filho do bilionário chegaria ao jogo com 1.500 bolinhas.
Batista pode perder todas as bolinhas sem grandes consequências, então ele começa, rapidamente, a atirá-las cobrindo 360 graus (“agilidade”), sem nem se preocupar para que lado é o buraco. Uma delas, eventualmente, cairá nele. Iniciativa à base da tentativa e erro.
João, por ter uma só bolinha, opta por estudar e treinar antes do jogo. Avalia a situação, o vento, o taco certo a usar, a força que deve ser colocada na tacada, etc.
Com tantas bolinhas, talvez Batista ganhe a partida na primeira rodada. Se ele não tiver essa sorte, porém, João passa a ter bem mais chances! Como Batista nem sabe qual bolinha pode ter chegado perto do buraco, ele começa o processo do zero, com mais 1.500 bolinhas financiadas pelo pai. João, por sua vez, pode não ter acertado o buraco na primeira tacada, mas com certeza sua bolinha está muito mais perto do objetivo. Suas chances são bem maiores agora. Seu estudo, planejamento e esforço têm grandes chances de vencer a sorte!

Conclusão

Não gostaria de ser mal entendido. O exemplo desse texto não deve conduzir a falsas dicotomias (“quem é capaz não tem dinheiro, quem tem dinheiro não é capaz“). Nem estou dizendo que não se deva assumir riscos. O que acho importante é avaliar o cenário em que VOCÊ se encontra antes de entrar no jogo. Nem sempre as regras são iguais para todos, e o bom jogador – aquele que provavelmente obterá bons resultados – é aquele que sabe tomar atitudes pensadas e equilibradas, com base nos recursos com os quais pode contar. Não acredite cegamente nas palestras motivacionais dos eventos. Não acredite que porque alguém teve sucesso você também terá. Absorva as informações e aplique à SUA realidade, com pensamento crítico e com muito estudo e planejamento.
E sim, TENTE! Porque só ganha o jogo quem entra em campo.

NÃO É COM PANELAS!

Sinceramente, acho que bater panela não resolve nada. Bater panela é uma forma de enganar a si mesmo ante ao próprio comodismo em relação à política.
Quem aqui já foi até a Câmara Municipal pressionar os vereadores em alguma votação? Quem já mandou um email para o vereador, depudato ou senador em que votou, cobrando uma posição?
Quem LEMBRA em quem votou para deputado 2 eleições atrás?
Muita gente nem sai do sofá para ir para reunião de condomínio!!
Bater panela é querer “passar um pano” nesse comodismo e se enganar, tentando se convencer (e convencer os outros) que é antenado politicamente.
Bater panela é a mesma coisa que ficar de fofoca, falando mal do chefe no corredor, para depois se acovardar nas reuniões, comportando-se como vaquinha de presépio para manter seu Status Quo.
Muito mais importante do que bater panelas é assumir sua posição política. É falar aberta e honestamente, sem agenda oculta nem hipocrisia, o que você quer para seu país. É discutir com seus amigos, parentes e conhecidos de forma lúcida, respeitosa e construtiva, compartilhando suas ideias e ajudando a esclarecer quem acredita em tudo que sai na mídia.
Não, eu não vou bater panelas hoje. Não porque não seja contra o Eduardo Cunha e todos que estão por trás dele. Sou totalmente contra. Não baterei panelas porque não quero me sentir ridículo.
Ao invés de bater panelas, ouvirei o que Eduardo Cunha dirá. Utilizarei do MEU discernimento para entender suas intenções.
DEPOIS DE OUVIR, manifestarei minha posição.
Porque é assim que eu acredito que se faz democracia. Ouvindo e posicionando-se.
Guardem as panelas. Barulho e botão de share sem análise crítica são duas coisas que o Brasil pode passar sem.

A questão de lógica que está desafiando o mundo

Nos últimos dias, uma escola de Cingapura realizou uma Olimpíada de Matemática para seus alunos e virou manchete mundo afora.
A questão que intrigou tanta gente é destinada a jovens de 15 anos e envolve Lógica.

