Tecnologia

Não sei carro ou se compro uma bicicleta…

Acabo de tomar uma decisão de compra. Criteriosa, e muitas vezes por isso meus amigos me chamam de “mão-de-vaca”, mas eu não ligo. Orgulho-me de valorizar meu dinheiro tanto quanto orgulho-me da forma que o obtenho.
Na realidade, acabo de fazer uma sucessão de decisões. A primeira, e que espero que seja saudável e gratificante, é a de começar a ir trabalhar de bicicleta. Fiz 2 “reconhecimentos de terreno” indo até a empresa de bike num domingo e num feriado. Foi muito tranquilo e resolvi testar num dia normal. Foi o suficiente para decidir deixar o carro em casa. Ok… talvez não abandone o fiel Polo com mais de 10 anos nos dias de chuva, afinal ele tem sido um bom companheiro! 😉
Tomada esta decisão, resolvi fazer um “upgrade” de bike. Minha Caloi Aspen, simples de tudo, também tem sido uma boa companheira por mais de 10 anos. No caso dela, o abandono tem sido culpa minha…
Ano 2014, então compras começam pela Internet. Pesquisei bicicletas novas e usadas, defini um orçamento e selecionei alguns produtos que se encaixavam nele. Só que faltavam alguns detalhes para sentir-me confortável para comprar uma bike. A primeira coisa: ver a bike fisicamente (o Facebook já provou que todo mundo pode sair bem em ao menos uma foto!). 🙂
Escolhi uma bike que me agradou no mundo virtual e fui até uma loja. Centauro. Chegando lá, olhei diversas bicicletas e, principalmente, examinei “tim-tim-por-tim-tim” o modelo que tinha pré-selecionado. Como sou humano, senti o impulso de levar.
Luciano: “Você faz o preço do site?” (na loja física a bike estava R$ 250,00 mais cara)
Vendedor: “Ah, não dá!”
L: “Ué… se no site dá, por que aqui não dá?”
V: “Ah, senhor, é que o site não tem o custo do aluguel, luz, água, o salário do vendedor, etc.”
L: “Deixa eu entender. Então você está dizendo que eu tenho que voltar pra casa e comprar no site? E que não tenho que pagar pelo seu serviço?”
V: “Olha, o que eu posso fazer é parcelar o pagamento.”
L: “O site também parcela!”
V: “Mas se comprar com a gente, o senhor já sai com a bike montada, regulada.”
L: “E isso vai custar R$ 250 para mim. Não vale! Não tem um gerente para eu conversar?”
O vendedor chama a gerente…
Gerente: “Olha, a gente sabe que muita gente reclama disso. Já discutimos isso em reuniões nossas, mas a direção definiu assim.”
L: “Desculpe a franqueza, mas é uma decisão burra da direção!”
G: “Eu sei, mas sabe… é que tinha gente que usava de má-fé.”
L: “Como assim, minha senhora? É só entrar no site e ver se o preço é aquele!!”
G: “É que tinha vendedor que, para dar desconto, falava que o cliente tinha visto no site.”
L: “Ah… e isso é má-fé… cobrar R$ 250 a mais do que poderia cobrar é uma super boa-fé, né?!”
Nem preciso dizer que saí de lá sem a bike, né? (E o vendedor sem a comissão, que seria a mais rápida do dia, uma vez que ele não teria precisado gastar tempo comigo). Mais ridículo ainda foi constatar que comprando pelo site, posso levar a bike para a loja física para que ela seja montada e regulada!!! Em outras palavras, por uma “decisão da direção”, eles têm que mandar a bicicleta para mim (e pagar o frete), e eu tenho que levá-la de volta para eles, sendo que a bicicleta já está lá…
O mais curioso é que a imagem que eles acabam passando é a seguinte: o vendedor é um “peso morto” que encarece o preço do produto, não agrega informação e não se importa com o cliente. A dica para comprar algo é: vá até a loja física, conheça, experimente, tome tempo do vendedor, tome até um café. Depois não pague por nada disso, volte para casa e compre na loja online (e insatisfeito com o atendimento da loja física).
Estranho, né?
Aí vem a última parte da cadeia de decisões…
Como é que eu, inexperiente em ciclismo, vou escolher a melhor bike? Qual a diferença entre um câmbio dianteiro Shimano FD-MTZ30 Top Route e um Shimano Altus M311 Down Swing – 8v??? E ainda tem o câmbio traseiro, os passadores, os cubos, as pedivelas, os freios V-Brake ou a disco, a suspensão, os aros, os pneus, o tamanho do quadro…
Fiz o que qualquer um faria: procurei quem entende. E onde você acha alguém que entende e que você possa confiar que vai pensar no teu interesse? (infelizmente, muitos vendedores pensam mais na comissão deles). O cara precisa ser seu amigo, então o lugar é: na sua rede social. E hoje, isso significa: nas mídias sociais.
Não demorou para que os amigos “bikers” começassem a dar dicas e levantar detalhes para os quais eu, sozinho, jamais atentaria. Para a cidade, pneus mais finos e lisos são melhores. Suspensão traseira só tira energia. Para-lamas e bagageiro são cruciais…
Uma boa rodada de perguntas e respostas (e o mais legal é que online, um complementa a opinião do outro) e em pouco tempo tomei minha decisão. Por um momento pensei em gastar bem mais, mas com a ajuda dos especialistas, encontrei o produto certo para a minha necessidade, gastando o mínimo daquele dinheiro que eu tanto “regulo”.
Resumo da ópera:

  1. O e-commerce no Brasil precisa evoluir muito. As informações nos sites não são, nem de longe, suficientes para a tomada de decisão;
  2. As empresas precisam entender melhor o e-commerce. Uma cadeia como a Centauro não pode ver sua própria loja online como concorrente. Foi, sim, burrice não ter feito a venda na loja pelo preço do site.
  3. A tomada de decisão passa SIM pela sua rede social. E sua rede social está SIM nas mídias sociais. Empresas que não derem importância para isso estarão, no mínimo, perdendo a oportunidade de aprender o que fazer para que nosso círculo de amizades recomende os seus produtos nas mídias sociais.
  4. Escolher pela bike foi uma decisão acertada. Mesmo antes de começar, já estreitei laços com ótimos amigos. Obrigado Fábio Takeuchi, Cláudio Kerber, Giovanni Bassi, Dani Pepe, Victor Zamora, Alã Costa, Carol Martinez e Adriano Machado pela ajuda.

