Empresas

O Brasil vai pular a onda das Mídias Sociais?

[tweetmeme source=”lucianopalma” only_single=false]

Falar sobre Midias Sociais é cool.
Mesmo quem não está muito por dentro faz uma tremenda cara de conteúdo quando o assunto vem à tona.
Pergunte a qualquer gerente de marketing se ele já incluiu Mídias Sociais em sua estratégia e você receberá um retumbante “SIM!”.

Mas será que a realidade é mesmo essa?

Recentemente recebi uma pergunta via Twitter: “Quais empresas brasileiras utilizam bem as mídias sociais?
Alguns casos me vieram à mente… mas infelizmente não eram empresas brasileiras!
Procurei uma resposta; eu realmente queria um bom exemplo nacional.
Tecnisa? Fiat Mio? Não eram exatamente o que buscava. Twix? Ups, pula, pula… outra… Dell? Não, não; na minha opinião aquilo é Social Spam

Não consegui achar exemplos de empresas que estejam REALMENTE se conectando a seus clientes através de Mídias Sociais no Brasil. “Conectar”, no caso, não é simplesmente USAR mídias sociais no antigo esquema broadcast – a empresa falando e o consumidor ouvindo, passivamente.
Conectar é ouvir de verdade (e não dizer isso da boca prá fora e provar com relatórios que só convencem o próprio departamento de marketing).
Conectar é responder quando solicitado, é disponibilizar a informação desejada, é entender o que o cliente quer e oferecer exatamente aquilo.
Conectar é tratar o consumidor com o respeito que ele merece.

Mídias Sociais só fazem sentido quando o ponto de partida é esse: respeito pelo consumidor.

E o consumidor brasileiro merece respeito?

Esse é um assunto polêmico. Talvez algumas pessoas mais ufanistas se incomodem com a análise que farei, mas alguém tem que se arriscar! Então aí vou eu…

A falta de respeito pelo consumidor que reina no Brasil não é culpa das empresas. O consumidor brasileiro, por si só, respeita-se pouco. Não é exigente. Não briga por seus direitos. Deixa passar.

Você conhece alguém que devolve produtos com defeito? Que reclama de prazos não atendidos? Que abre reclamações na Anatel e na Aneel? Talvez sim. Sabe como ele é conhecido? “O chato”!

Pois é! O cara que cobra seus direitos, no Brasil, é chato! É bem mais razoável aquele que deixa prá lá.
Esquentar prá que? “É só um defeitinho”,  “Reclamar não adianta”, “Não vale o stress”, “Aqui é assim mesmo”.
São expressões comuns de desencorajamento, que colocam o conformismo (e o comodismo) acima do respeito próprio.

Percebi isso numa situação real: a compra de um carro. Com defeito. Simplesmente TODAS as pessoas com quem comentei o fato aconselharam a deixar prá lá.
No Brasil, não se troca carro”, ouvi de muitos. De fato, a montadora (Ford) afirmou a mesma coisa.

Pois então eu sou Chato. E fui atrás dos meus direitos. Consegui trocar o carro por outro novo.
E o outro também veio com defeito. “Desencana, você não vai conseguir nada”, eu continuava ouvindo.
Continuei sendo Chato! E consegui ter meu dinheiro de volta!

Sim – no Brasil -  eu consegui trocar um carro zero com defeito por outro, e consegui devolver o segundo carro e ter meu dinheiro de volta!
Neste país, as leis existem e funcionam. O que parece não funcionar é o consumidor!

O que isso tem a ver com Mídias Sociais?

Tudo!

Se “Mídias Sociais só fazem sentido quando o ponto de partida o respeito pelo consumidor”, o uso REAL de Mídias Sociais pode vir a ser desconsiderado por empresas que não tenham este respeito.

Empresas pensam em números. E muitas, infelizmente, seguem a linha: “Se só tem um chato que exige a troca de um carro com defeito, prá que se preocupar com ele? Ele é só um. Enquanto ele reclama, tem outros milhares comprando e não ligando pro defeito. Corrigir prá que? Atender esse chato prá que? Deixa ele reclamar sozinho!”.

Você acha que estou exagerando? Então procure exigir seus direitos e veja a canseira que as empresas brasileiras lhe darão. Normalmente, elas procuram vencer pelo cansaço, medo ou desinformação. Tem que ser um chato muito persistente para ser respeitado.

Num ambiente onde se pensa assim, é muito mais fácil alguém na empresa criar uma iniciativa de Redes Sociais só para sair bem na foto e convencer os dirigentes que a empresa já está na crista da onda. Claro que esta iniciativa será uma casquinha de maquiagem – uma conta no Twitter, uma Página de Fãs no Facebook, ou o infame viralzinho – que só tem efeito de vírus no bolso da empresa.