A importância da Lógica

A educação do brasileiro é muito falha nesse aspecto, e os reflexos disso são evidentes (e trágicos) na vida adulta. Hoje, no Brasil, é muito comum presenciar discussões cheias de falácias lógicas. Líderes mal-intencionados conduzem legiões de analfabetos lógicos através de falácias manipuladoras. Vendedores vendem produtos desnecessários ou de baixa qualidade usando falácias.
É interessante ver que Cingapura está trabalhando esse ponto de forma muito mais eficiente, pois a maior parte dos brasileiros adultos não é capaz de resolver o desafio que eles fazem para seus jovens.
Questão de Lógica

O desafio

Dois jovens, Albert e Bernard querem descobrir a idade de Cheryl.
Cheryl dá aos dois uma lista de 10 datas e diz o mês do seu aniversário para Albert e o dia para Bernard.
Albert diz: “Não sei quando é o aniversário de Cheryl, mas sei que Bernard também não sabe.”.
Bernard diz: “A princípio não sabia quando era o aniversário de Cheryl, mas agora já sei.”.
Com isso, Albert também descobre a data.
As datas fornecidas por Cheryl são:

  • 15 de maio, 16 de maio, 19 de maio
  • 17 de junho, 18 de junho
  • 14 julho 16 de julho
  • 14 de agosto, 15 de agosto, 17 de agosto

A solução

Para resolver problemas de Lógica, um recurso interessante é uma “tabela verdade”. No problema proposto, podemos montar a seguinte tabela para representar os 10 dias fornecidos por Cheryl:
Tabela Verdade Albert

  • Bernard só tem a informação relativa ao dia do aniversário de Cheryl. Para deduzir algo, a coluna relativa ao número que ele ouviu teria que ter uma única opção.
    Em outras palavras, se Cheryl tivesse dito a ele “18”, ele poderia concluir que o mês é “junho”; se ela tivesse dito “19”, ele poderia concluir que é “maio”. Para todos os outros dias, Bernard tem mais do que uma opção de mês, portanto não pode concluir nada.
  • Albert sabe disso tudo, mas para poder afirmar que Bernard não pode tirar conclusões, ele não pode ter ouvido “maio” ou “junho”, pois “maio” deixaria aberta a possibilidade de Bernard ouvir “19” e “junho” deixaria aberta a possibilidade de Bernard ouvir “18”. Albert ouviu, portanto, “julho” ou “agosto”.

Eliminadas as possibilidades segundo o raciocínio acima, temos uma tabela menor:
Tabela 2

  • Bernard, a esse ponto, afirma que já sabe a data do aniversário de Cheryl. O que podemos concluir aqui é que ele não ouviu “14”, pois nesse caso ele não teria como concluir o mês.

A tabela fica reduzida a:
Tabela 3

  • Albert só sabe o mês, e afirma que a esse ponto também já sabe a data. O mês só pode ser “julho”, porque se fosse “agosto”, Albert não poderia tirar conclusões.
  • O aniversário de Cheryl é, portanto, dia 16 de julho.

Conclusão

Lógica é muito mais importante do que concluir a data do aniversário de uma nova amiga. Lógica é usada em raciocínios em discursos sobre política, em decisões de investimento, em escolha de soluções para problemas. Lógica é o que nos permite errar menos e depender menos da sorte.
Ensine Lógica para seu filho, porque nossas escolas não estão fazendo isso.
É sempre bom lembrar que um adulto medíocre é, normalmente, a consequência de um jovem analfabeto lógico.

Nota do blogueiro:
O problema é realmente bastante capcioso. Eu mesmo cometi um erro ao tentar resolver. Li o enunciado com pressa e fiz um raciocínio considerando que Albert sabia o dia e Bernard sabia o mês. O problema ficaria muito mais simples (e talvez mais adequado para jovens de 15 anos), o que, por outro lado, não geraria tanta polêmica. Cheguei a dizer aqui que o UOL Educação tinha publicado uma solução errada, mas me retrato. A solução do UOL está correta (a lógica deste post é a mesma utilizada por eles. Aliás, não sei se é possível utilizar outra – rs rs rs).

Porque é inteligente contratar mais mulheres

Nos últimos meses, tenho acompanhado algumas ações de inclusão de mulheres no mundo da tecnologia.
Nesse contexto, conheci pessoas fantásticas, com muita disposição para tornar nossa sociedade um lugar melhor para se viver.

GBGWomenSP
Encontro do GBG Women em São Paulo.