Ah… a decisão final? A Oxer XR210 da Centauro mesmo, que vou comprar… pelo site!
PS: Sei que o título está errado, mas de vez em quando a gente tem que sair um pouco do convencional, né? 😉 😉

DpH, uma métrica importante na Era IoT

Internet of ThingsAntes de mais nada, calma, calma… segurem suas pedras! Não, não virei um “abreviólogo” como muita gente pós-MBA faz… 🙂
O que continuo é provocativo, e esta é a razão dos 3LA (3 Letter Acronyms – rs rs) do título. Continuamos amigos? 🙂 🙂
Bem, o segundo acrônimo (IoT) já está virando famosinho: Internet of Things ou “Internet das Coisas“. Está na moda falar disso, mas o que realmente significa?
Significa que “o mundo está ficando inteligente”, e isso não tem nada a ver com a inteligência que costumava-se medir em QI ou com o conceito de “múltiplas inteligências” que surgiu depois.
Estamos falando de “equipamentos inteligentes”. O termo não poderia estar mais errado, porque equipamentos jamais serão inteligentes. O termo correto seria “equipamentos processados”, mas isso não venderia, nem os equipamentos nem a mídia que falaria deles, então o termo “inteligente” pegou. Não tem jeito, vivemos num mundo onde as coisas funcionam assim…

A que vieram os equipamentos ditos “inteligentes”?

Agora começamos uma discussão interessante! Depois do iPhone, as pessoas “comuns” começaram a se aproximar definitivamente da tecnologia. Enquanto na era PC os mais apaixonados por tecnologia a dominavam e mostravam a seus amigos e familiares, a adoção espontânea era relativamente dificil. As pessoas usavam PCs porque precisavam usá-los, mas os abandonavam assim que a necessidade cessasse. A capacidade de comunicação através da Internet ampliou algumas fronteiras. Mães com filhos no exterior passaram a se aproximar do PC para matar a saudade. Aí veio a tal “Era pós-PC” e colocou toda essa tecnologia na mão das pessoas (literalmente), em qualquer lugar (bem, ao menos que você esteja usando a <insira o nome de sua operadora brasileira aqui>). A barreira foi se quebrando. Smartphones são mais intuitivos que PCs, a interface é mais fácil (oras, é só usar o dedo), e uma geração inteira de “suporte técnico” nasceu. Não sabe? Chame o filho ou sobrinho que ele te ensina.
E daí? O que isso tem a ver com “equipamentos inteligentes”? Tem muito! Primeiro, porque para caber na mão e no bolso das pessoas, a tecnologia tem que “encolher” e baratear. Um desafio e tanto para engenheiros, que têm que fazer baterias pequenas durarem ao menos o dia todo, mas os caras são bons! (Rs rs – “puxada de sardinha” detected!) Além disso, a conectividade (leia-se Internet) virou commodity. Hoje é comum ver no metrô a maioria das pessoas conectadas através de seus smartphones. É muito mais chat e facebook do que telefonema (graças aos céus!!!).
Tecnologia minúscula, uso eficiente de energia e conectividade com a Internet compõem uma “sopa protéica” suficiente para dar “vida inteligente” aos equipamentos. Calma. É metáfora. Equipamentos não têm inteligência, que dirá vida, ok?
A questão é que dispositivos processados (agora sim) poderão ficar cada vez menores e mais baratos. Começou com relógios, pulseiras e óculos, mas essa onda vai tomar a maioria dos objetos que temos em casa e fora dela. Semáforos, câmeras de vigilância, carros, bolas de futebol, remédios, chaveiros… cada objeto é um candidato a carrecar um “SoC” (System on [a] Chip), ou seja, ter um processador e ser capaz de enviar dados para servidores na Internet (a famigerada “nuvem”).
Tenho certeza que se eu der um ou dois exemplos, você logo terá dezenas de ideias para contribuir para a tal Internet das Coisas (IoT). Em tempo de Copa (sic), as bolas podem receber chips minúsculos que indicariam se passaram pelo plano das traves (leia-se: se foi gol ou não), sua velocidade (informação bacana para as emissoras enriquecerem suas transmissões), quanto se deslocaram (para saber se o jogo está emocionante ou “parado”), tempo fora de campo (para calcular acreścimos), etc.
Outro exemplo: você nunca irá postar no facebook as fotos de seu cachorro perdido se na coleira dele um chip enviar a posição em que ele se encontra. Já se fala também em cápsulas que você pode ingerir para fazer exames ao passarem por dentro de seu corpo (nesse caso, aliás, a capacidade de transmissão dos dados por rádio evita um grande constrangimento, concorda?).
Que tal compartilhar as ideias que lhe vieram à mente nos comentários desse post? 🙂

DpH – “Devices per Head”

Essa “métrica” foi cunhada numa conversa com os amigos George Silva e Omar Toral. Nem sei se ela existe oficialmente, mas ela será de grande importância para a indústria de tecnologia.
Trabalho numa empresa que produz processadores (Intel), que até pouco tempo atrás, buscava o aumento do mercado através da adoção de sua tecnologia por mais pessoas. No Brasil, nos últimos anos, muita gente comprou o primeiro computador de sua vida (infelizmente, ainda temos muita gente que até hoje não teve condições de fazer isso). Só que como vimos, os equipamentos processados estão cada vez menores, e consequentemente mais baratos. Empresas não gostam de faturar menos, então quando o preço de algo cai, elas têm que vender mais. Uma alternativa seria estimular a reprodução humana para o aumento da população, mas Malthus já mostrou que essa não é uma boa ideia…
A alternativa? O aumento do DpH: “Devices per Head”, ou “Dispositivos por Pessoa”! Há cerca de 20 anos, a “missão” da Microsoft era colocar um PC em cada casa. Isso significa um DpH de mais ou menos 0,25 (1/4), considerando uma família com 4 pessoas. Com a mobilidade (notebooks), esse número subiu e começamos a ter mais do que um PC por residência. Os mais abastados logo chegaram no DpH de 1 (1 computador por membro da família). Logo esse número foi superado, porque temos um equipamento na empresa (ou da empresa) e outro em casa (ou pessoal), portanto o DpH pode chegar perto de 2, mas dificilmente seria maior do que isso na “Era PC”.
Eis que vem o iPhone e coloca um PC na sua mão. E depois dele, o iPad. Aliás, lembro até de muitos colegas zombando do iPad, dizendo que era “o iPhone de Itu”. Muitos deles hoje correm atrás do tempo dedicado a desmerecer o iPad, para migrarem suas aplicações para tablets. Sim, a Apple mudou o jogo. E na “Era pós-PC”, as pessoas começaram a ter um DpH maior do que 2 sim. iPhone, iPad, iPod, iMac, MacBook, Apple TV. Um cara que curte Apple tem tudo isso. Um cara só. Ou seja, só em casa, um DpH de 6! Um nirvana para uma empresa de tecnologia. Não é à toa que as ações da Apple subiram mais de 14.000% (140 vezes) da época do lançamento do iPod até seu auge, em 2013 (considerando o “split” de 2:1 em 2005).