Uns fingem que fazem, outros fingem que acreditam, e assim o hype das “Mídias Sociais” vai sendo desfrutado pelos espertinhos de plantão…

E você? Acredita?

Talvez você não ache que a oportunidade esteja perdida e ainda acredite muito na idéia das Mídias Sociais.
Eu também!

Acredito que há muito espaço para atuar neste setor com satisfação e orgulho. Acredito nas Mídias Sociais não somente pelas suas características, mas como meio para que empresas que realmente respeitam o consumidor se destaquem no mercado e obtenham o merecido sucesso.
Declarei isso recentemente como minha missão.

Se você também acredita, temos um grande desafio pela frente: servir de exemplo para que cada vez mais pessoas que ficam na dúvida entre o conformismo e o respeito por si próprios, tendam para o lado do respeito.

Fazendo isso, conseguiremos demonstrar o verdadeiro valor (e poder) das Mídias Sociais, inserindo o Brasil no contexto de países que de fato aprenderam a usufruir as Redes Sociais, ao invés de desperdiçar esta oportunidade e deixar a onda passar (favorecendo somente o pessoal “da maquiagem e da máscara”).
A oportunidade para gerar muitos exemplos para responder à pergunta do Twitter está ao nosso alcance.

Topa?

Interrupção ou Significado? Alguma dúvida sobre o lado a escolher?

[tweetmeme source=”lucianopalma” only_single=false]
A maior parte dos livros sobre Mídias Sociais aborda a questão da “inversão do vetor do Marketing”, ou a mudança do Broadcast para o Socialcast.
De fato, hoje o valor das recomendações é mais forte do que nunca, e a comunicação “horizontal” (entre pessoas comuns) é tão relevante quanto a comunicação “vertical” (empresa-consumidor). Ou até mais!
Há, porém, outra mudança em andamento na forma de comunicação entre empresas e consumidores.
A transição que está acontecendo em paralelo é a adoção de mensagens com significado ao invés de mensagens de interrupção.

Mensagens de Interrupção

São as mensagens que estamos acostumados a receber, normalmente através do principal meio de comunicação de massa (broadcast) – a televisão. Os comerciais de TV são tão interruptivos que sua veiculação ocorre no “intervalo” da programação. O filme é dolorosamente esfaqueado, normalmente nos momentos de maior suspense, para que o espectador seja obrigado a assistir os comerciais.
Essa propaganda “goela abaixo”, tão utilizada durante tanto tempo, pode ter efeitos até mesmo contrários aos planejados.
Traduzi livremente um trecho do livro “The next evolution of Marketing”, de Bob Gilbreath, que ilustra isso:

“A interrupção, por si só, é irrelevante.
Quando há uma interrupção abruta de uma dada atividade, nós estamos treinados a olhar através da interrupção e continuar aquilo que estávamos fazendo, pensando ou assistindo antes. Um estudo realizado por Moshe Bar, diretor do Laboratório de Neurocognição Visual da Escola de Medicina de Harvard, mostra que quando forçamos espectadores a assistir anúncios, na realidade estamos comprometendo nossas vendas. De acordo com Bar:
Experimentos em psicologia cognitiva demonstraram que quando as pessoas precisam ignorar um estímulo de forma a atingir outro objetivo, além de ficarem incomodadas, elas acabam realmente detestando a distração. E este aborrecimento é muito específico ao estímulo. Portanto, se estou interessado no placar de um jogo, mas sou forçado a assistir um comercial de um novo vinho merlot antes, é provável que criarei uma aversão àquela marca de merlot, o que proporcionará ao anunciante um efeito oposto ao pretendido.’”
Bob Gilbreath, em “The next evolution of Marketing”, com citação de Moshe Bar.

