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Eleições, preconceito e direito nas mídias sociais

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Quem ficou conectado até tarde no dia da eleição presenciou momentos de extremismo e tensão na rede.
Enquanto deveríamos estar orgulhos por nosso país ter dado um banho de tecnologia no quesito eleições (mais de 135 milhões de votos apurados em tempo recorde), o que foi parar nos Trending Topics do Twitter foi nome da estagiária Mayara, por conta de um tweet extremamente infeliz.

Durante o desenrolar da manifestação digital de indignação dos “tuiteiros”, recebi uma sugestão (via @lumanfredinni) para fazer um post sobre o ocorrido. Respondi que iria aguardar um pouco, até porque imaginava que muita gente escreveria a respeito – o que de fato ocorreu (veja exemplos aqui e aqui).

Foi produtivo adiar este post, porque ontem participei do 9o Congresso Brasileiro de Gestão do Conhecimento, em Gramado-RS, e no painel sobre “Gestão do Conhecimento e Mídias Sociais” foram levantadas questões sobre privacidade, segurança na rede e legislação envolvendo canais digitais. Os recentes casos da Xuxa e da Mayara foram abordados na discussão.

Justica-IPadO que me levou a escrever, porém, foi uma conversa que tive depois do painel, que continuou de onde tínhamos parado na apresentação: as tecnologias e as mídias digitais mudam muito mais rápido do que a legislação, e isto conduz a cenários que não estão previstos nas leis atuais. Para ilustrar, tire suas conclusões sobre a decisão do TSE em conceder um direito de resposta via Twitter (!).

A ex-estagiária Mayara está sendo processada por por crime de racismo e incitação pública de prática de crime (coisas bem mais antigas do que as mídias sociais digitais), mas na realidade, ela já foi condenada.

E quem condenou Mayara não foi um juiz, mas sim a Rede. Provavelmente um juiz irá ratificar esta decisão, mas independente da formalização de sua condenação, de certa forma o veredito já foi dado.
E a punição também, pois Mayara já deve ter sofrido consequências que provavelmente fizeram com que ela se corrigisse. Não creio que ela cometerá o mesmo erro novamente.
(Nota: não estou, de forma alguma, sugerindo que o processo formal não deva ocorrer. Muito pelo contrário: a impunidade neste caso desmoralizaria o sistema).

Uma proposta de solução

A conversa prosseguiu com uma especulação: e se a justiça fosse realizada desta forma?
E se as “decisões populares” através das mídias sociais fossem reconhecidas pelas autoridades?

Veja só as vantagens que o mecanismo traria:

  • Muito mais democrático (qualquer um poderia participar)
  • Muito mais ágil (as pessoas absorvem a tecnologia muito mais rápido do que os criadores/aprovadores das leis)
  • Muito mais especializado (ao invés de buscar peritos, o processo estaria aberto a todos os conhecedores do assunto)
  • Muito mais barato (funcionaria com participação da comunidade, em troca de uma sociedade justa)
  • Muito mais representativo (as próprias pessoas que os governantes representam iriam se manifestar, sem o viés da cabeça do representante)
  • Isento à corrupção (como alguém corromperia todos os usuários da Internet?)

Afinal de contas, o que é uma lei? Não é a formalização de uma conduta que a sociedade que estará sujeita àquela lei concorda em seguir? Isso não tem que representar o que as pessoas pensam?

Se aplicarmos o “crowdsourcing” neste processo, talvez possamos mudar totalmente os papéis dos poderes Legislativo e Judiciário. O primeiro não precisaria mais criar leis que representem a visão da população, porque a cada “julgamento online”, esta conduta seria revista e redefinida por cada um dos “julgadores”. Mesmo que existam radicais ou pessoas tentando controlar o sistema, eles sempre serão derrotados pelo volume da maioria.

Tenho consciência que esta é uma proposta um tanto quanto revolucionária, mas gostaria de ouvir mais opiniões.

Você concorda? Acha realizável? Deixe seu comentário para que a discussão continue!