Ações da Apple
Ações da Apple da época do lançamento do iPod a seu auge

Só que empresas não se satisfazem. E nem o mais fanático dos fãs iria comprar mais de 10 dispositivos da mesma marca (acho que o único caso em que isso é possível é no mundo mulheres x sapatos…).
A única forma de aumentar o DpH é através da IoT (a esse ponto já posso usar os 3LA ou ainda fica tosco?). Se cada dispositivo tiver um pequeno chip instalado, com capacidade de processamento e de comunicação, soluções impressionantes podem melhorar nossas vidas (ainda estou esperando a sua contribuição nos comentários aí embaixo), e as empresas de tecnologia continuarão faturando, ainda que bem menos em cada dispositivo, mas num número incrivelmente grande de dispositivos por pessoa.
Um dos fundadores da Intel ficou famoso e tem uma lei com seu nome (Lei de Moore), porque ele disse que a capacidade dos processadores (ou número de transístores) dobraria a cada 18 meses em média. Se eu fosse mais esperto, lançaria a “Lei de Palma”, dizendo que o DpH também dobrará a cada 5 anos em média. Fiz um gráfico com valores “muito estimados”, mas talvez leve a ideia adiante, levantando dados precisos e comentando mais sobre a evolução do DpH por aqui! 🙂Evolução do DpH (Lei de Palma)
O que vale lembrar é que, por mais que os dispositivos fiquem “inteligentes”, e por mais que o DpH torne-se enorme, o acrônimo da métrica também traz consigo uma grande verdade: “Devices per Head” indica que existem diversos dispositivos sendo utilizados por UMA “cabeça”.
Espero que você faça um ótimo uso de dezenas, centenas, milhares de dispositivos “inteligentes”, porque o único inteligente nessa história… É VOCÊ!

Computadores serão usados da mesma forma que louça?

Não gostaria de entrar no clichê das “resoluções de Ano Novo”, mas já estava passando da hora de reativar este blog… então vou aproveitar a deixa: lá vai o primeiro post de 2014!
(espero conseguir continuar compartilhando ideias por aqui durante o ano) 🙂

Computadores serão usados como louça?
Computadores serão usados como louça?

O título do post pode parecer estranho, mas as discussões sobre o futuro da computação continuam bastante frequentes. Além disso, o recente anúncio do Edison pela Intel no CES aumenta ainda mais a temperatura da conversa, impulsionando o conceito de “Internet das coisas” (disclaimer: atualmente trabalho para a Intel).
A onda dos tablets não é mais novidade, nem a constante queda nas vendas de PCs. Para “confundir” mais a cabeça do consumidor, novos “fatores de forma” (form factors) vêm surgindo: o “2 em 1” (ultrabook que vira tablet), os phablets ou fonepads (que têm tamanho entre tablets e smartphones e realizam ligações telefônicas) e smartphones com poder de processamento dignos de um desktop de alguns anos atrás, potencializados por equipamentos para integrá-los a telas grandes: WiDi adapters, Apple TV, Google TV, Chromecast.
Nesses momentos é comum que surjam opiniões fatalistas no melhor estilo “isso vai matar aquilo”. Surgem também defensores ferrenhos de determinados form factors ou produtos, “provando” que o produto “X” é o melhor de todos.
Felizmente, não existe um “melhor de todos”. Digo felizmente porque isso acabaria com a diversidade do merado. Se existisse realmente um “melhor de todos”, todo mundo compraria somente aquele modelo, os outros encalhariam e sairiam de linha – e somente o líder absoluto de opiniões existiria no mercado. Ruim, não?!
O que eu acredito é que ao invés de existir um “melhor de todos”, existe um “melhor para o que eu estou fazendo agora”. Daí a comparação com a louça: se você vai tomar uma sopa, que louça você utiliza? A “melhor de todas”? Ou a mais adequada para tomar sopa? Provavelmente você optará (sem precisar pensar muito) por um prato fundo. Se tiver que servir um bolo, provavelmente pegará um prato de sobremesa. Para apoiar uma xícara, nada “melhor” do que um pires, e para comer uma salada, um prato raso…
Esta deve ser a forma que utilizaremos os nossos computadores (sejam lá qual for o tamanho). Está na rua e precisa verificar seus emails? O smartphone parece a melhor pedida. Quer dar uma olhada nas últimas notícias na sala? Um tablet parece ideal. Digitar um post? Um 2:1 no modo “com teclado” pode ser a melhor opção. E os gamers profissionais ainda gostam do desktop com muitos monitores enormes para seus momentos de delírio com os mais avançados jogos.
Escolheremos o melhor equipamento de acordo com a situação, até porque a tendência é que eles estejam facilmente disponíveis. Esta escolha será feita de forma quase automática, como acontece quando precisamos “escolher” a louça certa – praticamente sem pensar, pegaremos o dispositivo mais adequado e começaremos a usar. Sem configurações, sem programações, sem perda de tempo: será pegar, usar e largar.
Novos dispositivos “vestíveis” devem se popularizar (o óculos Google Glass, o relógio Peeble, a pulseira Lifeband Touch, etc) e outros ainda devem surgir com o tema “Internet das coisas” decolando de vez. Provavelmente teremos muitos deles em casa. Porque não dá para acreditar que um único form factor seja o melhor sempre. Se alguém acreditar nisso, por favor me diga: qual a “melhor louça de todas” para ter exclusivamente em casa? Prato raso? Prato fundo? Pires? 🙂
Fique à vontade para dar sua opinião nos comentários!

Socialmedia não é Broadcast!

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A discussão envolvendo Socialcast e Broadcast não é uma coisa exatamente nova.
Há quase 2 anos, o grande amigo Celso Pagotti apresentou este assunto em uma palestra no Web Expo Fórum.

Só para resumir as principais diferenças entre os dois modelos:

Broadcast:

Características:

  • Emissor único (anunciante);
  • Grande número de receptores;
  • Mensagem controlada pelo anunciante;
  • Mesma mensagem para todos os receptores;
  • Abrangência associada à mídia utilizada.

Fatores de sucesso:

  • Alcance da mensagem (volume);
  • Memorização.

Métricas mais comuns:

Associadas aos Eyeballs, ou seja, quantidade de pessoas que foram expostas à mensagem.
Para precificar este tipo de mídia, costuma-se utilizar o CPM (Custo Por Mil), que como o nome diz, indica quanto custa para atingir 1.000 pessoas (telespectadores/ouvintes/leitores).

Efeito:

Rápido, de curta duração.

Socialcast:

Características:

  • O emissor NÃO É único, e pode não ser o próprio anunciante;
  • A mensagem pode ser introduzida pelo anunciante, mas também pode ser modificada pelos difusores (ou seja, a mensagem se “molda” conforme flui nas redes [sociais]);
  • Não há controle central;
  • Abrangência associada à relevância e à aceitação da mensagem [ou ao repúdio].

Fatores de sucesso:

  • Engajamento de difusores;
  • Alcance da mensagem (volume);
  • Recomendações.

Métricas mais comuns:

Associadas à difusão espontânea da mensagem: Likes e Shares no Facebook, RT’s no Twitter, +1’s no Google+, avaliações positivas (ratings), re-postagens em blogs e plataformas de mídias sociais.
Além disso, métricas relacionadas a volume também são importantes (acessos a landing pages, vídeos no Youtube, CTR (Click-Through Rate), CPA (Cost Per Action), CR (Conversion Rate).

Efeito:

Lento, de longa duração.