 
Analisando o tema, cheguei à conclusão que a decisão mais inteligente para uma empresa de tecnologia é contratar mais mulheres.
Antes de começar o raciocínio, porém, quero colocar algumas premissas que considerei:

  1. No mercado de tecnologia, a habilidade para criar e produzir não tem relação com gênero. Homens e mulheres são igualmente capazes para atuar neste setor.
  2. O número de mulheres na área de ciências, tecnologia, engenharia e matemática (STEM) é 3 vezes menor do que o número de homens.
    (fonte:  http://www.esa.doc.gov/sites/default/files/womeninstemagaptoinnovation8311.pdf)
  3. A qualificação está distribuída de forma homogênea entre os profissionais do mercado.
  4. As empresas sempre contratam os profissionais mais qualificados.

Tenho consciência que as premissas 3 e 4 não são necessariamente verdadeiras, mas utilizei-as somente para facilitar o desenvolvimento do raciocínio. Ainda assim, espero que você também conclua que a análise continua válida.
 

Distribuição da qualificação dos profissionais

Em qualquer mercado, existem profissionais melhores e piores. Nessa análise, atribuí um número (de 1 a 10) para representar a qualificação de cada profissional. De acordo com nossas premissas 1 e 3, podemos representar um universo de 20 profissionais da seguinte forma:

Se uma empresa precisar contratar 10 profissionais desse universo, e considerando a premissa 4, a melhor seleção seria a seguinte:

 

  • A relação entre homens e mulheres está balanceada
    (50% de homens e 50% de mulheres).
  • A qualificação média da empresa é 8,0.
  • Os profissionais menos qualificados possuem um nivel “6”.







 

[Má] Distribuição de profissionais por gênero

Na realidade, poucas empresas de tecnologia possuem quadros tão balanceados quanto o anterior.
Veja o que acontece quando uma empresa contrata 70% de homens e 30% de mulheres neste mesmo universo:

 

  • A qualificação média da empresa caiu para 7,6.
  • O profissional menos qualificado possui um nivel “4”.









E se levarmos a relação para 90% de homens e 10% de mulheres, teremos:

 

  • A qualificação média da empresa caiu para 6,4.
  • O profissional menos qualificado possui um nivel “2”.









Infelizmente, a maior parte das empresas se encontra em uma situação entre as últimas duas tabelas.
Pelo simples fato de termos uma distribuição menos balanceada entre gêneros, nossas empresas são menos produtivas do que empresas balanceadas.

Conclusão: Contrate mais mulheres!

Se sua empresa é composta de mais homens do que mulheres, contrate mais mulheres! Balanceie sua empresa. As vantagens trazidas por essa decisão vão bem além dos pontos abordados neste post (ambientes equilibrados são mais agradáveis, possuem maior diversidade e, consequentemente, tornam-se mais inovadores).
É a decisão mais inteligente para a sua empresa. É a decisão mais consciente para sua sociedade! 🙂
 

O gadget do ano (2014)

2014 foi um ano marcante, com coisas boas e coisas ruins. A pior delas – de longe – foi a polarização e o extremismo que marcaram as eleições. Foi o pleito mais feio e de baixo nível que já presenciei. Assunto fechado, porque é bem melhor focar nas coisas boas.

365 dias em 60 segundos

O ano passado foi particularmente interessante para mim. Assumi riscos e vi o quanto vale a pena fazer o que você acha certo e acredita. 2014 mostrou que a coisa mais errada que podemos fazer é nos acomodar naquilo que nos dá segurança, mesmo que o custo dessa segurança seja não ter prazer em sair da cama, sentir sua criatividade e potencial tolhidos e passar o dia fingindo que não vê um mar de coisas erradas, ostentando um sorriso amarelo que somatiza doenças. Já tive minha dose disso na vida e, pelo visto, aprendi a sair ileso dessa armadilha! 🙂

GBG
Uma parte das pessoas fantásticas com quem trabalhei em 2014.

Tive o prazer de conhecer por dentro uma das melhores empresas em que já trabalhei (talvez a melhor). E tive o prazer de trabalhar com gente fantástica e apaixonada. Quem conhece os GBGs sabe do que estou falando!
E o prazer não parou por aí! Estive em contato com novas tecnologias, fazendo o que mais gosto: aprendendo e compartilhando. A vedete de 2014 foi a tecnologia “wearable”, e por isso o título desse post. O que eu considero o “gadget de 2014” é uma expressão dessa tecnologia: o smartwatch Moto 360. Já já explico porque elegi particularmente este modelo.
Moto 360 e LG G Watch R
Moto 360 e LG G Watch R

OK, Google.
Para que serve o smartwatch?

