O gadget do ano (2014)

2014 foi um ano marcante, com coisas boas e coisas ruins. A pior delas – de longe – foi a polarização e o extremismo que marcaram as eleições. Foi o pleito mais feio e de baixo nível que já presenciei. Assunto fechado, porque é bem melhor focar nas coisas boas.

365 dias em 60 segundos

O ano passado foi particularmente interessante para mim. Assumi riscos e vi o quanto vale a pena fazer o que você acha certo e acredita. 2014 mostrou que a coisa mais errada que podemos fazer é nos acomodar naquilo que nos dá segurança, mesmo que o custo dessa segurança seja não ter prazer em sair da cama, sentir sua criatividade e potencial tolhidos e passar o dia fingindo que não vê um mar de coisas erradas, ostentando um sorriso amarelo que somatiza doenças. Já tive minha dose disso na vida e, pelo visto, aprendi a sair ileso dessa armadilha! 🙂

GBG
Uma parte das pessoas fantásticas com quem trabalhei em 2014.

Tive o prazer de conhecer por dentro uma das melhores empresas em que já trabalhei (talvez a melhor). E tive o prazer de trabalhar com gente fantástica e apaixonada. Quem conhece os GBGs sabe do que estou falando!
E o prazer não parou por aí! Estive em contato com novas tecnologias, fazendo o que mais gosto: aprendendo e compartilhando. A vedete de 2014 foi a tecnologia “wearable”, e por isso o título desse post. O que eu considero o “gadget de 2014” é uma expressão dessa tecnologia: o smartwatch Moto 360. Já já explico porque elegi particularmente este modelo.
Moto 360 e LG G Watch R
Moto 360 e LG G Watch R

OK, Google.
Para que serve o smartwatch?

Não compre um smartwatch se não tiver essa resposta muito clara em sua mente. E se você tiver, as chances de querer comprar um são enormes!
Os conceitos mais importantes são:

  1. O smartwatch NÃO É um smartphone de pulso
  2. O smartwatch é um COMPLEMENTO do smartphone
  3. O smartwatch faz você economizar o que um relógio mede: tempo!

1. O smartwatch NÃO É um smartphone de pulso

Há duas razões básicas para um smartwatch não ser um substituto do seu smartphone: o tamanho da tela e o tamanho da bateria*.

Tamanho da tela

Não dá para fazer tudo o que se faz no smartphone na tela do seu relógio. Se muita gente ainda precisa abrir uma tela de notebook para algumas responder um email mais complexo, imagine a aflição de querer fazer isso usando só o relógio. Simplesmente não rola.

Tamanho da bateria

Um smartwatch precisa – ao menos minimamente – lembrar um relógio de pulso. Apesar de existirem alguns relógios “cebolões” no mercado, a maioria das pessoas ainda prefere relógios que não causem cãimbras. Para serem leves e atraentes, não dá para exagerar na bateria. E nem precisa, porque ninguém quer passar a maior parte do dia operando um relógio (exceção feita aos dois primeiros dias de deslumbre).

* Daria até para ir além e dizer que o processador não pode ser tão potente (ao menos não atual-mente), caso contrário ele fritaria o seu pulso e deixaria você sem bateria antes da hora do almoço.

2. O smartwatch é um COMPLEMENTO do smartphone

Se a ideia não é fazer com o smartwatch tudo que se pode fazer no smartphone, então o que deve ser feito usando um relógio inteligente? A primeira resposta que me vem a mente é: NADA.
O que não significa que ELE não possa fazer algo por nós!!
E aí que entra a mágica do smartphone: o conceito de “microinteração”.

Interações x microinterações

Você INTERAGE com seu smartphone. Quando ele treme ou apita, você o tira do bolso, destrava a tela**, abre a aplicação que gerou a notificação e “consome o conteúdo” – seja uma mensagem, um email do chefe, um comentário num post seu, um selfie daquela tia que pediu ajuda para você “instalar” o pau-de-selfie que ela comprou no Promocenter…
E aí entra em ação o efeito “Jacke”. “Já que” você está com o smartphone na mão, você “bizolha” o Facebook, dá uma conferida se responderam aquele email, confere se vai chover, etc, etc, etc, até ouvir o “hum-hum”. Da pessoa que estava falando com você. Embaraçad@, você pede desculpas e el@ faz cara de quem te perdoou (não acredite nisso).
O mais impressionante não é o fato de você lembrar que já fez isso ao ler esse texto. É o fato dos usuários fazerem isso 150 vezes por dia, em média!!!
Aí que entra o smartwatch. Será que você precisa MESMO tirar o smartphone do bolso toda vez que ele vibra? E se for só [mais] uma foto da tia do pau-de-selfie? Vale a interrupção?
O smartwatch vibra bem discretamente e coloca um resumo muito sucinto do que está acontecendo em sua telinha. O suficiente para você dar aquela “olhadinha”, como se estivesse vendo as horas, sem ficar com aquela sensação de desrespeito ao seu interlocutor. Acontece uma “microinteração” que não interrompe o fluxo. Se for urgente mesmo, você pode explicar educadamente e pedir licença para interagir, mas se for algo que pode esperar, você não perde o momento. Parece um detalhe, mas faz uma diferença MUITO grande nas suas interações com seres humanos. O smartphone pode esperar.