Então não é tudo a mesma coisa…

A atuação das empresas deve se adequar a cada modelo.
Infelizmente, o mercado vem utilizando as plataformas de mídias sociais – que são totalmente compatíveis com o Socialcast – da mesma forma que estavam acostumadas a fazer com o Broadcast.
Uma oportunidade desperdiçada, sem dúvida.
Não é à toa que vemos tanta dificuldade em comprovar o ROI (Retorno do Investimento) de “ações em mídias sociais”.
Se a cabeça é de Broadcast, esperando retorno da mesma forma que se fazia com mídias tradicionais, não é raro ver gente “maquiando relatórios” para justificar o investimento, porque a ferramenta não é a mais adequada para obter o resultado esperado.
O erro mais comum é a expectativa de resultado rápido. A menos dos famigerados virais, Socialmedia não dá resultados de imediato. É um trabalho de médio e longo prazo, porque não estamos falando simplesmente de Eyeballs. Estamos falando de relacionamento, e bons relacionamentos não se constróem de uma hora para outra.

Virais

Ok, virais encaixam-se na categoria Socialcast e podem ter um poder de difusão alucinante, apresentando assim uma resposta extremamente rápida.
O controle sobre virais, no entanto, é praticamente nulo. Por mais que seja possível produzir um conteúdo com um bom “poder de viralização” – seja por ser polêmico, engraçado ou ousado – é muito difícil prever a reação das pessoas na rede.
Por que as pessoas saíram repetindo uma bobagem como a da Luiza no Canadá? Porque essa bobagem e não outra?
Além disso, virais são como fósforos: uma vez utilizados, não funcionam de novo. Perdem seu brilho. Vide a tentativa frustrada de quem soltou a Luiza [sem querer] e tentou, em vão, usar a mesma receita para “viralizar” de novo…
Não caia na ladainha dos “piratas das mídias sociais” que prometem “soltar um viralzinho”.
Por fim, virais podem ter efeitos extremamente negativos. Mais do que fósforo, pode virar nitroglicerina!

Relacionamentos

Se estamos falando de mídias SOCIAIS, é claro o assunto é relacionamento. E relacionamentos exigem tempo para serem construídos… ou não!
Alguns relacionamentos acontecem puramente por interesse. Estes podem ser estabelecidos de forma praticamente imediata.
Na verdade, são relacionamentos transacionais muito mais do que sociais. As partes concordam na troca que existirá e a troca é realizada.
O exemplo mais clássico é a troca de RT’s ou Likes por “pirulitos” (o preferido – e menos criativo – costuma ser o iPad).
Alguns profissionais vendem a participação em sorteios (ou quando não dá tempo, “concursos culturais”) como engajamento, e os Likes “comprados” dessa forma como índice de relacionamento. Vou deixar que você tire suas próprias conclusões…

Socialmedia sendo usada como ferramenta de Broadcast

Sorteios são ações muito comuns no mundo Broadcast. É uma forma eficiente de atrair Eyeballs.
Afinal, quem não quer levar alguma coisa de graça? Esse apelo permite que um número muito grande de pessoas seja exposta a uma mensagem, o que contribui para que se apresente um bom CPM.
No mundo Broadcast, o profissional que atinge mais gente com sua mensagem, com os menores custos, é o melhor.
O problema é quando plataformas de Socialmedia são usadas com essa mentalidade, ou seja, mais como “mídia” do que como “social”.
A receita, numericamente (e para efeitos de relatório), pode até acabar funcionando, uma vez que mistura dois ingredientes eficientes: algo sendo distribuído gratuitamente e uma plataforma onde as pessoas podem avisar os amigos sobre a barbada.
O efeito de difusão através dos laços sociais da rede até possui um componente associado a relacionamento. O ponto é que o relacionamento só existe na fase de difusão.
Não existe relacionamento entre empresa e potenciais consumidores, porque o acordo é meramente transacional: “você me dá um Like e eu te dou um pirulito”.
O “relacionamento” termina junto com a transação, no exato momento em que o vencedor do sorteio é anunciado: o vencedor fica feliz por ter ganhado seu pirulito (mas não se tornará, necessariamente, cliente da empresa) e a multidão dá as costas com aquela sensação de “Aaaahhhh”. E fim.
Como os Likes continuam na fanpage da empresa, o relatório indica um tremendo sucesso. A questão é: “E depois do Like?”.

Como combinar Broadcast e Socialcast?

Se você leu até aqui, deve estar achando que eu sou defensor do Socialcast e crítico do Broadcast. Acertou a primeira, mas errou a segunda parte.
Apesar de fascinado por Socialmedia, acredito que o Broadcast continuará tendo seu papel. O sucesso estará exatamente na dosagem primorosa dos dois modelos.
O fato de cada um ter características diferentes não quer dizer que um seja MELHOR do que o outro. O ideal é utilizá-los de forma complementar.
Já vimos que o Broadcast é eficiente para resultados imediatos, mas que podem não ser duradouros. É normal ver vendas voltarem aos padrões “normais” após o encerramento de campanhas Broadcast.
O Socialcast, por sua vez, possui uma ação mais duradoura, pois relacionamentos efetivos podem ser construídos (se as ferramentas forem usadas corretamente). Só que isso leva tempo…
Por que não chegar ao melhor dos dois mundos?
Se um modelo complementar o outro, a empresa pode colher os melhores frutos:

  1. Agilizar a difusão do Socialcast com auxílio do Broadcast
  2. Manter os efeitos do Broadcast com auxílio do Socialcast

Como engenheiro, não poderia deixar de publicar um gráfico para ilustrar a vantagem do uso conjunto BroadcastSocialcast:

Quando Socialmedia mostra que é Social de verdade

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Ontem o Brasil foi testemunha de uma tragédia incomum: o desabamento de 3 prédios no centro do Rio de Janeiro.
O fato foi noticiado de uma forma que infelizmente já virou praxe na imprensa nacional, com desinformação, pouca pesquisa e pouca checagem dos fatos e das fontes. Eu, pessoalmente, tenho lá minhas desconfianças, uma vez que a foto que consta do local no Google StreetView mostra placas de obras que nenhum repórter se deu o trabalho de pesquisar… mas vamos deixar as investigação com as autoridades, até porque não temos outra opção…
O que quero levantar aqui é outra questão. Um gesto bonito perante cenas tão horrorosas.

NUVA Agência

A agência onde trabalham @JoseTelmo@GugaAlves e @PabloAugusto ficava num dos edifícios que desmoronou. Felizmente, eles estão todos bem, e isso é o que mais importa.
Os profissionais que trabalham com mídias sociais, sensibilizados, tiveram uma atitude que dá sentido à escolha da área em que trabalham, especificamente à palavra “Social” em Socialmedia.