Não compre um smartwatch se não tiver essa resposta muito clara em sua mente. E se você tiver, as chances de querer comprar um são enormes!
Os conceitos mais importantes são:

  1. O smartwatch NÃO É um smartphone de pulso
  2. O smartwatch é um COMPLEMENTO do smartphone
  3. O smartwatch faz você economizar o que um relógio mede: tempo!

1. O smartwatch NÃO É um smartphone de pulso

Há duas razões básicas para um smartwatch não ser um substituto do seu smartphone: o tamanho da tela e o tamanho da bateria*.

Tamanho da tela

Não dá para fazer tudo o que se faz no smartphone na tela do seu relógio. Se muita gente ainda precisa abrir uma tela de notebook para algumas responder um email mais complexo, imagine a aflição de querer fazer isso usando só o relógio. Simplesmente não rola.

Tamanho da bateria

Um smartwatch precisa – ao menos minimamente – lembrar um relógio de pulso. Apesar de existirem alguns relógios “cebolões” no mercado, a maioria das pessoas ainda prefere relógios que não causem cãimbras. Para serem leves e atraentes, não dá para exagerar na bateria. E nem precisa, porque ninguém quer passar a maior parte do dia operando um relógio (exceção feita aos dois primeiros dias de deslumbre).

* Daria até para ir além e dizer que o processador não pode ser tão potente (ao menos não atual-mente), caso contrário ele fritaria o seu pulso e deixaria você sem bateria antes da hora do almoço.

2. O smartwatch é um COMPLEMENTO do smartphone

Se a ideia não é fazer com o smartwatch tudo que se pode fazer no smartphone, então o que deve ser feito usando um relógio inteligente? A primeira resposta que me vem a mente é: NADA.
O que não significa que ELE não possa fazer algo por nós!!
E aí que entra a mágica do smartphone: o conceito de “microinteração”.

Interações x microinterações

Você INTERAGE com seu smartphone. Quando ele treme ou apita, você o tira do bolso, destrava a tela**, abre a aplicação que gerou a notificação e “consome o conteúdo” – seja uma mensagem, um email do chefe, um comentário num post seu, um selfie daquela tia que pediu ajuda para você “instalar” o pau-de-selfie que ela comprou no Promocenter…
E aí entra em ação o efeito “Jacke”. “Já que” você está com o smartphone na mão, você “bizolha” o Facebook, dá uma conferida se responderam aquele email, confere se vai chover, etc, etc, etc, até ouvir o “hum-hum”. Da pessoa que estava falando com você. Embaraçad@, você pede desculpas e el@ faz cara de quem te perdoou (não acredite nisso).
O mais impressionante não é o fato de você lembrar que já fez isso ao ler esse texto. É o fato dos usuários fazerem isso 150 vezes por dia, em média!!!
Aí que entra o smartwatch. Será que você precisa MESMO tirar o smartphone do bolso toda vez que ele vibra? E se for só [mais] uma foto da tia do pau-de-selfie? Vale a interrupção?
O smartwatch vibra bem discretamente e coloca um resumo muito sucinto do que está acontecendo em sua telinha. O suficiente para você dar aquela “olhadinha”, como se estivesse vendo as horas, sem ficar com aquela sensação de desrespeito ao seu interlocutor. Acontece uma “microinteração” que não interrompe o fluxo. Se for urgente mesmo, você pode explicar educadamente e pedir licença para interagir, mas se for algo que pode esperar, você não perde o momento. Parece um detalhe, mas faz uma diferença MUITO grande nas suas interações com seres humanos. O smartphone pode esperar.

** Sim, você PRECISA configurar seu smartphone para que ele se bloqueie. Smartphones são “perdíveis”, “roubáveis”, “esquecíveis” e “espiáveis”. E eles contém boa parte da sua vida!!! Lembre-se que um telefone destravado oferece aos curiosos acesso a todos os seus emails. E ao Facebook. E às conversas privadas do Facebook e do Whatsapp. Não está convencid@ ainda? OK… Então lembre-se do Tinder! 😛

3. O smartwatch faz você economizar o que um relógio mede: tempo!

Com essa substituição de interações por microinterações, e com o seu filtro de bom-senso ativado, você pode economizar importantes segundos, ou até minutos a cada interação. Parece bobagem, mas lembre-se que isso acontece 150 vezes por dia! Se a interação média for de 20 segundos e metade das iterações puderem esperar, é quase meia hora por dia que você ganha! Conta rápida: se alguém “custa” R$ 30/hora, um smartwatch de R$ 750 se paga em menos de 2 meses!!!
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E o Moto 360 levou essa!