Colaboradores, Aproveitadores, Punidores e Solitários

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Lendo o excelente livro “Connected”, de Nicholas A. Christakis e James H. Fowler, tomei conhecimento de um estudo realizado pelo matemático Chris Hauert envolvendo relacionamentos entre indivíduos, consequentemente abordando o tema das Redes Sociais.
Hauert observou quatro tipos básicos de comportamento em sociedade: os “Loners” (Solitários), os “Cooperators” (Cooperadores), os “Free-riders” (Aproveitadres) e os “Punishers” (Punidores).
A partir destes perfis, algumas situações foram matematicamente simuladas:

  • Num ambiente com muitos “loners”, a cooperação evolui porque não há um número significativo de elementos que se aproveitam dos outros de forma parasitária. Os “cooperators” passam a ser a população dominante, uma vez que através da cooperação, seu desempenho supera o dos “loners”;
  • Num ambiente com muitos “cooperators”, há margem para um crescimento dos “free-riders”, que podem desfrutar dos benefícios da cooperação sem gastar energia para contribuir (a exemplo dos parasitas). Com o tempo, os “free-riders” passam a ser a população dominante;
  • Num ambiente dominado por “free-riders”, os “loners” passam a se destacar novamente, uma vez que os “free-riders” não têm mais de quem tirar proveito.

O quarto perfil então entra em jogo: os “punishers”. Estes são indivíduos que coíbem os abusos dos “free-riders”. Como os quatro perfis em ação, o que ocorre é um equilíbrio entre eles e um convívio em sociedade onde todos os elementos estão presentes.
Uma frase do livro resume a história: “Cooperadores se conectam com os outros para criar mais; Aproveitadores se conectam com os outros para sugar os que criam; Punidores se conectam com os outros para coibir a ação dos Aproveitadores”.
O estudo parece descrever com boa precisão os relacionamentos humanos.
No entanto, a contribuição que gostaria de fazer é que acredito que as pessoas não se enquadram exclusiva e definitivamente em um perfil. A mesma pessoa pode ser “loner” em uma situação, “cooperator” em outra, “punisher” ou “free-rider”, dependendo do momento e contexto em que se encontra.
Por outro lado, pode existir um perfil dominante. Você saberia dizer qual é o seu?
Continue esta discussão; deixe seu comentário!

O que a TI pode aprender com as Mídias Sociais

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iPhone 4_frente1960s-photo-computer-roomNos seus primórdios, a Tecnologia da Informação (TI) era trancada a 7 chaves.
Somente os “Informati”, aqueles que aparentavam ser escolhidos pelas divindades digitais tinham acesso às salas onde ficavam as raras e poderosas “máquinas do futuro”.
Só que… o futuro chegou!
Essas fantásticas máquinas estão nas mesas e nos bolsos dos indivíduos “comuns”. E mais: conectadas em Rede!
A mentalidade precisa se adaptar a essa democratização, porém o pessoal de TI – tão acostumado a absorver mudanças tecnológicas – parece que ainda não se adaptou a esta evolução.
A palavra de ordem, no mundo da TI, continua sendo a mesma: CONTROLE.
Controle do ambiente, controle da informação, controle das ações do usuário… qualquer solução que mencione esta palavra faz brilhar os olhos da turma de TI.
Será que tem mesmo que ser assim?
É claro que não vou incitar o abandono total do controle, desprezando casos de segredos industriais publicados em blogs ou filmagens de protótipos compartilhadas no Youtube. Como dizem as culturas mais antigas, “a virtude está no meio”.

Soluções Integradas são interessantes. Mas quão integradas?

Vejamos o exemplo das soluções integradas. Não é raro a TI “reinventar rodas” na tentativa de implementar soluções totalmente integradas. Quando uma nova capacidade precisa ser adicionada a um sistema, soluções simples podem ser descartadas por não utilizarem a mesma tecnologia, o que pode levar à invenção de uma “nova roda”, talvez menos eficiente do que aquela já disponível – testada e otimizada, mas não “integrada” à tecnologia existente.
Será que não está na hora de revermos esta forma de integração e pensarmos em integrações mais “leves”?
Porque não integrar componentes já disponíveis “da porta para fora” para melhorar os fluxos “da porta para dentro”?
Por que criar toda uma infraestrutura de armazenamento, indexação e visualização de vídeos se o Youtube está disponível para o mundo e todos já estão familiarizados com ele?
Por que criar mecanismos de microblogs se o Twitter já é mais do que um padrão – já passou a ser um hábito, para não dizer um vício…
Por que criar mecanismos de conexão entre pessoas se elas já estão conectadas no Facebook?