Vaquinha para NUVA

Quase que imediatamente, o “pessoal da Socialmedia” usou as próprias mídias sociais para tentar minimizar o impacto sofrido pelos amigos da NUVA. Ricardo Martins (@ricardopmartins) e mais 7 amigos (@edstorini, @reifison, @camilocoutinho, @rafaelsalgado, @helemoura, @ocarti e @pabloalmeida) decidiram criar uma “vaquinha” para ajudar na reconstrução da agência que ficou reduzida, literalmente, a pó.
Eles usaram este site para coletar doações, independentemente de valor, para ajudar os amigos. Nesta hora, quem trabalha em outras agências deixou de ver uma “concorrente” e passou a ver companheiros, num gesto leal, nobre e bonito de doação para a reconstrução da NUVA. Cada um doou o que poderia doar, e mais do que o dinheiro, tenho certeza que o gesto e as palavras ali deixadas trarão muita energia para que a NUVA retorne o mais breve possível ao mercado, revigorada e orgulhosa pelas amizades que construiu ao longo do tempo.
Até o momento (com somente 1 dia de vaquina) já foram arrecadados R$ 11.000,00. Pode não ser dinheiro suficiente para re-estabelecer a NUVA fisicamente, mas tenho certeza que será uma “pedra fundamental” muito sólida, que motivará cada um de seus integrantes a voltar à ativa com muito vigor. Porque nessa quantia, tem muito mais sentimento do que cifrões.

Parabéns aos “socialmedias”

Nem todo mundo que contribuiu era amigo pessoal da turma da NUVA. Muitos nem os conheciam pessoalmente. Porém, muita gente solidarizou, mostrou empatia e soube se colocar no lugar do outro. Achei isso um gesto bonito e contagiante. Tive orgulho da “categoria”, e fico muito feliz por saber que existem tantas pessoas assim.
Vaquinha para NUVA é um gesto totalmente SOCIAL, digno de quem se propõe a usar essa palavra no seu dia-a-dia de trabalho.
Parabéns, “socialmedias”. E muita força e muita energia para a reconstrução da NUVA.
PS: E você, já ajudou os amigos da NUVA? O link é esse.
Editado em 31/01/2012 (inclusão dos nomes dos criadores da vaquina. Obrigado pelas informações, Ricardo).

ReTweetspectiva 2011 – Parte 2 (Mídias Sociais)

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Ontem publiquei os Tweets da ReTweetspectiva 2011, na categoria Sociedade & Comportamento.
Confira hoje os Tweets mais interessantes de 2011 na categoria Mídias Sociais.
(Amanhã e depois de amanhã serão postados os Tweets das categorias Mundo Corporativo e Tecnologia & Comunidade Técnica).

  • Transparência em tempos de Mídias Sociais: “Minha vida é um facebook aberto” (2/1)
  • ROI é uma relação matemática, um número. Se você ainda não sabe qual é o retorno desejado, defina isto antes de perguntar sobre esse número. (17/1)
  • @Jana_Bernardes “Quem deve assumir as Redes Sociais de uma empresa?” Se alguém tem q “assumir”, é pq a empresa não está em Rede, concorda? (22/1)
  • Empresa fala: “Compre!” – você dá de ombros. Consumidor fala: “Não compre!” – você corre prá ver. #midias #sociais #socialcast (29/1)
  • Mídias Sociais dão trabalho porque as mensagens são efêmeras. E às vezes explosivas. (17/2)
  • Se estas manifestações derrubarem as ditaduras políticas, será que surgirão novas, para derrubar as “ditaduras econômicas”? #RedesSociais (19/2)
  • É normal falarmos muito bem ou muito mal das coisas aqui no Twitter. Não tem muito sentido dizer “o sabonete que usei hoje é razoável”, tem? (19/2)
  • Tiro sai pela culatra, a campanha vira fiasco e zombaria e a desculpa é q “pelo menos estão falando da marca”. Poupe-me… (4/3)
  • Uma imagem vale por 1000 palavras porque as pessoas associam 1000 palavras que vc escreve à sua imagem no Twitter (10/3)
  • Os consumidores estão aprendendo a usar mídias sociais muito mais rápido (e melhor) do que as empresas. Vide os casos Brastemp e Renault. (13/3)
  • Parabéns pelo seu novo emprego!!! Agora vc é socialmedia manager de vc mesmo! #personalbranding (15/3)
  • Mentalidade d pagar por tweet é totalmente Broadcast. Mídias Sociais são + eficientes pelo engajamento do q pelo Broadcast (31/3)
  • Comemore a perda de seguidores no Twitter. Isso indica aumento da relevância de sua “real audiência”. (7/4)
  • Para cada campanha “Siga no Twitter e concorra a…” morre um Panda. Se o prêmio for iPad, morrem dois. (18/4)
  • Qdo 2/3 ds empresas no BR dizem estar presentes nas mídias sociais,pergunto-me o q a maioria entende por “estar presente nas mídias sociais” (24/4)
  • Se escola/professor bloqueiam acesso à Internet na sala é pq não conseguem ser mais interessantes do q a Rede (nem trazer mais valor). (27/4)
  • Ser popular não significa ser influente. O broadcast te torna popular; o socialcast, influente. (9/5)
  • O Facebook já proibiu sorteios por “Like”. Bem que o Twitter podia proibir “Dê RT e concorra” né? Multa dupla se for iPad. (30/5)
  • Não tuite demais, para não cair no filtro de indiferença. #PKM #saraudeideias (30/5)
  • Empresas que não acompanharem (mídias sociais) parecerão idosos jogando futebol com adolescentes. (2/6)
  • Fico um pouco offline, ligo o rádio e o que ouço? Twitter,Orkut, Facebook… (7/6)
  • Broadcast é bom pela abrangência. Socialcast é bom pela influência. Rafinha é broadcast, @briansolis é socialcast. (10/6)
  • Viral? Viral é broadcast disfarçado de socialcast… (10/6)
  • Cada vez que alguém sorteia alguma coisa no Twitter morre um Panda. De tédio. (12/6)
  • Quando vejo pesquisas dizendo que 70% das empresas usam mídias sociais no BR, pergunto-me quem eram os 100%… #prontofalei (17/6)
  • Quer ver pararem c/ essa história de calcular ROI de Socialmedia? Peça p/ a empresa mostrar como foi calculado o ROI de qquer outra coisa… (25/6)
  • Quem quer se vender como guru em Redes ainda não entendeu as Redes. (28/6)
  • Campanha online boa é aquela que não precisa de sorteio para atrair. (5/7)
  • Se mídias sociais são bloqueadas, maus funcionários voltam a enrolar como antes, ou criam novos meios. O pior cego é o que não quer ver… (5/7)
  • Quer resultado no online/socialmedia? Peça um planejamento sem sorteio/concurso. Filtra mais do que Melitta – não, esse tweet ñ foi pago 🙂 (7/7)
  • Siga-nos no Twitter: uma nova maneira de dizer: “não entendemos nada, mas vamos fingir que está tudo OK” (11/7)
  • Curta a nossa fanpage é o novo “um trocado, por favor?” (13/7)
  • Nas mídias sociais, ao abordar assuntos relativos à empresa em que você trabalha, identifique-se como funcionário. É polido e transparente. (25/7)
  • As empresas precisam entender que responder mensagens no Twitter não é resolver o problema… (26/7)
  • Pelo contrário… mostrar que monitora redes sociais mas não tomar atitudes REAIS, só mostra modismo, descaso e desrespeito pelo consumidor. (26/7)
  • E esses virais hein? Beneficiam mais as agências que os fazem ou os clientes que pagam a conta? #prapensarE esses virais hein? Beneficiam mais as agências que os fazem ou os clientes que pagam a conta? #prapensar (2/8)
  • Se você não é social no off, não adianta tentar ser no on – @glebeduarte (12/8)
  • Esta é uma mensagem automática. Por favor, não responda. Parece piada, mas isso vem de um canal de “atendimento” de 1 empresa grande… (14/8)
  • Quando é que as empresas vão deixar de fazer broadcast em canais destinados ao socialcast? (14/8)
  • Tudo o que é demais incomoda. Personal Branding não é exceção. (20/8)
  • Não confundir “engajamento com a campanha” com “engajamento com a marca”. Se não tiver o segundo, não tem ROI. (22/8)
  • Nota mental: ROI é medido em DINHEIRO que entra no caixa, não em Pageviews, Retweets, Likes, Seguidores, bla, bla, bla… (22/8)
  • O Twitter é um Rádio por escrito. (30/8)
  • Auto-elogio: uma boa forma de perder a relevância. Vale para pessoas e para empresas. (9/9)
  • Laranja madura na beira da estrada / Tá bichada, Zé, ou tem marimbondo no pé Pense nisso antes d investir em socialmedia (24/9)
  • O “engajamento” por sorteio ou “concurso cultural” em mídias sociais acaba no instante em que o prêmio é entregue. (28/9)
  • Ah, se publicitários vendessem tão bem o produto de seus clientes quanto vendem as suas agências… (29/9)
  • E ainda tem empresa grande caindo na do “vamos soltar um viralzinho”… Até quando? (14/10)
  • Uma nova versão p/ “me dê um RT que eu te dou um pirulito” –> “bata minha métrica q eu te dou um pirulito” SM d 3o. mundo (20/10)
  • Se vc compartilha mais conteúdo do que sua audiência consegue consumir, vc se torna irrelevante. Seja um bom filtro. (30/10)
  • Qdo a pessoa entra em contato pelo Twitter, não é hora da empresa querer ganhar métrica pedindo para ela seguir. Resolva antes o problema! (2/12)