Fiz esse discurso diversas vezes nos Design Sprints. Sem um smartwatch no pulso. Percebi que tinha que testar isso na prática para ter mais credibilidade, então chegou a hora de escolher um modelo. A decisão não foi difícil. Eu sou um cara “compacto” (rs rs) e não curto “cebolões”. Os relógios quadrados, além de parecerem maiores, não se parecem com relógios. São “smartwatches” demais na aparência. Achei os redondos definitivamente mais elegantes (além de não enroscar na manga comprida), e isso facilitou as coisas: sobraram o LG G Watch R e o Moto 360. Em termos de especificações técnicas, eles se equivalem. O LG tem um sensor de pressão que o Moto 360 não tem. Ambos têm pedômetro e medidor de frequência cardíaca***. Ambos são bonitos. O charme do LG está no seu aro externo, que permite que a tela seja totalmente redonda. O charme do Motorola está em não ter esse aro, o que lhe custa um corte na parte inferior da tela (ela é “quase” redonda).
Disputa equilibradíssima, levei em conta o fato de ter passado dos 40 e com isso, precisar de óculos “para perto”. Apesar de ter os mesmos pixels do LG, a tela do Moto 360 é fisicamente maior (não tem aquele aro, lembra?), e isso ajuda o velhinho aqui a ler o relógio, afinal número de ppp (pontos por polegada) maior só é bom para quem está com a vista zerada 😉
O post já está grande demais para contar o ótimo atendimento pós-venda que recebi da Motorola (que soube reverter uma pisada na bola da loja online), mas retomamos esse papo num momento oportuno!

*** O medidor de frequência cardíaca é bom para ter uma referência, mas não recomendo para quem quer fazer um acompanhamento mais sério. Eu uso nos deslocamentos de bike (20 minutos em média) e o smartwatch faz umas 5 ou 6 amostragens nesse período (imagino que ficar medindo toda hora consumiria muita bateria). É legal para ter uma ideia se você está se condicionando, mas o relógio não avisa se na subida da Hélio Pelegrino seu coração passar de 160 bpm.