Isso ficou muito evidente no domingo passado, quando a Rede Globo interrompeu a transmissão do GP da Europa de Fórmula 1 e deixou de transmitir as imagens do pódio – diga-se de passagem, imagens das quais a Globo detém a exclusividade – para veicular comerciais dos patrocinadores da Copa do Mundo.
As pesquisas de Bar (confira este artigo) dizem que aqueles anunciantes estão criando uma imagem negativa na mente dos consumidores. De fato, o que você pensa na hora é: “Eu queria estar vendo a ‘festa do champagne’ ao invés dos comerciais da Coca-cola, Itaú, Brahma, Oi, Fiat e Olimpikus”.
Possivelmente, estas marcas estão gravadas na mente dos fãs da F1 como “aquelas que interromperam o evento que eu queria ver”. Nada bom…

Mensagens de Significado

Se interromper é inadequado, como uma empresa pode prender a tão disputada atenção do consumidor?
Simples: elabore uma mensagem que tenha algum significado para seu receptor. Seu cliente não quer saber de você. Ele quer saber DELE. Ele não compra de você para lhe ajudar. Ele compra porque ele quer satisfazer A SI PRÓPRIO. Ele não vai (e nem deve) trocar o dinheiro dele por algo que é bom para você, mas por algo no qual ELE vê valor.
Acho que isso deixa bem claro que para convencer um consumidor a escolher seu produto, você não deve falar do SEU ponto de vista, ou seja, enobrecendo O SEU produto, mas sim do ponto de vista DELE, das necessidades que ELE tem, dos desejos que ELE tem, das expectativas que ELE tem.
O segredo é falar COM seu cliente, SOBRE seu cliente. Uma mensagem com a qual ELE se identifique. Uma mensagem que ELE peça para continuar. Desperte nele a sensação de ter sido entendido e amparado para suprir suas necessidades. Uma conversa com SIGNIFICADO para ELE.
E adivinhe! Ao final desta conversa, seu cliente vai perceber que ele poderá alcançar algo significativo ATRAVÉS dos seus produtos ou serviços. Ele não comprará SEU produto, mas satisfará uma necessidade DELE através do seu produto.
Imagine como a “programação” que você fará na mente deste consumidor será diferente daquela das empesas que – DAMN IT!!! – me impediram de ver o pódio da F1!

Palestra no Social Media Brasil: Mídias Sociais para Empresas

[tweetmeme source=”lucianopalma” only_single=false]
Hoje, 24/6, é o primeiro dia do Social Media Brasil.
O tema de minha palestra é “Mídias Sociais para Empresas – como partir da Estratégia e chegar à Execução com Sucesso”. Um nome grande, que reflete a extensão do assunto.
Com tudo o que vem sendo publicado sobre Redes Sociais (é rara a semana que um meio de comunicação importante não toque no assunto), muitas empresas estão se mobilizando para atuar nas Mídias Sociais,
É um movimento muito positivo para a maioria das empresas, mas conforme já discutido antes, é uma ação que deve ser realizada com profissionalismo – com muito estudo e planejamento.
”Sair fazendo” é muito arriscado, porque pode gerar desde efeitos pouco relevantes (melhor caso) até catástrofes para a imagem da empresa.

Tem que acreditar…

Já vi muitas empresas implementarem projetos olhando para o lado e copiando o que os outros estão fazendo.
Isso é muito comum quando chega uma ordem top down de alguém que ouviu um novo galo cantar e, do dia para a noite, decidiu que quer ter o brinquedo novo.
Se alguém perguntar sobre o projeto 2 anos depois, não é de se admirar que ninguém lembre do que se trata.
Projetos que nascem assim podem até gerar relatórios bonitos e – eventualmente – alguma promoção, mas normalmente não trazem benefícios significativos para a empresa – muito menos duradouros.
Um projeto de Mídias Sociais precisa ser absorvido pela empresa e comunicado claramente. Implica em envolvimento e capacitação de praticamente todos os funcionários da empresa.

Participe da discussão!

Acompanhe a discussão do Social Media Brasil – confira os slides da palestra no Prezi, no Slideshare ou ainda, assista ao vídeo.

Tendo participado do evento ou não, vamos continuar esta conversa através deste blog ou de qualquer outra forma de “socializarmos em rede”. Recursos para isso é que não faltam, então o que você está esperando?! Comente! 😉

Inovação e Fantasias

[tweetmeme source=”lucianopalma” only_single=false]
Em 2010, a palavra da moda para as empresas é “Inovação”.
Isto está gerando uma enorme ironia, com muitas empresas conservadoras tentando “carimbar” seus produtos como inovadores, alegando algumas pequenas melhorias tecnológicas (e não verdadeiras inovações que – diga-se de passagem – nem sempre estão diretamente associadas à tecnologia…)
É como se as empresas assistissem os desfiles de moda à la ** Fashion Week (no caso de empresa, relatórios de instituições como o Gartner) e com base nisso elaborassem suas fantasias para o Carnaval.

– “De que você vai fantasiado este ano”?
– “Deixe-me consultar o Gartner… ano passado eu fui de “virtualização” porque ele assim disse; esse ano… …achei! Tenho que ir de “inovação”!”