Bem-vindo à era pós-PC

[tweetmeme source=”lucianopalma” only_single=false]

Era uma vez…

Há um quarto de século, o PC iniciou uma era que transformou a maneira de trabalhar e de agir, abrindo possibilidades incríveis para empresas e indivíduos.
Surgiram termos como Desktop Publishing, CAD/CAE, planilha de cálculo, editor de textos. Tudo isso “na ponta dos seus dedos”, como dizia um slogan dos anos 90.
O PC trouxe ao indivíduo a capacidade de criar conteúdo de forma que antes era restrita às empresas.

All together now

Quando os PC’s foram conectados em rede – primeiro em redes locais, depois na Internet – eles mudaram também a forma de se comunicar. Agora, indivíduos passaram não só a produzir, mas também a compartilhar conteúdo de uma forma antes restrita aos “responsáveis” pela comunicação: jornais, revistas, rádios, TVs. Hoje cada um tem sue próprio jornal, revista, rádio ou TV na Internet. “A mídia somos nós”.
Chegamos até este ponto usando PC’s.

Acostumamos com isso…

Se fizemos tanto com esses velhos companheiros, porque abandoná-los?
Acontece que estamos tão conectados a nossos PC’s [ou seria dependentes?] que queremos tê-los sempre conosco. Queremos que eles “façam parte de nós”, que sejam wearable computers, como previu Negroponte há quase 20 anos.
Só que o PC, acostumado com si mesmo, não deu este último salto. Notebooks e a febre passageira dos netbooks (esa sim, foi passageira, Mr. Mundie) não foram capazes de “estarem sempre conosco”.
Somente um “nerd” levaria seu note/netbook para a piscina. Seria muito mais “normal” levar uma revista ou um livro. Talvez um celular, que englobou muitas das vantagens do PC: Internet, e-mail, browser, etc.
Os smartphones passaram a tomar espaço dos PC’s em atividades simples, realizáveis em telas sub-4″. E SIM, eles estão SEMPRE conosco… (até na piscina!).

But there’s one more thing“…

Eis que surge do negro palco Mr. Jobs, e enxerga o que ninguém viu: a obesidade não afeta somente os americanos – ela atinge também os PC’s!!!
Os PC’s se tornaram pesados e volumosos, ainda que incrivelmente potentes. So que talvez desnecessariamente potentes para a maioria da pessoas.
Processador de 3GHz, quad-core, hyper-threaded… Jesus! Isso é um supercomputador de 10 anos atrás! Ele vem com um cientista na caixa???

E tudo [re]começa

Jobs deu então início à era pós-PC criando o iPad.
Leve em todos os sentidos, ele não é tão potente quanto um PC. E nem precisa, pois na maioria daz vezes, você não precisa que ele seja.
Você está há cerca de 2 minutos lendo este texto e seu processador está usando 2% ou menos de sua capacidade. E assim ficará enquanto você gerencia seu email, escreve seus textos ou interage nas mídias sociais. Talvez você use 10% para assistir a um vídeo no Youtube…
Jobs colocou à sua disposição – de forma a estar sempre com você – a potência suficiente para a maioria das tarefas, uma tela que viabiliza o trabalho, estudo ou lazer e a interface da nova era (MPG), baseada em toques, gestos e física.
E criador e criatura foram aclamados.
Sua empresa foi coroada como #1, desbancando a poderosa Microsoft – primeiro em valor de mercado, depois em lucro.
E como diz o anúncio dessa que foi a sacada da década: isto está apenas começando.
Bem-vindo à era pós-PC!

O risco das previsões no mercado de Tecnologia

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Há poucos dias, o estrategista-chefe da Microsoft, Craig Mundie, declarou que os tablets devem ser somente uma febre passageira.
Previsões deste tipo no mercado de Tecnologia da Informação são sempre muito arriscadas, porque em TI tudo muda muito rápido. Basta considerar, por exemplo, que o iPhone não existia até a metade de 2007. Hoje, desde crianças até idosos desejam e usam o aparelho. Passaram-se menos de 4 anos do dia em que muitos analistas consideraram loucura uma empresa de computadores atuar no mercado de celulares.
O iPad foi lançado há pouco mais de um ano. Lembro claramente a quantidade de “nerds” criticando o novo aparelho, chamando-o de “iPhone de Itu” e criticando suas características técnicas inferiores às de um PC. Talvez o iPad não seja mesmo para nerds que buscam cada quinhão de desempenho de seus superprocessadores. Talvez o iPad seja para seres humanos comuns, que simplesmente querem um equipamento para ajudá-los em suas atividades. Sem se preocupar com tecnologia. Afinal, tecnologia boa é aquela que você nem percebe que está usando.
Neste cenário, a declaração de Craig Mundie acaba sendo infeliz independente de como a novela terminar. Vamos analisar as 2 hipóteses:

1. Tablets são só uma febre passageira

Isto é ruim para a Microsoft por 2 razões:

  • A Microsoft não demonstrou agilidade para tirar proveito dessa febre, pois se ela é passageira, a Apple já faturou tudo (ou quase tudo: 83%).
  • Para não ficar (muito) para trás, a Microsoft está trabalhando com alguns fabricantes (HP, Asus, Dell) para lançar soluções para faturar com a febre (Slates). Está também soltando informações sobre o Windows 8, dando a entender que ele suportará tablets. Porém, se é só uma febre, todo esse esforço será em vão e os usuários do Windows terão que pagar por um custo de desenvolvimento que será enterrado com o passar da febre.