Os desafios

Ok, nenhuma empresa vai querer que suas operações aconteçam em público.
O cenário ideal consiste em utilizar ferramentas que são padrão “de facto”, porém mantendo o controle do acesso às informações, com mecanismos de autenticação e autorização integrados aos da sua empresa.
(Sim, eu usei o termo controle, você reparou? Rs rs)
As principais plataformas que sustentam as redes sociais através de mídias digitais já estão evoluindo bastante na questão da privacidade, ou seja, no controle do acesso à informação (autorização). Elas também oferecem mecanismos de autenticação abertos. Empresas que se empenharem para integrar seus mecanismos internos de autenticação e autorização com estes mecanismos “externos” (ex: OpenID e OAuth) dificilmente se arrependerão.
Uma vez criada essa “ponte” entre a empresa e as plataformas sociais externas, acompanhar a evolução das novas aplicações que irão surgir será muito mais fácil do que tentar “internalizá-las” à moda antiga.
Além disso, a curva de aprendizado dos funcionários será muito menor, porque eles já terão feito o “treinamento” relativo à nova ferramenta em suas casas!

As Redes já estão mudando o mundo

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Esta semana foi recheada de eventos: Simpósio do Gartner, Evento anual da Microsoft, Seminário sobre a Sociedade em Rede e a Educação na Vivo…
O que não dá para não notar são as mudanças que vêm acontecendo por conta da potencialização das Redes Sociais através de Mídias Digitais. Acompanhe estes 2 casos:

1. Swarming

No slide 49 de sua apresentação sobre Netweaving, Augusto de Franco coloca que o Swarming ocorre quando “distintos grupos e tendências, não coordenados explicitamente entre si, vão aumentando o alcance e a virulência de suas ações…”.
Foi o que aconteceu neste domingo. Muitas pessoas vêm de diversos lugares do Brasil para eventos anuais de grandes empresas. Normalmente, estas pessoas chegam no dia anterior e hospedam-se em hotéis próximos ao local do evento. Essa dinâmica se repete há anos.
No entanto, este ano foi diferente, e a mudança tem um nome: Twitter.
As pessoas que participam de um evento já formam um “Cluster” (vide apresentação do Augusto), e com isso já estão, de certa forma, conectadas. Com o novo hábito de “tuitar”, conforme chegavam a São Paulo e ao hotel, as pessoas atualizavam seus seguidores via Twitter e faziam “checkin” no Foursquare (normalmente integrado ao Twitter).
Começaram a surgir tweets perguntando quem estava no shopping da região, e pessoas que só se conheciam virtualmente (ou que nem se conheciam, mas tinham um interesse comum – o evento) começaram a se encontrar em uma chopperia. Isto gerava mais tweets, e os tweets atraíam mais pessoas para o grupo. É curioso notar que a palavra “tweet” (piado) refere-se a um som emitido por animais, com fins de localização…
Conclusão: Nada menos do que uma mesa de 27 pessoas se formou. Certamente o evento foi muito mais proveitoso para cada um deles!

2. #PZGeeK

O #PZGeeK foi um evento organizado pela Comunidade Técnica no formato “Tweetup” e aconteceu ao final do primeiro dia do evento anual da Microsoft, o TechEd.
Não houve convite, não houve formalidade, não houve “coordenação explícita”. O encontro foi anunciado no Facebook e divulgado via Twitter. Em termos de “organização”, tudo o que foi feito foi ligar para uma pizzaria próxima o local do evento, reservar o espaço e negociar um preço fechado para facilitar a logística.
Entre Twitter, Facebook e divulgação “boca-a-boca”, 81 pessoas participaram do #PZGeeK, conhecendo-se, integrando-se e fortalecendo os laços de relacionamento.
Houve até a apresentação de uma proposta de integração das Comunidades Técnicas regionais, para formar um grande Hub para a Comunidade.
Estes 2 fatos deixam bastante claro que a maneira de se relacionar está mudando (e para melhor) com a utilização das Mídias Digitais como facilitadoras da integração entre pessoas. A experiência de eventos está mudando.
A maneira de fazer negócios deve acompanhar esta mudança.
E você? Está participando disso tudo? 🙂

Twitter: minha segunda faculdade

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Em 1990 formei-me Engenheiro pela E. E. Mauá. Com muito orgulho e muito, muito suor.