Mantendo o tema da metáfora, é como alguém querer inovar em sua fantasia de Carnaval colando na roupa tradicional algo que magicamente a transformaria em “inovação”.
Na falta de maior capacidade de criação (criatividade), a pessoa pega uma fantasia de Pierrot (200 anos, talvez?) e coloca modernos leds azuis na fantasia toda.
Não economiza no orçamento, que é para garantir o sucesso, e… Pronto! Checklist cumprido! Inovação implementada! “Gartner, qual a próxima tarefa?
Enquanto isso, um garoto criativo, com orçamento de estudante, se fantasia de “Orkut” (vide foto).
Fantasia de Orkut
http://www.portalpower.com.br/wp-content/uploads/fantasia_orkut.jpg
Adivinhe qual dos dois causa mais impacto…
As empresas não querem mudanças estruturais (isso afetaria o Status Quo); querem continuar trabalhando no mesmo modelo, usando as mesmas regras (“obedeça o chefe”), mas querem ser vistas como inovadoras e dinâmicas.
Irônico, não?
Daqui a 2 anos, ninguém deve se lembrar dos leds azuis do Pierrot, mas a fantasia de Orkut já tem 2 anos e ainda me lembro dela. Talvez você também se lembre da idéia daqui a 2 anos.
O garoto Orkut foi inovador; o Pierrot só seguiu mais um “hype”…

Qual das personagens você pretende ser?

A “má notícia” é que não dá para todo mundo ser inovador. De acordo com Everett M. Rogers, em seu livro “Diffusions of Innovations” (1962), somente 2,5% da população é composta por inovadores.
Difusão da Inovação
http://en.wikipedia.org/wiki/File:Diffusionofideas.PNG
Veja abaixo as características de cada perfil e confira em qual deles você encaixaria cada empresa.
Fiquem à vontade para enviar suas avaliações (pode ser através de comentários). Se ao menos 15 pessoas enviarem nomes, prometo publicar um “ranking” com a percepção de vocês.

Innovators

São geradores e também caçadores de novas idéias.
Desafiam os demais a pensar e olhar para o mundo de uma forma diferente.

Early Adopters

Também são impulsionados por novas idéias e tecnologias, e logo reconhecem o valor das inovações. Assumem o risco de eventuais imperfeições porque acreditam no potencial das idéias.

Early Majority

Têm mentalidade mais prática, focada em resultados, porém demonstram uma certa abertura a novas idéias.

Late Majority

Não têm tanta abertura para novas idéias, porém seguem a maioria quando uma inovação já demonstrou seu potencial (e que a esse ponto, já não é mais uma inovação…).

Laggards

Só adotam um produto novo quando o que utilizam tradicionalmente sai de fabricação.
Atualização: Preencha a pesquisa ‘Empresas Inovadoras‘ clicando aqui.
[polldaddy survey=”E23E8DB16BAFCFAA” type=”button” title=”Pesquisa: Empresas Inovadoras” style=”rounded” text_color=”FFFFFF” back_color=”696969″]
(com inspirações do livro “Start with Why”, de Simon Sinek)
Twitter do Palma Facebook do Palma Linkedin do Palma

A formiga, a cigarra, o marimbondo, a barata, a mosca…

[tweetmeme source=”lucianopalma” only_single=false]
Num passeio pela Escola de Redes me deparei com o texto abaixo, postado pelo @augustodefranco e com créditos para Cláudia Amaral.
Se La Fontaine tivesse vivido nos dias de hoje, provavelmente teria escrito uma estória muito parecida…