2. Tablets não são uma febre passageira

Neste caso, a técnica de Mundie pode ter sido de “desqualificar a concorrência”, tentando jogar areia no discurso “tablet” e tentando frear o avanço da Apple (e Google), enquanto sua empresa não apresenta uma resposta à altura.
Isso é ruim para a Microsoft por outras 2 razões:

  • Quando a Microsoft tiver sua solução para tablets, será que Mundie aceitará voltar atrás, assumindo uma visão míope? Ficará no mínimo estranho dizer: “quando meu concorrente fez algo antes de mim, era febre passageira, agora que eu estou fazendo, é o futuro”. Não que isso seja um problema para a Microsoft (às vezes ela faz isso com seus próprios produtos), mas com certeza, bom não é.
  • O mercado já estará tomado quando a Microsoft mudar de visão. Empresas já estão comprando iPads e tablets com Android e aplicações já estão sendo desenvolvidas para estas plataformas. A Microsoft já conseguiu reverter cenários assim 10 anos atrás (Explorer x Netscape), mas será que ela ainda tem todo esse poder? O jogo não é exatamente o mesmo, porque estamos falando em “era pós-PC”.

Conclusão:

De novo: em TI, previsões para o futuro são muito arriscadas. E quanto maior é o “vidente”, maior o risco. Um detalhe e o jogo muda. Quem diria, 5 anos atrás, que a Nokia se encontraria na situação de hoje, declarada como “uma plataforma em chamas” pelo seu próprio presidente? Outra: enquanto todos esperavam um sistema operacional da Google e olhavam para o Google OS, poucos perceberam que o sistema não era esse, mas sim o Android!
Estas mudanças estão sendo muito rápidas, e as empresas que têm mostrado agilidade estão se mostrando vencedoras. Tão vencedoras, que estão até mudando as regras do jogo na Nasdaq, de tanto que as ações da Apple subiram. Porque Jobs não fez previsões. Ele deu vida às suas visões.

As Eras da Tecnologia da Informação

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Podemos dividir a linha do tempo da Tecnologia da Informação Digital levando em conta alguns parâmetros. Um deles é a centralização/descentralização do processamento da informação: no início, o processamento era centralizado no mainframes, depois foi distribuído com os PCs e servidores derivados da arquitetura PC, e hoje está sendo novamente centralizada na nuvem.
No entanto existe um parâmetro menos cíclico e que mostra bem melhor a evolução da TI: a interface.
A maneira que interagimos com os computadores mudou MUITO, a ponto das gerações nascidas em uma era terem dificuldade para entender as interfaces das eras anteriores.

1. A era TTY

Nos anos 60 e 70 a IBM revolucionou a maneira como a informação era manipulada através de suas “Business Machines“. Armazenamento em fita magnética, leitura de cartões perfurados… interfaces nada intuitivas, até que apareceu o Terminal 2260, precursor do famoso 3270, com uma interface muito mais humana: através de letras e números. Uma tela com 24 linhas de 80 caracteres e um teclado igual ao das máquinas de escrever tornou a interação com estas máquinas muito mais confortável. TTY está para “teletype“, e até hoje os terminais que utilizam esta interface são conhecidos por esta sigla.

2. A era WIMP

Em 1984, a Apple trouxe a segunda onda de inovação. A bem da verdade, quem concebeu os conceitos dessa nova era foi a Xerox, em seus laboratórios de pesquisa em Palo Alto, mas a Apple leva o mérito de ter trazido a novidade do mouse e dos gráficos em computadores pessoais para o mercado através do Macintosh.
A ideia foi seguida pela Microsoft, que dominou o mercado com seu sistema operacional de 20 anos, o popular Windows. Estes sistemas baseiam-se em interfaces do tipo WIMP: Windows (janelas), Ícones, Menus e Pointing Devices (mouse ou canetas/pads). A interação é dividida entre o físico e o virtual. O pessoal da geração X se acostumou a mexer em uma coisa (o mouse) e ver outra (um ponteiro na tela) se movimentar de forma equivalente. E isso passou a ser intuitivo.

3. A era MPG

Em 2007, de novo a Apple… só que agora apostando em outro mercado. Uma empresa de computadores decidiu vender telefones. Nem todo mundo acreditou logo de cara, mas a Apple está colhendo até hoje os frutos deste ousado movimento. E não dá indícios de perder a lavoura tão cedo!
O grande diferencial do iPhone era a interface do tipo MPG: Multitouch, Physics & Gestures. Multitouch porque você toca naquilo com o que quer interagir (o cérebro não precisa mais sincronizar o movimento da mão com o dos olhos), e este toque não está restrito a um único ponto. Isso permite a utilização de gestos muito mais intuitivos, e que se tornaram marca registrada no iPhone: o abrir e fechar dos dedos para ativar o “zoom” e o “folhear” da tela para selecionar as imagens e ícones disponíveis. Há também a parte física envolvida, que engloba GPS, acelerômetro e bússola, permitindo soluções impressionantes e incluindo conceitos de Realidade Aumentada. Pegue um Android e experimente o Google Street View apontando o aparelho para o local que você está explorando. É surreal!

Gerações e Eras

Peque qualquer aparelho que possua uma tela e deixe uma criança com 4 anos ou menos interagir com ele. Imediatamente, a criança tocará a tela. Eles nasceram neste ambiente. A @elismonteiro contou a história de seu filho, que não entendia a necessidade de utilizar um mouse. Da mesma forma que poucas pessoas com 20 anos digitam “firefox” para abir um browser (você já viu alguém fazer isso?). Elas vão direto no ícone da raposa envolvendo o mundo. Assim como quem tem menos de 40 não tem a menor ideia do que pode estar escrito em uma pilha de cartões perfurados.
O mundo está mudando e novas interfaces estão surgindo. Não me pergunte qual será a próxima. Para isso existem caras visionários: Stanley Kubrick, que em 1968 idealizou a interface do HAL-9000 (e que pode ditar a próxima era) e Nicholas Negroponte, que nos anos 90 já previu tudo que está acontecendo em termos de serviços na Internet.
Infelizmente, Kubrick nos deixou em 99, mas o Negroponte está na ativa. E o mundo continua procurando visionários para dar continuidade à evolução das interfaces!