Tive o privilégio de poder estudar até os 22 anos, em período integral – alguns dias das 7:30 às 19:30.
O que vivi nos 5 anos de faculdade foi muito intenso: professores altamente qualificados, a maioria com uma tremenda paixão em transmitir tudo aquilo que sabiam.
Muita leitura, muito estudo em grupo, muitos trabalhos, muita prática em laboratório.
No ano passado, comecei a cursar um MBA. Estava preparado para reviver aqueles momentos de muita dedicação e enorme aprendizado.
#FAIL
O que presencio é um cenário totalmente diferente. O processo é mecânico e o que está sendo vendido é um papel, não o aprendizado.
Por conta da desilusão, minha dedicação passou a ser pífia e meu aprendizado quase nulo. Ainda assim, as notas são muito superiores às da faculdade! :O
Ok, 20 anos se passaram e eu posso ter mudado. Mesmo assim, tenho certeza que o problema não são meus olhos, mas sim o modelo. Professores estão lá pelo preço pago por hora e os alunos pelas 3 letrinhas.
Recomendaram-me não criticar o modelo para não desvalorizar o título que estou “comprando”. Só que não consigo deixar de ser franco… prefiro dizer eu mesmo que um MBA no Brasil hoje é um título fictício do que gabar-me por obtê-lo e depois descobrirem que aquilo não passava de uma maquiagem.
Peço desculpas aos portadores de MBA que fizeram cursos sérios, mas com a atual venda de títulos, este diploma deve perder seu valor em menos de 5 anos.

Minha segunda faculdade é o Twitter

Felizmente, obter uma boa formação ficou muito mais fácil e acessível.
Mesmo que você não seja um auto-didata, através de ferramentas como o Twitter você pode participar de conversações com referências na sua área de interesse. A quantidade de links para material de altíssimo nível é impressionante quando você segue as pessoas certas.
O mais interessante é que você não precisa pagar uma mensalidade salgada para seguir referências como @dtapscott, @briansolis @simonsinek ou @danielpink.
“Mestres” como ele estão sempre oferecendo pequenas lições em 140 caracteres, muitas vezes com links para material que vale uma aula.
Tenho consumido muita informação desta forma, com a vantagem de poder até mesmo interagir com estes “feras”. Acredite: se você fizer uma observação ou crítica acertada, eles respondem!
Desta interação, tanto com “gurus” quanto com pessoas com quem você acaba se conectando por conta dos interesses comuns, surge uma troca de informação, ideias e experiências fantásticas. Sugestões de livros, artigos, monografias…
Voltei a ler tanto quanto nos tempos de faculdade. Ou melhor: muito mais, porque as barreiras de custo ou indisponibilidade em biblioteca praticamente não existem mais. Posso afirmar que venho absorvendo conhecimento num ritmo que nunca tinha experimentado antes.
Para mim, este processo é uma Faculdade. Não tem vestibular, não tem provas, não tem data de graduação, mas tem o valor de uma Faculdade. Muito mais que o papel que receberei em abril, escrito “MBA”.

E nossos filhos?

Vejo muita gente preocupada com a educação dos filhos e seu preparo para o futuro. Mas não se prepara alguém para o futuro olhando prá trás. O que funcionou para nós pode ser um grande fracasso para nossos filhos.
Claro que uma boa educação formal continuará tendo valor, ainda mais se for realizada em instituições com paixão pelo que fazem, como a Mauá que vivi no final dos anos 80. Mas será suficiente?
Nossos filhos disputarão o mercado com muita gente formada na “Faculdade Twitter”, “Universidade Facebook” ou outras “instituições de ensino” mais eficientes do que empresas que hoje vendem diplomas.
Para refletir, assista esses dois vídeos que o Professor @dtapscott, da Faculdade Twitter, recomendou:

Brincando de empresinha

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Brincando de Empresinha É comum crianças se reunirem para brincar de casinha.
Pegam bonecas inanimada e fingem que são filhos, fantasiam com objetos sem valor, tratando-os como coisas raras e preciosas, lêem livros fictícios (“de mentirinha”, pois muitas ainda nem são alfabetizadas), construindo contos de fadas em sua imaginação, simulam ações que gostariam de estar aptos a realizar no mundo real.
Em algumas empresas, também é comum ver gerentes “brincando de empresinha”.
Pegam funcionários submissos (mas “de sua confiança”) e fingem que são “top performers”, fantasiam com ações sem valor, tratando-os como projetos revolucionários e de alto impacto, geram relatórios fictícios construindo cenários de sucesso “de mentirinha” em sua imaginação, simulam atuações que gostariam de estar aptos a realizar no mundo real…
Acionistas e gestores da empresas precisam estar atentos a estes gerentes de jardim da infância, pois da mesma forma que a boneca deixa de ter vida ao fim da brincadeira e os diamantes deixam de brilhar ao voltarem a ser meros botões sem valor mundo real, quando a verdade de uma empresa “de mentirinha” vem à tona, os pais não estarão lá para confortar quem nela investiu.
Pense nisso ao avaliar uma empresa. Se ela estiver sendo gerenciada como “empresinha”, seu destino pode ser igual ao de qualquer brincadeira: divertido enquanto dura, mas uma hora acaba.

Errar x Fazer a Coisa Errada

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Gosto muito de metáforas e associações de fatos e conceitos entre cenários de naturezas distintas.
Ontem, assistindo à Formula 1 na companhia virtual de alguns “amigos de Twitter”, ocorreu-me uma dessas associações, que começou com a pergunta:

“Errar” e “Fazer a Coisa Errada”… será que é a mesma coisa?

Contexto da reflexão (Fórmula 1)

Para quem não viu: Vettel, ao tentar ultrapassar Button, perdeu o controle do carro e acertou a lateral do britânico, eliminando-o da corrida.

Erro de Vettel elimina Button do GP da Bélgica
Erro de Vettel elimina Button do GP da Bélgica

A FIA, ainda com o respeito abalado por conta da lambança no GP da Alemanha, tratou de punir Vettel com um drive-through (passagem pelo box).
Vettel errou? Sem dúvida!
Mas será que ele fez a coisa errada?
O automobilismo envolve riscos. Cada ultrapassagem exige audácia e isso faz parte do jogo. Não é à toa que exige-se uma superlicença para participar e paga-se salários exorbitantes aos pilotos.
Vettel errou tentando fazer a coisa certa: obter a máxima performance de seu carro. Sua falha pode ter sido causada por ansiedade, por uma ondulação na pista, por imperícia ou imprudência. No entanto não houve dolo.
Em outras palavras, Vettel não teve intenção de prejudicar a corrida de Button. O que não exime sua culpa.
Se voltarmos ao caso em que Alonso combinou com a equipe para que Nelsinho se esborrachasse no muro para interromper a corrida e beneficiar o espanhol, a situação é totalmente oposta: Alonso não cometeu nenhum erro, mas fez a coisa errada. Houve a intenção de se beneficiar de uma manobra perigosa e desleal.
Só para constar: a FIA, neste caso, não puniu o beneficiado.

Então erros sem intenção não devem ser punidos?

É claro que quando alguém erra e prejudica outra pessoa, o erro deve ser reparado. A motivação de uma atitude em relação ao culpado, no entanto, não deveria ser de punição, mas sim de reparação do erro. Afinal, não é justo que a “vítima” seja prejudicada.
Já quando existe dolo, o termo “punição” se encaixa um pouco melhor. Neste caso, além de reparar o dano, o culpado passa por um processo considerado “corretivo”, ou seja, cumpre uma penalidade que o faz reavaliar seus atos e, supostamente, evitá-los no futuro.
Calma… a ideia aqui não é entrar no mérito da análise dos sistemas judiciais. Então vou direto à minha metáfora.