Todos os dias, uma formiga chegava cedinho ao escritório e pegava duro no trabalho.
A formiga era produtiva e feliz.
O gerente marimbondo estranhou a formiga trabalhar sem supervisão.
Se ela era produtiva sem supervisão, seria ainda mais se fosse supervisionada.
E colocou uma barata, que preparava belíssimos relatórios e tinha muita experiência, como supervisora.
A primeira preocupação da barata foi a de padronizar o horário de entrada e saída da formiga.
Logo, a barata precisou de uma secretária para ajudar a preparar os relatórios e contratou também uma aranha para organizar os arquivos
e controlar as ligações telefônicas.
O marimbondo ficou encantado com os relatórios da barata e pediu também gráficos com indicadores e análise das tendências que eram mostradas em reuniões.
A barata, então, contratou uma mosca, e comprou um computador com impressora colorida.
Logo, a formiga produtiva e feliz, começou a se lamentar de toda aquela movimentação de papéis e reuniões!
O marimbondo concluiu que era o momento de criar a função de gestor para a área onde a formiga produtiva e feliz, trabalhava.
O cargo foi dado a uma cigarra, que mandou colocar carpete no seu escritório e comprar uma cadeira especial.
A nova gestora cigarra logo precisou de um computador e de uma assistente (sua assistente na empresa anterior) para ajudá-la a preparar um plano estratégico de melhorias e um controle do orçamento para a área onde trabalhava a formiga, que já não cantarolava mais e cada dia se tornava mais chateada.
A cigarra, então, convenceu o gerente marimbondo, que era preciso fazer um estudo de clima.
Mas, o marimbondo, ao rever as cifras, se deu conta de que a unidade na qual a formiga trabalhava já não rendia como antes e contratou a coruja, uma prestigiada consultora, muito famosa, para que fizesse um diagnóstico da situação.
A coruja permaneceu três meses nos escritórios e emitiu um volumoso relatório, com vários volumes que concluía : Há muita gente nesta empresa!!
E adivinha quem o marimbondo mandou demitir?
A formiga, claro, porque ela andava muito desmotivada e aborrecida.

Twitter do Palma Facebook do Palma Linkedin do Palma

Alice no País das Armadilhas

Era uma vez uma moça chamada Alice.

Um dia ela avistou um head-hunter muito simpático chamado Sr. Coniglio. Ele vestia um belo paletó e tinha um discurso convincente, então ela resolveu segui-lo no Twitter. Um dos tweets do Sr. Coniglio levou Alice a clicar em um hyperlink e cair num buraco aparentemente sem fundo.

Subitamente, ela encontrou-se em um cubículo onde mal cabiam seu corpo, um teclado e um mouse.
Alice começou a receber ordens de pessoas que nem conhecia, e as foi sempre seguindo – sem questioná-las. Isso fazia ela crescer ou diminuir no Mundo das Armadilhas.

Um belo dia, Alice percebeu que encontrava-se numa empresa gerenciada por uma tal de Regina Rossa. Ela era temida por todos, e deliciava-se com isso. Se alguém dela discordava ou exprimia um pensamento que a incomodasse, ela logo gritava: “Cortem-lhe a cabeça!”.

Regina tinha inúmeros serviçais que faziam tudo o que ela mandasse, sem questionar. Alguns por ignorância, outros por vislumbrarem oportunidades para obter um quinhão do que a Dona Rossa considerava mais importante na vida: o Controle e o Poder! Regina Rossa era insaciável; queria sempre mais!

Eis que Alice vai à palestra de um consultor americano, Mr. Hatt, que lhe apresenta a empresária mineira Uai Tequin. Uai gerencia sua empresa de forma colaborativa, ouve seus clientes e funcionários, e interessa-se pelo lado humano das pesoas.

Alice comenta que o mundo em que ela vive é muito diferente daquele, então Hatt e Tequin mostram a Alice o livro-caixa de Regina, que pode destruir seu império e enviá-la ao exílio. No entanto, Alice não se sente confortável em abrir tal livro sem consentimento da dona.

A este ponto, a ambição de Regina a leva a fazer uma hostile offer para absorver a empresa de Dona Tequin, e Alice visualiza os satisfeitos funcionários da Tequin Ltda tendo sua criatividade tolhida e sofrendo toda sorte de stress, tensão, medo e injustiças tão comuns na Rossa Inc.

Alice toma sua decisão, abre o vulnerável livro do qual saem inúmeros aliados, através de inúmeras redes, para desmascarar Regina Rossa e seus mal-intencionados braços direitos (se é que alguém pode ter mais do que um braço direito – nota infame do autor).

Os funcionários da Rossa Inc., percebendo a farsa que os fazia trabalhar sem descanso, sem motivação e sem qualidade de vida, pedem demissão e criam uma cooperativa para trabalhar em parceria com Dona Tequin.

Alice retorna, enfim, do buraco, e se depara com dois caminhos. Ela pergunta a seu coração: “E aí?”, e ele lhe responde: “Faça o que você gosta. Comece pelo porquê. Isso vai lhe levar ao verdadeiro sucesso”. Ela sorri, e vai…

Twitter do Palma Facebook do Palma Linkedin do Palma

A Padaria e a Cadeia

Meu último post foi sobre Social CRM, e hoje tive uma excelente aula sobre o tema.
Não, não foi num desses cursos caros. Foi numa padaria.

Logo cedo, entrei numa padaria bastante simples, de bairro, pedi um sanduíche e um suco, e fiquei observando o movimento.