** Sim, você PRECISA configurar seu smartphone para que ele se bloqueie. Smartphones são “perdíveis”, “roubáveis”, “esquecíveis” e “espiáveis”. E eles contém boa parte da sua vida!!! Lembre-se que um telefone destravado oferece aos curiosos acesso a todos os seus emails. E ao Facebook. E às conversas privadas do Facebook e do Whatsapp. Não está convencid@ ainda? OK… Então lembre-se do Tinder! 😛

3. O smartwatch faz você economizar o que um relógio mede: tempo!

Com essa substituição de interações por microinterações, e com o seu filtro de bom-senso ativado, você pode economizar importantes segundos, ou até minutos a cada interação. Parece bobagem, mas lembre-se que isso acontece 150 vezes por dia! Se a interação média for de 20 segundos e metade das iterações puderem esperar, é quase meia hora por dia que você ganha! Conta rápida: se alguém “custa” R$ 30/hora, um smartwatch de R$ 750 se paga em menos de 2 meses!!!
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E o Moto 360 levou essa!

Fiz esse discurso diversas vezes nos Design Sprints. Sem um smartwatch no pulso. Percebi que tinha que testar isso na prática para ter mais credibilidade, então chegou a hora de escolher um modelo. A decisão não foi difícil. Eu sou um cara “compacto” (rs rs) e não curto “cebolões”. Os relógios quadrados, além de parecerem maiores, não se parecem com relógios. São “smartwatches” demais na aparência. Achei os redondos definitivamente mais elegantes (além de não enroscar na manga comprida), e isso facilitou as coisas: sobraram o LG G Watch R e o Moto 360. Em termos de especificações técnicas, eles se equivalem. O LG tem um sensor de pressão que o Moto 360 não tem. Ambos têm pedômetro e medidor de frequência cardíaca***. Ambos são bonitos. O charme do LG está no seu aro externo, que permite que a tela seja totalmente redonda. O charme do Motorola está em não ter esse aro, o que lhe custa um corte na parte inferior da tela (ela é “quase” redonda).
Disputa equilibradíssima, levei em conta o fato de ter passado dos 40 e com isso, precisar de óculos “para perto”. Apesar de ter os mesmos pixels do LG, a tela do Moto 360 é fisicamente maior (não tem aquele aro, lembra?), e isso ajuda o velhinho aqui a ler o relógio, afinal número de ppp (pontos por polegada) maior só é bom para quem está com a vista zerada 😉
O post já está grande demais para contar o ótimo atendimento pós-venda que recebi da Motorola (que soube reverter uma pisada na bola da loja online), mas retomamos esse papo num momento oportuno!

*** O medidor de frequência cardíaca é bom para ter uma referência, mas não recomendo para quem quer fazer um acompanhamento mais sério. Eu uso nos deslocamentos de bike (20 minutos em média) e o smartwatch faz umas 5 ou 6 amostragens nesse período (imagino que ficar medindo toda hora consumiria muita bateria). É legal para ter uma ideia se você está se condicionando, mas o relógio não avisa se na subida da Hélio Pelegrino seu coração passar de 160 bpm.