Ninguém é criativo se tem medo do erro

Hoje é comum as empresas “exigirem” criatividade dos funcionários e falarem em inovação. Por outro lado, erros não são bem-vindos e dificilmente são tolerados.
Agora pense na palavra “inovação”. Implica em tentar algo novo, e portanto sujeito a erros.
Resultado: se a empresa “pune exemplarmente os erros”, mesmo aqueles sem dolo, a mensagem que ela está passando é: “não tente nada que possa causar um erro”, e com isso a empresa inibe totalmente a criatividade e a inovação.

Ninguém é criativo num ambiente onde se faz a coisa errada

Empresas que olham somente para relatórios e métricas podem estar negligenciando a análise de como estes resultados estão sendo obtidos.
Os colaboradores, no entanto, não são tolos. Eles sabem quando as pessoas estão fazendo a coisa errada, mesmo quando os relatórios mostram números positivos. Em cenários assim, duas possíveis reações são:

  1. Passar a fazer a coisa errada para manter a “competitividade” para obter os mesmos resultados;
  2. Perder a confiança no sistema e desistir de fazer a coisa certa, por não mais acreditar que o reconhecimento ocorrerá de forma justa.
    Resultado: se a empresa é conivente com o ato de “fazer a coisa errada” em prol de resultados, seja por desinformação ou por tolerância a desvios, ela desestimula o colaborador que quer fazer a coisa certa e perde a oportunidade de receber ideias para seu crescimento, ou seja, ela inibe totalmente a criatividade a inovação.

Conclusão

A inovação envolve riscos. Cada nova ideia exige audácia e isso faz parte do jogo. Não é à toa que exige-se uma boa capacitação para participar e paga-se bons salários aos colaboradores inovadores.
Se você quer um ambiente inovador de verdade em sua empresa, minhas sugestões são:

  • Passe a tolerar erros quando realizados na tentativa de fazer a coisa certa, porém tomando medidas para evitar que alguém seja prejudicado por estes erros;
  • Não tolere, de forma alguma, que as pessoas façam a coisa errada – mesmo quando os resultados destas ações sejam tentadores. No longo prazo, a coisa errada não se sustenta.

Gostaria de ouvir sua opinião. Deixe seu comentário!
Luciano Palma

As fronteiras voláteis

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Estou falando das fronteiras das empresas. Os novos modelos de colaboração têm tornado estes limites cada vez mais voláteis.image description
Como definir com precisão onde termina o “mundo interno” e onde começa o “mundo externo” de uma organização?
Quando você está em casa e um colega te liga pedindo ajuda para resolver um problema do trabalho, você está na empresa ou fora dela?
Quando você está no escritório e liga para encomendar um bolo para o aniversário de seu filho, está dentro ou fora da empresa?
E aquela reunião de corpo presente, que te mandaram “só para ouvir”… dentro ou fora?
Se analisarmos o comportamento de uso da Internet, notaremos que “estar na empresa” deixou de ser uma questão de localização física, mas passou a ser um estado no qual sua mente se encontra em dado momento. Num minuto posso receber um email de um colega de curso pedindo informações sobre a aula passada; segundos depois posso responder um email com uma proposta de prestação de serviços. Isso sem sair do lugar – mexendo somente os dedos.
Dando mais um passo: quando você participa de Redes Sociais, está dentro ou fora da empresa?
Se nos exemplos anteriores as respostas eram claras, agora as linhas demarcatórias ficaram definitivamente borradas… muitas vezes a resposta será: “os dois!”.
Atualizar um perfil no Facebook ou no Linkedin pode ser interessante do ponto de vista pessoal, mas é inegável que o estabelecimento de conexões de rede podem se traduzir em novos negócios. E veja só: para sua empresa!!
Poderia citar inúmeros casos de interações profissionais que nasceram em contatos via Redes (alguns com pessoas que não conheceria de outra forma), mas tenho certeza que enquanto lia esta frase, você já lembrou de dois ou três que aconteceram com você!
Nunca aconteceu? Então fica um alerta, pois para o leitor ao seu lado aconteceu. E podia ser uma oportunidade “do seu número”…
Apesar de muita gente ainda ter uma visão de Redes Sociais como algo “de moda”, ou “para jovens”, as interações nas Redes já estão amadurecendo e gerando negócios.
O mais irônico é que muitos que olham com ar de superioridade para as Redes Sociais invariavelmente se orgulham em citar o seu “Networking”! Como se fosse algo diferente!
Está na hora das empresas olharem de outra forma para seus colaboradores. Ao invés do relógio, um medidor de comprometimento seria muito mais adequado. Trocar o “corpo presente” pela efetiva interação com a empresa é o que permitirá o crescimento de uma empresa – além da tão badalada inovação.
Claro que isso requer um novo modelo de gerenciamento, incluindo liberdade de atuação e maturidade para receber críticas e novas idéias.
Não dá para fazer isso com “chefes” que não aceitam que boas ideias possam vir “de baixo” (eles usam este termo), que se baseiam em poder e controle, que precisam de relatórios de horas para demonstrar “serviço” e que acham que o mundo acontece dentro da empresa.
A transparência das redes está deixando cada dia mais claro que essa visão está simplesmente… do avesso!!!