Isolamento Digital x Inclusão Social no #SMWSP

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Nesta quarta (9/2), tive a honra de participar do Social Media Week (#smwsp), num painel com a presença de Luciana Annunziata (Dobra Learning) e Tiago Dória (iG).
O tema foi “Isolamento Digital x Inclusão Social“.
É um tema bastante abrangente, e numa reunião prévia com a @luziata logo percebemos que em 1 hora não conseguiríamos cobrir todos os aspectos.
Ela sugeriu focar numa esfera “micro“, analisando o lado mais individual, ao invés de aplicar uma visão “macro“, abrangendo questões como inclusão digital, Programa Nacional de Banda Larga, etc.
Pensamos também num modelo de “ponto e contraponto“, inspirados pelo título do painel. Surgiu a ideia de criar Manchetes sobre o tema e discuti-las no palco.
Cada um de nós traria uma manchete para discussão.
Levamos tudo isso pro Tiago, que logo aceitou o desafio. As Manchetes foram:

  • Venda de gatinho aproxima Alto de Pinheiros do Itaim Paulista (@luziata)
  • Pesquisadora do MIT diz em livro que estamos “juntos, porém solitários” (@lucianopalma)
  • Estamos matando os telefonemas? (@tdoria)

A história do gatinho está descrita aqui. A Luciana procurou mostrar o potencial da Internet e das Novas Mídias para estabelecer novas conexões (o que não significa, necessariamente, relacionamento). Conexões que simplesmente não aconteceriam antes das tecnologias discutidas. Pela diferença de classes sociais, pela distância geográfica, ou até pelo preconceito por aparências, talvez as duas pessoas envolvidas na história nunca tivessem se encontrado.
Já começamos com dualidades nesse ponto. O que permitiu o encontro entre duas pessoas de mundos distintos foi justamente a característica de “despersonificação” das ferramentas utilizadas. Por não ter informação sobre elementos que possam distanciar pessoas (às vezes por conta de preconceitos), mas com um interesse comum, a conexão se estabeleceu e o objetivo de ambos foi cumprido. Em outras palavras, “cobrir os rostos” para aproximar as pessoas. No mínimo curioso…
Uma vez introduzido o elemento de Inclusão Social, foi minha vez de trazer o outro lado, o Isolamento Digital à tona. Tomei por base o lançamento do livro Alone Together, (Sherry Turkle), no qual a autora menciona a “robotização” dos relacionamentos e a substituição de relacionamentos e experiências reais por alternativas virtuais.
Levei alguns números de uma pesquisa da Retrevo, que deu origem a um infográfico que circulou nos últimos dias. O pessoal ficou impressionado com o fato de 48% dos americanos acessarem o Facebook ao acordar, com 28% dos donos de iPhone fazendo isso antes mesmo de sair da cama. O burburinho aumentou quando mencionei os números mais picantes da pesquisa: 6% das pessoas com mais de 25 anos e 11% dos mais jovens interromperiam o sexo para checar uma mensagem no celular.
E aí veio um verdadeiro choque. Falei da Simone Back. Simone suicidou-se. Só que antes, ela anunciou, no Facebook, que o faria. Ela tinha mais de 1.000 “amigos” no Facebook. Alguns moravam perto dela. E nenhum agiu para impedir a tragédia.
Sim, é a velha discussão de laços fortes e fracos nas Redes Sociais. Só que dessa vez com uma vida em jogo. E quando uma participante citou o caso da Marisa Toma, com quem ela trabalhou, foi intrigante para mim. Marisa suicidou-se em agosto de 2009, mas eu tinha falado dela no dia anterior, com o @cadre4, na porta do auditório.
Mencionei outra experiência citada no Alone together, envolvendo um Gerbil (tipo de esquilo), uma Barbie e um Furby (um brinquedo eletrônico comum nos anos 90 nos EUA, programado para fazer alguns movimentos e reproduzir algumas frases). Consistia em pedir para as pessoas mantê-los de cabeça para baixo.
O pequeno esquilo logo começava a se debater. Sensibilidadas, as pessoas o desviravam imediatamente.
Já com a Barbie – totalmente inanimada – as pessoas tinham outra reação e eram capazes de mantê-la indefinidamente de cabeça para baixo.
O mesmo deveria acontecer com o Furby (tecnicamente, tão inanimado quanto a Barbie). Só que ao ser virado, o bichinho emitia uma voz infantil: “Estou com medo!“. E as pessoas o desviravam!
O objetivo da autora: mostrar a capacidade de se apegar a seres inanimados e alertar para o uso deste fenômeno para distrair seres humanos (crianças, idosos) com aparelhos eletrônicos. No fundo, nada muito diferente dos pais que deixam o filho por horas em frente à TV para se dedicar a outras coisas…
Onde eu queria chegar? Neste vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=PDa1Ek3LVlc.
Uma mensagem que chega a ser forte, mas que reflete uma realidade já tuitada: a tecnologia está aproximando os distantes e distanciando os próximos.
Sherry cita em seu livro que as crianças hoje competem pela atenção de seus pais… com os smartphones!
Um tempo atrás discuti isso com a @rizzomiranda: as pessoas andam olhando para baixo, para uma tela de 3″, ao invés de olhar para o olho das pessoas à sua volta.
No afã de estar conectado com o “amigo” no Canadá, perde-se a chance de abraçar o amigo que está a dois passos.
E falando em telefones, mencionei mais uma constatação do livro: as crianças estão evitando o telefone (da forma que o conhecemos, analógica) e passando a usar tecnologias com menos “contato direto”: mensagens de texto, tweets, emails. O contato está ficando mais digital do que real.
Foi quando o Tiago introduziu sua manchete. Estamos matando os telefonemas?
Seja por razões econômicas (no Brasil, pode ser mais barato enviar um SMS do que falar ao celular) ou comportamentais (responder quando for mais conveniente, ou preparar-se melhor antes de reagir), os jovens estão optando mais pelo SMS do que pela voz.
Tiago comentou que a propaganda precisa se ajustar aos meios de comunicação utilizados. Enquanto consideramos normal uma interrupção num filme para apresentar os comerciais, seria muito estranho ter sua conversa interrompida para ouvir uma mensagem publicitária.
A discussão levantou a questão do “intervalo de atenção”, recurso finito e cada vez mais escasso. A dificuldade em sincronizar estes intervalos na vida moderna pode ser um fator para as interações estarem acontecendo de forma mais assíncrona. A comunicação deixa de ser “Real Time” e respostas passam a ser “quando der“. Cômodo e prático, mas decerto menos natural.
Tiago levantou também a questão do cyberativismo e de sua eventual não conversão em ativismo real. Ele comentou que é muito simples (e fácil) dar um Like em uma página ou engajar virtualmente em uma causa, mas a transformação disso numa ação equivalente no mundo real nem sempre acontece.
Foi um grande orgulho participar de um evento como este.
Agradeço ao Lucas, ao Patrick e ao Bob (SixPix) pelo convite! E que venha a #SMWSP2012!!! 😉
Ah, os slides da minha “manchete” estão aqui: http://prezi.com/3evy5jcfdr4c/social-media-week-2011/

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