Não sei carro ou se compro uma bicicleta…

Acabo de tomar uma decisão de compra. Criteriosa, e muitas vezes por isso meus amigos me chamam de “mão-de-vaca”, mas eu não ligo. Orgulho-me de valorizar meu dinheiro tanto quanto orgulho-me da forma que o obtenho.
Na realidade, acabo de fazer uma sucessão de decisões. A primeira, e que espero que seja saudável e gratificante, é a de começar a ir trabalhar de bicicleta. Fiz 2 “reconhecimentos de terreno” indo até a empresa de bike num domingo e num feriado. Foi muito tranquilo e resolvi testar num dia normal. Foi o suficiente para decidir deixar o carro em casa. Ok… talvez não abandone o fiel Polo com mais de 10 anos nos dias de chuva, afinal ele tem sido um bom companheiro! 😉
Tomada esta decisão, resolvi fazer um “upgrade” de bike. Minha Caloi Aspen, simples de tudo, também tem sido uma boa companheira por mais de 10 anos. No caso dela, o abandono tem sido culpa minha…
Ano 2014, então compras começam pela Internet. Pesquisei bicicletas novas e usadas, defini um orçamento e selecionei alguns produtos que se encaixavam nele. Só que faltavam alguns detalhes para sentir-me confortável para comprar uma bike. A primeira coisa: ver a bike fisicamente (o Facebook já provou que todo mundo pode sair bem em ao menos uma foto!). 🙂
Escolhi uma bike que me agradou no mundo virtual e fui até uma loja. Centauro. Chegando lá, olhei diversas bicicletas e, principalmente, examinei “tim-tim-por-tim-tim” o modelo que tinha pré-selecionado. Como sou humano, senti o impulso de levar.
Luciano: “Você faz o preço do site?” (na loja física a bike estava R$ 250,00 mais cara)
Vendedor: “Ah, não dá!”
L: “Ué… se no site dá, por que aqui não dá?”
V: “Ah, senhor, é que o site não tem o custo do aluguel, luz, água, o salário do vendedor, etc.”
L: “Deixa eu entender. Então você está dizendo que eu tenho que voltar pra casa e comprar no site? E que não tenho que pagar pelo seu serviço?”
V: “Olha, o que eu posso fazer é parcelar o pagamento.”
L: “O site também parcela!”
V: “Mas se comprar com a gente, o senhor já sai com a bike montada, regulada.”
L: “E isso vai custar R$ 250 para mim. Não vale! Não tem um gerente para eu conversar?”
O vendedor chama a gerente…
Gerente: “Olha, a gente sabe que muita gente reclama disso. Já discutimos isso em reuniões nossas, mas a direção definiu assim.”
L: “Desculpe a franqueza, mas é uma decisão burra da direção!”
G: “Eu sei, mas sabe… é que tinha gente que usava de má-fé.”
L: “Como assim, minha senhora? É só entrar no site e ver se o preço é aquele!!”
G: “É que tinha vendedor que, para dar desconto, falava que o cliente tinha visto no site.”
L: “Ah… e isso é má-fé… cobrar R$ 250 a mais do que poderia cobrar é uma super boa-fé, né?!”
Nem preciso dizer que saí de lá sem a bike, né? (E o vendedor sem a comissão, que seria a mais rápida do dia, uma vez que ele não teria precisado gastar tempo comigo). Mais ridículo ainda foi constatar que comprando pelo site, posso levar a bike para a loja física para que ela seja montada e regulada!!! Em outras palavras, por uma “decisão da direção”, eles têm que mandar a bicicleta para mim (e pagar o frete), e eu tenho que levá-la de volta para eles, sendo que a bicicleta já está lá…
O mais curioso é que a imagem que eles acabam passando é a seguinte: o vendedor é um “peso morto” que encarece o preço do produto, não agrega informação e não se importa com o cliente. A dica para comprar algo é: vá até a loja física, conheça, experimente, tome tempo do vendedor, tome até um café. Depois não pague por nada disso, volte para casa e compre na loja online (e insatisfeito com o atendimento da loja física).
Estranho, né?
Aí vem a última parte da cadeia de decisões…
Como é que eu, inexperiente em ciclismo, vou escolher a melhor bike? Qual a diferença entre um câmbio dianteiro Shimano FD-MTZ30 Top Route e um Shimano Altus M311 Down Swing – 8v??? E ainda tem o câmbio traseiro, os passadores, os cubos, as pedivelas, os freios V-Brake ou a disco, a suspensão, os aros, os pneus, o tamanho do quadro…
Fiz o que qualquer um faria: procurei quem entende. E onde você acha alguém que entende e que você possa confiar que vai pensar no teu interesse? (infelizmente, muitos vendedores pensam mais na comissão deles). O cara precisa ser seu amigo, então o lugar é: na sua rede social. E hoje, isso significa: nas mídias sociais.
Não demorou para que os amigos “bikers” começassem a dar dicas e levantar detalhes para os quais eu, sozinho, jamais atentaria. Para a cidade, pneus mais finos e lisos são melhores. Suspensão traseira só tira energia. Para-lamas e bagageiro são cruciais…
Uma boa rodada de perguntas e respostas (e o mais legal é que online, um complementa a opinião do outro) e em pouco tempo tomei minha decisão. Por um momento pensei em gastar bem mais, mas com a ajuda dos especialistas, encontrei o produto certo para a minha necessidade, gastando o mínimo daquele dinheiro que eu tanto “regulo”.
Resumo da ópera:

  1. O e-commerce no Brasil precisa evoluir muito. As informações nos sites não são, nem de longe, suficientes para a tomada de decisão;
  2. As empresas precisam entender melhor o e-commerce. Uma cadeia como a Centauro não pode ver sua própria loja online como concorrente. Foi, sim, burrice não ter feito a venda na loja pelo preço do site.
  3. A tomada de decisão passa SIM pela sua rede social. E sua rede social está SIM nas mídias sociais. Empresas que não derem importância para isso estarão, no mínimo, perdendo a oportunidade de aprender o que fazer para que nosso círculo de amizades recomende os seus produtos nas mídias sociais.
  4. Escolher pela bike foi uma decisão acertada. Mesmo antes de começar, já estreitei laços com ótimos amigos. Obrigado Fábio Takeuchi, Cláudio Kerber, Giovanni Bassi, Dani Pepe, Victor Zamora, Alã Costa, Carol Martinez e Adriano Machado pela ajuda.

Ah… a decisão final? A Oxer XR210 da Centauro mesmo, que vou comprar… pelo site!
PS: Sei que o título está errado, mas de vez em quando a gente tem que sair um pouco do convencional, né? 😉 😉

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