6 comentários em “O gadget do ano (2014)”

  1. Olá Luciano, tudo bem. Tenho uma duvida? dá para usar o relógio junto com o runkeeper?
    Digo isso pelo fato do relógio possuir o medidor de frequência cardíaca.
    Porque ao invés de comprar um relógio da Garmin com cinta de frequencímetro eu compraria o moto 360 😉

    1. Oi Marchetti!!
      Quando eu comecei a usar o Moto 360 para acompanhar minhas pedaladas, as apps compatíveis com Android Wear que achei foram o Runtastic Pro e o Endomondo.
      Eu usava o Runtastic na versão Mountain Bike e não funcionou. Aí abandonei o Runtastic e migrei os dados para o Endomondo.
      Da lá para cá a coisa parece ter mudado, pois o RunKeeper passou a suportar o Android Wear: https://support.runkeeper.com/hc/en-us/articles/202988016-How-to-use-RunKeeper-with-Android-Wear
      Repare que você terá que correr/pedalar com o smartphone (eu levo na mochila – é bem mais seguro), porque o relógio não tem GPS e a conexão com a Internet depende do smartphone.
      O Moto 360 não substitui completamente um frequencímetro de cinta. Com a cinta, você tem um acompanhamento praticamente “em tempo real” e pode ser avisado quando ultrapassou um limite de batimentos pré-determinado (dependendo do relógio/app que estiver usando). O Moto 360 vai te dar medidas espaçadas de alguns minutos, e com uma precisão bem menor do que a cinta. Dependendo da posição do relógio no pulso, a leitura pode nem acontecer. Eu notei uma grande diferença entre os “máximos” medidos pelo Moto 360 e pela cinta.
      Só recomendo o Moto 360 para um acompanhamento superficial, para você acompanhar sua “tendência” em relação ao seu condicionamento. Se batimento cardíaco for uma preocupação séria para você, recomendo um dispositivo mais preciso 😉
      Abração!!!

  2. Ola Luciano. Encontrei esse post procurando sobre smartwatch, LG e runstatic.
    Desculpe abusar, mas tenho algumas duvidas.
    Funciona com runtastic road bike?
    Esta difícil encontrar informações se é possível mostrar no display do relógio a frequência cardíaca (por cinta) e também a cadencia.
    O funcionamento do moto 360 e do LG watch são parecidos nessas funções?

    1. Olá Flávio,
      Não é abuso algum! A ideia aqui é discutir e compartilhar – você está agregando com sua pergunta!
      Quando eu adquiri o Moto 360, tive que mudar o software que usava para acompanhar minhas pedaladas porque ele não suportava o Android Wear (sistema operacional do Moto 360 e do LG Watch).
      Passei a usar o Endomondo (uso até hoje), que faz o que você está procurando. No entanto, aparentemente o Runtastic também já suporta o Android Wear: https://www.runtastic.com/blog/en/technology/runtastic-smartwatch-and-app-integration/
      Uma dica é: se for para um acompanhamento sério da frequência cardíaca, não se atenha ao sensor do relógio. Ele é impreciso e lento (no caso do Endomondo, ele só faz leituras de vez em quando, talvez para economizar bateria). O ideal é uma cinta bluetooth, que pode “parear” com o smartphone (você tem que levar o Smartphone junto, porque o aplicativo usa recursos do smartphone como GPS e conectividade à Internet).
      Neste caso (em que a precisão vai ser dada pela cinta e não pelo sensor do relógio), o Moto 360 e LG Watch são equivalentes, já que ambos rodam o mesmo sistema operacional.
      Outra observação importante: ao usar o Endomondo para acompanhar as pedaladas, o consumo da bateria aumenta drasticamente. Ela aguenta entre 2 e 3 horas de pedalada (está pior do que eu! Rs rs rs).

      1. Obrigado pela resposta.
        Estou instalando esses apps e testando. Já tenho cinta FC e sensor de cadencia BlueTooth. Infelizmente o Endomondo, nem o runtastic normal, não aceita sensor cadencia bluetooth, somente ANT+. Fico restrito ao Runtastic road bike, strava e outros menos conhecidos.
        Minha pesquisa esta nas infos do display dos smartwatchs. Super difícil de ver exemplos práticos. Principalmente nessa pegada de substituir o ciclocomputador por um relógio.
        Ainda tenho que algumas opções, o Pebble (que cai no mesmo problema dos outros), testar o smartwatch u8 bomba chinesa de R$100 ou desencanar do relógio e comprar um celular pequeno e baratinho para colocar no avanço do guidão e ficar mesmo como um ciclocomputador alternativo. 🙂
        Caramba! A bateria do relógio dura entre 2 e 3 horas? Isso também não aparece nos poucos reviews.

        1. Oi Flávio,
          Desculpe a demora em responder.
          Esclarecimento rápido: a bateria dura 2 a 3 horas quando estou com o Endomondo ativo. Com um uso normal, ela dura o dia todo. O problema é que só dá para carregar o relógio com a sua base.
          Boa sorte nas suas experiências tecnológicas 🙂 🙂 Conte suas conclusões depois! 😉
          Abraço!
          Luciano

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