Net Neutrality: Liberdade em risco?

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A semana começou com as discussões envolvendo Google e Verizon sobre Net Neutrality.

E o que é Net Neutrality, afinal?

Este conceito é o que faz da Internet o que ela é hoje: um ambiente democrático onde todos têm total liberdade de expressão. Na rede, somos todos iguais. Meu perfil no twitter tem direito aos mesmos 140 caracteres que o do Presidente da República. Posso assistir no Youtube os mesmos vídeos que um executivo indiano ou um aluno canadense. Posso baixar a mesma versão de um software livre que se pode baixar em um telecentro ou em uma lan-house.
Além disso, se eu e você contratarmos conexões à Internet com a mesma taxa de transmissão (2 MBit/seg, por exemplo), devemos poder nos comunicar – entre nós – a esta taxa*.
Para completar, as empresas que fornecem acesso à Internet não devem bloquear ou limitar o fluxo de informações de acordo com sua natureza. Por exemplo: um provedor não pode impedir que um usuário, ao digitar o nome de um provedor concorrente em seu browser, acesso o site do concorrente. Mais do que neutralidade, nesse caso estamos falando em ética, concorda?

E o que está em risco?

Apesar da Google ser uma das maiores defensoras da Net Neutrality, esta semana a empresa manteve discussões com a Verizon para atuar de forma diferente nas conexões wireless. A proposta é implementar serviços com níveis de qualidade diferenciados, onde quem pagar mais receberá as informações com prioridade.
Note que é diferente de pagar mais para uma taxa de transmissão maior. Estamos falando em pagar mais para ter maior prioridade na rede. É como implementar uma via pedagiada onde você pode andar a 120 Km/h, enquanto na não-pedagiada (com as mesmas características técnicas), o limite é 90 Km/h. Você já viu esse filme em algum lugar, né? Gostou?
Provavelmete haverá duas correntes para esta resposta: a dos mais abastados, achando que é justo – afinal estão pagando – e a dos menos abastados achando que a medida estratifica a sociedade em grupos de quem pode e de quem não pode.
A grande verdade é que se hoje somos todos iguais na rede, a quebra da Net Neutrality passa a permitir que uns sejam “mais iguais” do que os outros.
Se o poder econômico começar a ditar a prioridade para acessar a informação, ou pior, permitir até mesmo o bloqueio de tráfego que não seja interessante do ponto de vista econômico, podemos perder nossa maior conquista do século XX – a Internet e a sua liberdade de expressão intrínseca.
Claro que o que move todo esse movimento são interesses econômicos. Uma empresa de telefonia, por exemplo, pode cobrar dezenas de reais por um minuto de ligação para o exterior. Tecnicamente, os bytes que trafegam entre os países são exatamente os mesmos que trafegam via Skype, sem custo adicional para quem já paga a conexão à Internet (muitas vezes para a mesma empresa de telefonia). Sem Net Neutrality, este tráfego poderá ser limitado, ou até mesmo bloqueado, para garantir a gigantesca margem de lucro antes praticada para este serviço. O benefício da inovação e da tecnologia, até agora desfrutado pelo cidadão comum, será confiscado pelas empresas e tarifado com o mesmo peso do passado.
Os grandes provedores podem passar a cobrar uma tarifa “premium” para liberar o serviço – um verdadeiro pedágio numa infovia onde antes trafegava-se de graça. E não há margem para alegar que somente a venda do acesso à Internet não garante a sobrevivência dessas emrpesas, porque até pouquíssimo tempo atrás todos queriam este filão.
O grande problema é – de novo – a centralização, a concentração de poder. Enquanto eram muitos provedores pequenos, havia competição. Com as tão badaladas “mega-fusões”, o oligopólio se re-estabeleceu e a linha divisória entre os que têm e os que não têm volta a ser riscada de forma coronelista. O que era concorrência virou conferência…
Como fica o futuro das mídias sociais se aquele garoto que quer se expressar “xingando muito no Twitter” tiver que pagar para ter seu tweet publicado?
Você não acha que temos fazer um movimento aqui também, pela Neutralidade da Rede Brasileira?
* Normalmente os contratos com provedores garantem uma fração da taxa nominal e possuem valores distintos para o upload e download.