Uma coisa que me chamou a atenção é que o chapeiro quase escorregou, e logo um garoto veio conversar com ele:

– “Tem um sapato lá no escritório. É 40. Vamos lá pegar, porque esse seu sapato está escorregando.”
– “Acho que é de ‘fulano’. Deixa quieto
– “Não é esse não. É outro. Vamos lá ver.”

E daí?

Você deve ter se perguntado isso, não?
Como ultimamente estou meio “viciado em Pessoas”, o insight que tive foi: É raríssimo ver esse tipo de atitude em corporações!
O jovem estava preocupado com seu colega, e foi lá ajudá-lo. Sem esperar nada em troca.

O chapeiro me trouxe  o sanduíche, e depois serviu o rapaz ao lado. Pouco depois veio me perguntar se estava bom. Fiz sinal de “positivo”, e ele conferiu a satisfação do cara ao lado.

– “Só faltou o tomate…” – disse o meu “vizinho”.
– “Caramba, [apelido], mancada. Você gosta com tomate. Peraí que eu coloco.”
– “Relaxa, eu esqueci de falar…” – ele respondeu de forma tranquila com meio sanduíche na mão
– “Desculpa aí, [apelido], eu coloco nessa outra metade” – e levou meio sanduíche, trazendo-o agilmente de volta com uma abundante fatia de tomate.

Depois disso, ele voltou prá mim e simpaticamente “vendeu”:

– “Agora vai um cafezinho, chefe?”
– “Tem espresso?”
– “Opa, do bom. Normal ou curto?”

E pensar que em muito Fran’s Café os atendentes não entendem quando peço café “curto”…

Tomei o café, agradeci e cumprimentei o chapeiro, que com a naturalidade que convida um amigo para uma visita soltou:

– “Aparece aí no almoço que hoje tem feijoada!”

E dai 2?

Agora você deve ter pensado consigo: Coitado! O Palma pirou…

Nada disso! Vamos analisar do ponto de vista do último post, pensando também em CRM:

  1. Um funcionário estava preocupado com o outro. O fato de ter ido ajudá-lo demonstra que existe uma equipe e que o clima de trabalho é bom.
  2. O chapeiro conhecia o cliente. Conhecia seus gostos. Chamava-o pelo apelido.
  3. O chapeiro quis garantir a satisfação do cliente. Sem clichês. Duvido que ele ganhe bônus ou tenha métricas… mas ele demonstrou um interesse sincero na satisfação do cliente.
  4. O chapeiro, ao detectar uma potencial insatisfação (o rapaz estava tranquilo, ele não pediu o tomate), tomou uma atitude, visivelmente interessado em manter o cliente satisfeito. Ele tem autonomia para isso.
  5. Conversei com o chapeiro depois (já pensando nesse post), e para minha surpresa, ouvi o seguinte:
    – “Eu sempre pergunto, porque prefiro que a pessoa fale se não gostou enquanto está aqui, que ainda dá prá corrigir. O pior é se a pessoa vai embora sem falar nada, porque aí ela não volta”.
    Procure na sua corporação as pessoas que pensam assim.
    Raro não? E nem pense em contratar o chapeiro e treinar para atuar em sua corporação. Em questão de meses ele perderá essa motivação…
  6. Perguntei há quanto tempo ele trabalhava lá. 3 anos. Turnover menor do que muitas corporações
  7. Mencionei o bom clima entre os funcionários (vi 2 deles trocando dicas sobre o meu próprio suco), e perguntei sobre o jovem que lhe ofereceu o sapato que estava no escritório. “É o patrão!”, ele respondeu sorrindo. Comentei que era bom ter um patrão que se preocupa com você, e ele emendou: “Tem 40 anos que eu espero para ter um patrão assim”.
  8. O patrão estava no meio dos funcionários, participando de tudo, trabalhando onde necessário. Eu jamais saberia que ele era o patrão. Tenho certeza que se alguém levar a ele uma crítica, idéia ou sugestão, ele entenderá como aquilo está associado com o seu negócio.

Uma aula de RH e de Relacionamento com o Cliente em plena padaria!

Saí de lá imaginando porque esse clima de “negócio de bairro” não pode existir em grandes corporações, e para tirar a coisa a limpo, na hora do almoço procurei um lugar que fosse uma franquia, o equivalente “corporativo” da padaria de bairro…

A cadeia

Hora do almoço, entrei numa dessas lanchonetes que visivelmente fazem parte de uma cadeia, uma franquia. Era uma loja de rua.

Sentei e perguntei se eles faziam pratos quentes ou só lanches. A atendente pediu que eu sentasse e trouxe um cardápio com as opções da franquia. Perguntei sobre os acompanhamentos de um prato e ela respondeu: “Um minuto que eu vou verificar”. Depois perguntei se serviam sucos naturais. Ela novamente “foi verificar”. Dessa vez não perguntei o tempo de casa dela (até para evitar mal-entendidos), mas já ficou claro que o Turnover era mais alto do que o da padaria. Isso normalmente significa clima ruim ou salário muito baixo…

Almocei decentemente, mas a única pessoa que me perguntou se estava bom foi o suposto dono. Adivinhem aonde ele estava?
Bingo! No caixa! Onde mais estaria um dono de franquia? Perto daquilo que era mais importante para ele, é claro – o dinheiro. Não perto do cliente. Não perto do funcionário. Não perto do negócio. No caixa, onde se acumula a única coisa do cliente que importa para o dono: seu dinheiro. O “estava bom?” que ouvi era mais um pro-forma, um processo a cumprir. Até porque se eu falasse “não”, não teria mais o que fazer. Não dava mais para me trazer um tomate… Era pagar e não voltar, como temia o chapeiro da padaria…

Na cadeia (e o nome parece adequado, porque os sorrisos que vi na padaria, a liberdade com os clientes, o clima descontraído, nada disso estava presente), as pessoas estavam cumprindo os processos. Como Charles Chaplin em “Tempos Modernos”. Provavelmente, existem cursos regulares de “Qualidade Total” e discursos de “Satisfação do Cliente”, mas o que leva as atendentes todo o dia para aquele lugar é uma só coisa: o salário do mês. A mesma moeda que leva o dono. E não duvido que exista um processo de “incentivos” baseado em métricas e definidos por especialistas de “RH” da franquia. Só que ninguém sabe o tamanho do pé do outro. O dono não sabe se tem alguém escorregando. E a atendente não sabe se eu gosto de tomate no sanduíche, muito menos meu apelido.

Conclusão

Claro que processos são importantes. E também é óbvio que Pessoas são importantes. Mais óbvio ainda dizer que ótimos processos com Pessoa
s motivadas é o ideal.

Agora… depois desses exemplos extremamente reais, qual seria sua opção?

  • A Cadeia, com ótimos processos e pessoas desmotivadas/descomprometidas (“incentivadas” por dinheiro)?
    ou
  • a Padaria, com Pessoas motivadas/comprometidas e sem processos estruturados, improvisando a cada cliente?

Por favor, deixe seu comentário!

Twitter do Palma Facebook do Palma Linkedin do Palma

Não entre nessa de Redes Sociais…

… a menos que você saiba muito bem o que está fazendo 😉

Já comentei no post anterior sobre um pré-requisito para dar este passo: Pessoas. Aliás, mais do que isso: Pessoas motivadas.

Esse é o ingrediente principal, mas como em toda receita, existe todo um processo antes de chegar ao resultado.
Embora algumas pessoas acreditem em mágica (um exemplo: “a gente chama a agência e solta um viralzinho”), Redes Sociais podem (e devem) ser tratadas como ciência, e isso exige estudo, preparo, planejamento, processos e aprendizado contínuo. Absolutamente contínuo, porque o dinamismo nas mídias sociais é enorme!

Na fase inicial de análise, é importante determinar se uma empresa deve ou não entrar nas Redes Sociais. Talvez seus clientes simplesmente não estejam lá. Mas e se estiverem? Aí o próximo passo é definir se você está realmente preparado para isso.

A quantas anda o seu SAC?

Um ótimo termômetro é o seu SAC. E se você optou por atuar em Redes Sociais, com certeza você já descobriu, há alguns anos, que precisa de um SAC eficiente, certo? Afinal, como você vai ter um bom relacionamento com seu cliente se não estiver atendendo bem este mesmo cliente?

Observação: Não duvido que em breve inventem uma sigla, algo como “SRC”, para englobar as ações em Redes Sociais. Estaria para “Serviço de Relacionamento com o Cliente”. É que a sigla “CRM” já foi utilizada e não seria mais adequada. Primeiro porque todo projeto novo precisa de uma sigla nova (triste realidade). Depois porque CRM está em inglês (“Customer Relationship Management”), o que já é um começo inadequado no Brasil. E por fim, porque tem a palavra “Management” no final. Não combina com Redes Sociais, onde uma das virtudes é justamente a coragem de abrir mão do “Gerenciamento/Controle” de sua marca. Dá medo, não?

Pois é. O jogo é transparente e o trabalho não começa aqui. Tem que ter começado lá atrás, com a formação de uma marca que possa ser “entregue aos clientes”, como fez a Coca-Cola – que hoje pode implementar  sua estratégia “Fans First”.