Afinal, quando chega esse tal futuro?

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Esta semana fiquei impressionado ao ver um professor de MBA da FGV transmitindo idéias bastante progressistas* em sua aula.
Ele colocou que “chefes” e empresas que toleram termos como “manda quem pode, obedece quem tem juízo”, “quem é você para dizer isso”, “você é pago para fazer, não para pensar”, “você sabe com quem você está falando?” e outras tantas pérolas do mundo corporativo, estão absolutamente arcaicos.
Falou também que a estrutura hierárquica, piramidal, burocrática, impede a livre comunicação e é uma forte repressora da criatividade (e portanto da tão badalada inovação), uma vez que as idéias precisam vencer degraus e mais degraus de hierarquia para atingir niveis com poder de decisão. Neste caminho, muitas idéias são boicotadas ou simplesmente roubadas.
“Chefes” que compõem esta estrutura tendem a criar equipes de “cordeirinhos”, obedientes e que nunca questionam, de forma a manter o Status Quo: o Poder e o Controle. Lembrei-me das sábias palavras do @vacarini: “Cara A procura cara A, cara B procura cara C”. É exatamente isso. Líderes competentes, seguros de seu potencial, procuram contratar pessoas mais inteligentes do que eles próprios. Líderes inseguros (fruto de sua incompetência) mantém uma equipe de pessoas ainda mais fracas “embaixo” deles, para garantir sua posição e seu cargo.
Pessoas escondendo-se atrás de cargos, máscaras, influência política. Tudo isso foi posto como arcaico pelo professor.
Minha pergunta é: então porque essa realidade ainda é tão forte em muitas empresas? Como estes “chefes” burocráticos, hierárquicos, politizados, enfim, arcaicos, ainda conseguem se manter no “poder”, e ainda ser muito bem remunerados pelas empresas, que precisam cada vez mais de eficiência para se manter competitivas?
Será uma questão cultural? Falamos do modelo “casa grande e senzala”, ainda enraizado na mentalidade de muitos brasileiros. Discutimos se o suporte ao modelo não vem da esperança de um dia “estar por cima”; passar de oprimido a opressor (o que, infelizmente, o professor comprovou – com fatos – no Brasil).
Porque essa passividade? Porque o complexo de vira-lata? Porque aceitar que o produto que o europeu consome como “Astra” seja consumido como “Vectra”, que o “New Fiesta” mexicanos seja 4 a 5 anos mais “New” do que o brasileiro?
Já não pagamos nossa dívida? Não declaramos independência? Estamos devendo mais alguma coisa?
Então porque não levantamos a cabeça, não questionamos as decisões, não colocamos nossas idéias na mesa e exigimos um pouco mais de respeito?
Até quando vamos ficar esperando o futuro chegar? Se nós não o fizermos chegar, será que ele virá?
Pense na sua participação neste cenário todo. Reflita se você não está sendo passivo. Crie coragem e respeite-se. Ou você vai querer viver “até o futuro chegar” num ambiente com “chefes” que mandam porque podem? Com certeza você quer mais do que “juízo para obedecer”…
Manifeste-se. Discorde. Apoie. Deixe seu comentário. Só não seja passivo. Senão – nada de futuro para nós!
* Favor não interpretar este termo da forma que ele é utilizado, indevidamente, por partidos políticos.

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