Como seus clientes estarão falando sobre você, é preciso lembrar que eles são os mesmos que são “atendidos” pelo seu SAC. Ou seja… mais um pré-requisito! Não só um SAC. Mas um SAC eficiente!

Se o seu SAC é simplesmente um processo para “se livrar de reclamações”, ou para “fechar chamados”, procure reformulá-lo antes de aderir às Redes Sociais. Elas só deixarão mais transparente (e bem mais visível) este comportamento com “foco em processos”.

Presenciei um caso interessante recentemente: o cliente liga para o SAC de uma grande empresa, com suas expectativas totalmente frustradas. Aí ele ouve que “o processo é esse mesmo”. Como se os direitos obtidos através de letras miúdas de algum contrato deixassem o cliente magicamente “satisfeito”. O engraçado é que a música de espera falava em satisfação, superação de expectativas, e todos esses termos que treinamentos baratos mencionam mas não ensinam. Já são três tiros pela culatra até aqui (O SAC em si, o treinamento e o custo da gravação de espera). Investir em Redes Sociais nesse estágio seria somente mais um.

Não faça este post acabar aqui. Deixe seu comentário!

Twitter do Palma Facebook do Palma Linkedin do Palma

Sua empresa tem os pré-requisitos para participar das Redes Sociais?

Existem dois ingredientes básicos para formar uma Rede Social: Pessoas e Conexões entre elas.
Outros fatores servem de catalisadores no processo, como uma causa comum, um meio adequado e uma divulgação eficiente.

Parece simples, mas será que as empresas precisam de algum preparo antes de abraçar as Redes Sociais? Quais os pré-requisitos?

A resposta também parece óbvia… e é: Pessoas.
A “empresa” não entra nas Redes. Pessoas o fazem. E elas podem fazê-lo a favor de uma empresa.
Ou contra.

Isso é natural. Nenhuma empresa consegue agradar a todos.
Porém, quando uma “empresa” entra nas Redes Sociais, ela precisa ter Pessoas atuando a seu favor. Não somente pessoas treinadas para isso, mas pessoas com alguma razão para atuar a seu favor.

O trabalho comença, portanto, muito antes do planejamento da adoção de Redes Sociais pela empresa. Começa no RH. Não adianta nada definir estratégias, processos e códigos de conduta, preparar Pessoas para utilizar ferramentas de Redes Sociais… se as Pessoas não tiverem um sentimento positivo em relação à empresa.
As Redes Sociais são transparentes demais para comunicação forjada (ao contrário da propaganda tradicional, que permite que uma modelo usando óculos de segurança fale da linha de produção da Ford como se fosse uma funcionária da empresa). Se nem lá isso está “colando”, nem pense em adotar estas “técnicas” nas Redes Sociais. O tiro sairá pela culatra.

Redes Sociais significam liberdade de expressão. Tem que ser genuíno. Se você acha que liberar seus funcionários para falar o que eles realmente pensam sobre você pode ser arriscado, você tem dois problemas:

  • O segundo: não é recomendado, para empresas que têm funcionários insatisfeitos, estimulá-los a expor em Redes Sociais o que eles pensam, ainda mais em nome da empresa. Pior do que alguém falando mal de você “de fora para dentro”, é isso acontecer “de dentro para fora”.
    A má notícia: melhor não criar iniciativas em Redes Sociais ainda. Você terá que controlar a comunicação, e nesses ambientes isso fica mais artificial do que plástica da Glória Menezes. Corrija primeiro o problema maior.
  • O primeiro é que – pelo simples fato de ter essa dúvida – é bem provável que seus funcionários não estejam satisfeitos. E este é o principal pré-requisito: Pessoas com uma razão para transmitir uma imagem positiva de sua empresa. Funcionários mais do que satisfeitos, mas orgulhosos.

Empresas com este pré-requisito precisam fazer bem pouco para divulgar uma imagem de sucesso. É só dar um “empurrão inicial” e os próprios funcionários farão o resto acontecer.

Se sua empresa não está preparada neste quesito, minha sugestão é correr. Leva muito mais tempo para ajustar esta deficiência do que preparar e implantar uma estratégia de Redes Sociais. Se a concorrência já estiver pronta, o “gap” pode ser irreparável…

Twitter do Palma Facebook do Palma Linkedin do Palma

Chame no WhatsApp
1
Dúvidas? Chame no WhatsApp!
Olá! Você tem interessem em criar uma loja online? Podemos ajudar!